Então, é o primeiro dia de aula. O primeiro dia é sempre o meu preferido porque é o único dia do ano no qual a escola é uma novidade. Há aquele clima de recomeço, de verão, de expectativa; isso tudo me deixa ansiosa.
Nesse ano, eu tenho um ingrediente adicional na minha empolgação: Estou otimista.
Aproveitei os últimos dias das férias para fazer uma limpeza astral na minha vida e coloquei tudo que era doce demais(no sentido de romance) numa caixa e a enfiei no quarto da bagunça da minha mãe. Agora, meu quarto está combinando com o meu estado de espírito.
Estou limpa.
Esse ano vai ser diferente. Um ano sem viagens no ônibus cobertos por canções de amor e pensamentos ora melancólicos(mal me quer, bem-me-quer), ora agridoces.
Eu sou outra garota. Estou curada.
Acordo bem cedo para arrumar o meu cabelo. A princípio, penso em fazer um penteado diferente, algo como princesa Léia, ou alguma coisa que eu não esteja habituada a usar, mas acabo optando pelo velho e bom solto na parte de baixo e rabo de cavalo na parte de cima. Agora, já são quase sete da manhã e o Artur está pronto, mas eu ainda estou aqui, no meu quarto, enrolando o meu cabelo, cacho por cacho.
— Lily!—O Artur bate na minha porta quando passa pelo corredor.— Você não vai atrasar a gente para continuar feia!
Eu começo a agilizar o meu trabalho com o cabelo.
— Já tô indo, Artur!
Nesse momento, escuto Alex estacionando o carro diante a minha casa, buzinando feito doido.
— Alex, você vai acordar os vizinhos!- A minha mãe grita da janela dela.
— Desculpa, tia Vivian! — Ele devolve.
Eu termino de enrolar o último cacho, pego a minha mochila e corro lá para baixo. Apesar ainda ser de manhãzinha, o clima já é quente e a sensação do sol matinal na minha pele é parecida com a sensação de tomar um copo de chocolate quente. Aquece tudo. O Artur já está sentado no carro, sentado no banco da frente e se vira para trás, quando eu me sento.
— O que foi que eu disse? Continua feia. — Ele comenta com o Alex.
Eu coloco a minha cabeça entre o banco deles. O Alex colocou tanto perfume nesta manhã que, por um segundo, fico tonta.
— Eu posso escolher a música?
Artur faz uma cara feia.
— Não, ninguém quer escutar aqueles suas músicas melosas.
O Alex sorri para mim pelo retrovisor.
— Vai em frente, garota.
O Artur revira os olhos.
— Você só pode tá de brincadeira...
— Respeita a decisão do dono do carro.— Eu digo, esticando o braço para trocar a estação do rádio.
O Artur coloca os braços embaixo da cabeça, relaxando a coluna.
— Cara, se você deixar a senhorita estou de coração partido escolher a música, você vai se arrepender.
Meu queixo cai. O Artur realmente disse isso? O Alex pisa no acelerador do carro e olha para o Artur.
— Ela tá de coração partido?
Eu tenho a obrigação moral de dizer:
— Eu não estou de coração partido.
O Artur tira os fones ouvidos da mochila.
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Devolva o meu coração
TeenfikceEmily Louise é de peixes. Ok, muitas pessoas são de peixes. Não é esse exatamente o problema. O problema são os romances sáficos que ela não para de ler. Ou será que são as músicas de amor que ela não para de ouvir? Seja qual foi o problema, Emily p...