19 - Dura na queda

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🚨 AVISO DE GATILHO: Esse capítulo contém referência a suicídio e uso descontrolado de drogas. Se isso te deixa desconfortável, sugiro que não leia e pule só para o final (depois da divisória).

Naquele momento, sentada no sofá de Ethan com uma garrada de vodca na mão, Rosalie sabia que tinha fodido tudo. Ela tinha ido até ali com um objetivo em mente: dar o fora nele o mais gentilmente que podia. As coisas saíram do controle assim que ela entrou na sala e Ethan enfiou a língua em sua boca.

O beijo não tinha sido o verdadeiro problema, mas sim o que vinha com ele. Ela só percebeu o pequeno bônus quando ele se afastou, deixando o pedacinho de papel em sua boca. Não levou muito tempo para que ele terminasse de dissolver e Rosalie ter certeza de que não faria nada naquela noite. Ao menos não era tão ruim assim. Ainda era LSD de graça.

Não era a primeira vez dela, e só tinha recebido metade da carga total da droga, mas isso não ajudou em nada com os pensamentos que pulsavam em sua cabeça. Tinha passado todo o caminho até ali sem conseguir tirar Nikolai e Alexandra da cabeça. Aquele abraço, cheio de carinho e cumplicidade, era algo que ela nunca poderia ter com ele, mesmo que estivesse tentando.

Mais uma vez ela se viu presa naquele ciclo de tortura. Será que alguém daria falta se ela simplesmente desaparecesse? Ela realmente fazia alguma diferença? Rosalie tinha certeza de que não. Ninguém se importava o suficiente e nunca fariam. Até Osman, que gostava de posar de bom pai, não ligava de verdade.

Na verdade, provavelmente seria uma benção se ela sumisse.

O último gole de vodca desceu como se fosse água. A aquela altura nem sentia mais o gosto. Ela se deixou escorregar pelo sofá até estar deitada e a garrafa fosse para o chão. As luzes no teto dançavam, mas nem mesmo a beleza delas conseguia tirar sua cabeça daquela maldita imagem. Nikolai estava na casa dela naquele exato momento, provavelmente fazendo tudo o que não se permitia fazer com ela.

Essa era a parte que mais doía. A rejeição. Era parecida demais com aquilo que tinha sentido a vida inteira. O ciúme era idiota, ela sabia disso, mas ele continuava a empurrá-la na direção daquele abismo. Ninguém mais poderia machucá-la se ela estivesse morta. Essa era a única verdade a qual Rosalie podia se agarrar.

— O que aconteceu com você? — Poppy perguntou ao se sentar ao lado da cabeça dela.

Rosalie suspirou.

— Acho que estou me apaixonando por alguém que não me quer.

Poppy virou sua bebida.

— Já passei por isso. É uma merda, mas não tem muito o que fazer.

— Não quero ficar triste por isso. É ridículo.

— Realmente, é patético — ela suspirou. — Ah, já sei. Abra a boca.

Rosalie obedeceu, se sentando e expondo a língua para ela. Poppy tirou um comprimido de dentro da bolsa e o colocou gentilmente na boca dela. Um sorriso satisfeito surgiu em seu rosto enquanto Rosalie tomava o remédio misterioso com uma dose de uísque.

— O que é isso? — ela perguntou, só depois que já tinha engolido.

— Antidepressivo, eu acho. Tomo isso quando estou triste. Funciona — deu de ombros.

Ethan apareceu na porta com aquele estilo sensualmente desarrumado. Alguns olhares o seguiram enquanto ele se jogava ao lado de Rosalie, tomando o único espaço vazio no sofá. Ele arrastou a mesinha de centro para mais perto deles e empurrou um conjunto abandonado de copos para longe.

— Hora da verdadeira diversão — anunciou ao tirar o saquinho do bolso.

— Não acho que você deva fazer isso — Poppy disse a Rosalie quando as duas chegaram mais perto. — Já tem coisa o bastante dentro de você agora.

O doce sabor do pecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora