ARCO 05: O que os olhos se recusam a ver | Capítulo 4

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OIÊ! Chegando cedo, hein? Divirtam-se ou surtem!

p.s: a música é pro flashback, vocês vão entender quando chegarem lá hehe

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POV SHIKADAI

- Te perdoar? - questiona com um olhar psicótico, ignorando o pedido de Sarada, eu consigo sentir a dor só de olhar nos seus olhos - você acha que eu sou capaz de te perdoar? Eu confiei em você, acreditei tanto na nossa amizade que duvidei de mim mesmo - seu rosto se transfigura em uma expressão rancorosa, me dói vê-lo desse jeito, engulo em seco sem conseguir esboçar qualquer reação que não pareça hipócrita, meu rosto ainda queima por seus socos, minhas costelas, abdômen e peito doem quando respiro - você podia transar com qualquer uma, Shikadai - olho dele para Sarada e a vejo desviar o olhar - QUALQUER UMA - repete mais alto com ar de desespero, me fazendo voltar a encará-lo, "ele acha que fiz de propósito?"

- Acha que eu simplesmente decidi que transaria com ela? Que fiz de propósito só pra te afetar? O mundo não gira em função de você, Boruto - falo ainda sufocando, ele afrouxa a mão da minha garganta e antes que eu pudesse puxar o ar livremente, outro soco veio - argh... - gemo sentindo o gosto de sangue na boca.

- Se foi de propósito ou não foi, não me importa, não muda a sua traição - fala entredentes e volta a apertar meu pescoço, o fito confuso - POR QUE, CRETINO?

- Eu me aproximei dela por sua causa, para cuidar dela como você pediu - ele apenas me encara com os olhos pegando fogo, sinto que posso levar mais socos a qualquer momento, mas vou tentar me explicar, mesmo que não faça diferença - mas as coisas ficaram complicadas, eu juro que tentei evitar, tentei com todas as forças - puxo o ar com força - mas eu me apaixonei - solto o ar pesadamente, ele estreita os olhos para mim, vejo pelo canto do olho o rosto de Sarada assumir uma expressão surpresa pela revelação, ela estava ocupada demais evitando o mundo para perceber, vejo Chouchou balançar a cabeça em negação atrás do Boruto, como se duvidasse da minha sanidade por estar brincando com minha vida assim, ela sabia, me fez entender isso há muito tempo, mas desde então tenho certeza que tinha sérias dúvidas quanto à minha capacidade de lidar com isso - eu nunca achei que admitiria isso em voz alta - suspiro, fechando os olhos - eu neguei para mim mesmo esse sentimento por consideração a você, pela nossa amizade, achei que conseguiria... - tento repor o fôlego para continuar - até o dia em que ela bateu à minha porta como se eu fosse sua tábua de salvação, de repente ela estava ali, tão perto, tão frágil... tão gentil... ela disse que eu era a pessoa dela - ele engole em seco e vira o rosto para encará-la - eu não consegui me controlar... eu sei que ela não estava bem... me culpei por isso e por você também, mas eu não consegui voltar atrás - olho para ela, que desvia o olhar para o chão, corada.

- Se estava tão apaixonado como diz... Por que abriu mão dela? Por que não a assumiu? - questiona com escárnio, um sorriso macabro que escondia a dor sem humor algum.

- A verdade é que eu sempre soube que ela não sentia o mesmo por mim, eu me limitei a fazer tudo que estivesse ao meu alcance para fazê-la feliz no tempo que estávamos juntos, um dia de cada vez, me apegando pouco a pouco a algo que nunca me pertenceria, sempre lembrando a mim mesmo que eu não tinha direito àquilo - sorrio melancólico, "como o bom masoquista que me tornei depois de tê-la a primeira vez", penso - mas então ela engravidou e eu nunca achei que pudesse ficar mais feliz, eu fui o filho da mãe mais feliz do mundo durante aquela semana - sinto as lágrimas emergirem em meus olhos - e então ela perdeu o bebê - respiro fundo e solto o ar devagar pelas narinas - aquilo doeu tanto que quase perdi a cabeça, então eu percebi o quanto aquilo era nocivo, para nós três, eu estava fodido de um jeito que não tinha mais volta, ela não estava melhor e você não ficaria melhor ao descobrir - encaro seus olhos imparciais, vejo as lágrimas no rosto de Chouchou atrás dele e não me atrevo a olhar para a Sarada, envergonhado de estar me abrindo daquela maneira diante dela - eu estava fingindo para mim mesmo que não amava a mulher que amava para poder tê-la comigo enquanto traía o meu melhor amigo, para no fim não ter nada - meus olhos se perdem nos seus, sorrio desgostoso, sinto uma lágrima escorrer de meu rosto - poderia dizer que foi por você que me afastei, mas na verdade, foi por mim, porque todo mundo precisa ter um pouco de amor próprio e esse foi um ato de amor pelo pouco de mim que restou - falo triste - mas a causa de não assumir nada disso, foi por amor à você, mesmo que agora não acredite nisso, eu o amo, Boruto, nós dois o amamos e nenhum de nós queria te magoar - falo mais determinado.

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