𝐁𝐋𝐎𝐎𝐃 𝐈𝐍 𝐇𝐄𝐋𝐋 - 𝐒𝐭𝐫𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫 𝐓𝐡𝐢𝐧𝐠𝐬

𝟎𝟎𝟒. 𝐁𝐎𝐍𝐈𝐓𝐀

Um tempo se passou e a floresta se fez presente no ambiente onde o grupo se encontrava, o barulho de folhas consumia o ar silencioso. Florestas estavam tão comuns agora.

 A mais velha estava atrás com os dois garotos enquanto Eleven e Mike andavam na frente, ela ficou atenta ao que a pequena começou a falar:

— Por que eles te machucaram?

— O quê? — Ela apontou para o machucado no queixo do garoto. — Ah, aquilo. Eu caí no recreio. — Inventou uma desculpa qualquer, envergonhado do verdadeiro acontecimento.

— Mike.

— Sim?

— Amigos dizem a verdade. - Depois de um certo momento, ele contou o que realmente aconteceu.

— Um aparvalhado, o Troy, me fez tropeçar, está bem?

— Aparvalhado?

— É, sabe. Um idiota. Um abestalhado. — Lizze franziu o cenho. — Não sei por que não te contei. Todo mundo na escola sabe. Eu não queria que pensasse que eu era tão boboca.

— Mike.

— Sim?

— Eu entendo.

— Oh. Beleza.

— Ei. - Se virou para os meninos, em um sussurro. — Esse menino, Troy, ele mexe com vocês também?

— Sim... ele é um idiota com todo mundo, praticamente.

— Ah, ok... talvez um dia vocês devessem me apresentar a ele, adoraria ter uma agradável conversa com esse carinha. — A dupla a encarou.

—Legal. — Respondeu Dustin com admiração.

𝐐𝐔𝐄𝐁𝐑𝐀 𝐃𝐄 𝐓𝐄𝐌𝐏𝐎❜

A lua já havia tomado o céu para ela e todos estavam cansados, as bicicletas eram tão inúteis ali quanto na floresta, então o caminho continuou sendo feito a pé. Depois de todo aquele tempo, Eleven parou. Eles finalmente chegaram ao lugar. Era um terreno com apenas uma casa, nada mais na redondeza além da mesma e uma casinha aos fundos. O chão estava cheio de folhas e o lugar tinha um certo ar sombrio. Um ar de morte, a 009 pressentiu.

— Aqui. — A menina disse se virando. Lizze começou a observar a casa, ela já a vira antes, em seus sonhos libertos e esquisitos. 

— É, aqui é onde Will mora.

— Escondido. — A palavra saltou de seus lábios e fez um despertar na cabeça da mais velha. 

Escondido.

Apavorado.

Will estava ali, só não estava exatamente naquele lugar. Ele estava naquela casa, mas na casa de outra dimensão. Na dimensão onde tudo era frio e morto, o lugar onde ninguém nunca gostaria de pisar. O lugar onde as almas nunca saíam.

— Não, não. Aqui é onde ele mora. Ele sumiu daqui. Entende? — A mais velha manteve sua boca fechada, sua conclusão sobre aquilo só pioraria tudo. 

A conclusão seria a verdade. Mas a verdade não quer ser ouvida. A verdade precisa ser escondida, pois ela mata. E o que mata não pode ser verdadeira para crianças.

— Por que estamos aqui? — Lucas perguntou jogando sua bicicleta no chão, farto da situação.

— Ela disse que ele está escondido.

— Ah... não. — Disse em tom óbvio.

— Eu juro, se andamos até aqui para nada...

— É exatamente o que fizemos. Eu disse que ela não sabia do que estava falando! — Mike se virou para a menina.