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O Attor manteve a mão gelada em meu braço conforme me arrastava até a sala do trono. Ele não se incomodou em retirar minhas armas. Ambos sabíamos que eram pouco úteis.
Tamlin. Alis e os meninos. Minhas irmãs. Lucien. Cantarolei silenciosamente seus nomes, diversas vezes, à proporção que o Attor se erguia acima de mim, um demônio de malícia. As asas encouraçadas farfalhavam de vez em quando — e, se eu conseguisse falar sem gritar, poderia ter perguntando por que não me matara imediatamente. O Attor apenas me puxou adiante, com aquele andar serpenteante, as garras dos pés arranhando prazerosamente o chão da caverna. Era perturbadoramente parecido com o modo como eu o havia pintado.
Rostos maliciosos — cruéis e ríspidos — me observavam passar, nenhum deles parecendo remotamente preocupado ou incomodado por eu estar nas garras do Attor. Feéricos — muitos deles —, mas poucos Grão-Feéricos à vista.
Passamos por duas enormes e antigas portas de pedra — mais altas que a mansão de Tamlin — e entramos em uma ampla câmara, entalhada em pedra pálida, escorada por inúmeras pilastras entalhadas. Aquela pequena parte de mim que mais uma vez se tornara trivial e inútil reparou que os entalhes não eram apenas desenhos decorativos, mas, na verdade, exibiam feéricos e Grão- Feéricos e animais em diferentes cenários e em várias posições. Inúmeras histórias de Prythian estavam gravadas nelas. Candelabros de joias pendiam

entre as pilastras, manchando de cor o piso de mármore vermelho. Ali... ali estavam os Grão-Feéricos.
Uma multidão reunida ocupava a maior parte do espaço, alguns deles dançavam ao som de uma música estranha, desafinada, e alguns se ocupavam conversando — era um tipo de festa. Achei ter visto máscaras reluzentes entre os presentes, mas tudo era um borrão de dentes afiados e roupas finas. O Attor me empurrou para a frente, e o mundo girou.
O frio piso de mármore pareceu implacável quando me choquei contra ele, e meus ossos gemeram e gritaram. Dei um impulso para me levantar; faíscas dançavam em minha visão quando ergui a cabeça. Mas fiquei no chão, me mantive abaixada quando olhei para a plataforma diante de mim. Alguns passos levavam até ela. Ergui mais a cabeça.
Ali, aconchegada em um trono preto, estava Amarantha.
Embora bonita, não era tão avassaladoramente linda como eu a havia imaginado; não era uma deusa de escuridão e rancor, o que a deixava ainda mais aterrorizante. Os cabelos ruivo-dourados entrelaçavam-se, perfeitamente trançados, na coroa dourada, a cor intensa destacava a pele branca como neve de Amarantha, a qual, por sua vez, destacava os lábios de rubi. Mas, embora os olhos de ébano brilhassem, havia... algo que consumia sua beleza, algum tipo de desprezo constante nas feições que fazia com que os atrativos de Amarantha parecessem contidos e frios. Pintá-la teria me levado à loucura.
A mais alta comandante do rei de Hybern. Amarantha massacrara exércitos humanos séculos antes, assassinara os próprios escravos em vez de libertá-los. E capturara Pry thian inteira em questão de dias.
Então, olhei para o trono de pedra negra ao lado dela, e meus braços falharam sob o corpo.
Ele ainda usava a máscara dourada, vestia as roupas de guerreiro, aquele boldrié; embora ali não houvesse facas embainhadas... sequer uma arma, em qualquer parte dele. Os olhos não se arregalaram; a boca não se contraiu. Nenhuma garra, nenhuma presa. Ele apenas me encarou, inexpressivo — insensível. Imperturbado.
— O que é isto? — perguntou Amarantha, o tom de voz aumentando, apesar do sorriso de víbora que me lançou. Do pescoço esbelto e creme de Amarantha pendia uma longa corrente fina, e da corrente oscilava um único osso envelhecido, do tamanho de um dedo. Não queria pensar a quem pertenceria enquanto permaneci no chão. Se mexesse o braço, poderia sacar a adaga...
— Apenas uma coisa humana que encontrei lá embaixo — sibilou o Attor, e uma língua bifurcada disparou entre os dentes afiados como lâminas. O Attor bateu as asas uma vez, disparando ar fétido contra mim, e então, comportadamente, fechou as asas atrás do corpo esquelético.
— Obviamente — ronronou Amarantha. Evitei encará-la, e me concentrei nas botas marrons de Tamlin. Ele estava a 3 metros de mim, 3 metros, e não dizia

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