𝐁𝐋𝐎𝐎𝐃 𝐈𝐍 𝐇𝐄𝐋𝐋 || sangue no inferno
1. Cinco segundos é o tempo necessário para mudar totalmente o seu rumo.
2. Cinco segundos foi o tempo necessário para a garota russa sair de um inferno para um outro ainda pior.
3. E em cinco segundos...
— Ei, Nancy! — Karen saiu de sua casa, carregando uma caixa de bonecos para a doação. — Achei mais coisas antigas no sótão.
Lizze parou de prestar atenção na conversa que se seguiu entre a mulher e sua filha, já que colocava mais uma caixa de alimentos no porta-malas de Steve. Seus pulsos enfaixados não colaboravam, mas não havia ninguém que vencia a teimosia da garota, que insistia em ajudar.
— Alguém pediu pizza? — A mais velha questionou, fazendo a garota se virar e ver o carro que menos imaginava ver naquele momento.
— Pizza?
Seus olhos encheram-se de lágrimas quando viu a van de Argyle chegando na rua, desgovernadamente e tocando a buzina.
E então, todos saíram, um por um, do carro.
Lizze e Eleven se encararam, sorrindo uma para a outra e começando a correr em direção.
— Eu fiquei tão preocupada. — A mulher disse com a voz falha. — Tão preocupada, El!
— Eu estou aqui agora. — Elas se abraçaram fortemente.
— Você está bem?
— Tão bem quanto poderia estar. — Ela sorriu e olhou para as faixas nas mãos e pescoço da outra. — O que aconteceu?
— Bem... às vezes somos nossas próprias ruínas. — Segurou-a pelo rosto. — Seu cabelo...
— Papa... eu lidei com ele, eu finalmente lidei com ele. E agora você não precisa lidar. — Ela disse, com os olhos molhados.
— Eu te amo tanto, Eleven. — Abraçou-a novamente.
— Eu também te amo, Lizze. — Dustin pigarreou com a garganta, fazendo com que elas o olhassem.
— Também quero vê-la, sabia?
— Toda sua, Dusty-bun. — Lizze deu espaço para o cacheado abraçá-la, e ela puxou Will para junto deles.
— Cadê o Lucas? — O Byers perguntou.
— Está no hospital.
— Ele se machucou?
— Não, ele... ai, deus. Vocês não sabem. — Os dois se encararam, voltando a olhar para a outra dupla.
— Max sofreu uma morte cerebral. Ela está viva, por conta dos aparelhos, mas... cega e com praticamente todos os ossos quebrados.
— Ah, meu deus.
— Seria bom se vocês fossem ver ela... os médicos dizem que ela sente.
— Você vem junto?
— Não, já tive minha cota de hospitais nos últimos dias. — Elas sorriram uma para a outra. — Nos vemos em casa. Em nossa verdadeira casa.
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Steve fechou o porta mala de seu carro e logo ajudou a garota com as caixas que ela levava. Ela logo avistou o grande nome 'HAWKINS HIGH SCHOOL' no topo da construção. O estacionamento estava lotado por pessoas com a mesma intenção que a deles.
Eles adentraram no ginásio, vendo-o ainda mais lotado. Havia um quadro de desaparecidos, e bem no meio deles, Lizze o notou.
O cartaz de Edward Munson cheio de rabiscos em caneta vermelha.
Ela desviou o olhar, não querendo chorar pela quarta vez por aquilo, e logo avistou a mesa de doações.
— Oi. — Robin cumprimentou a mulher que estava ali.
— Oi.
— Aqui temos cobertores e lençóis. — Apontou para sua caixa. — Algumas roupas, brinquedos infantis e comidas.
— Nossa, como está organizadinho! Nós agradecemos. Querem a nota fiscal?
— Acho que não precisamos, mas obrigada. Mas... podemos fazer algo mais pra ajudar? — A mulher olhou em volta e depois sorriu.
— Na verdade... tem sim. Vocês dois, — Apontou para Lizze e Steve. — esperem um pouco. Rita! — Chamou por outra trabalhadora. — Eles querem ajudar.
— Ótimo! Sigam-me.
"Rita", como havia sido chamada antes, levou a dupla até outra bancada, onde várias roupas estavam jogadas em cima.
— Ok, primeiro separamos por idade. Roupas infantis, para meninas, meninos, homens, mulheres. Ah, e se tiver em péssimas condições, nós descartamos.
— Entendido.
— Volto logo com crachás para vocês. — Ela começou a ir embora, mas voltou rapidamente. — Seus nomes, por favor?
— Lizze e Steve.
— Certo, muito obrigada. — A mulher foi embora, e os dois logo começaram a dobrar e separar as roupas de acordo com as instruções. Após alguns segundos, Lizze foi cutucada pelo rapaz, que apontou para frente.
Ela seguiu o olhar dele, vendo Robin conversando enquanto sorria para uma garota desconhecida.
— Quem é? — Perguntou sorrindo.
— Vickie.
— Pera... "A" Vickie?
— Isso mesmo. — Lizze as encarou, sorrindo orgulhosamente da amiga.
Percebendo um olhar em si, ela se virou, vendo o Harrington encarando-a indiscretamente.
— O que foi?
— Você... seu sorriso. — Ao perceber o que falou, balançou a cabeça e começou a gaguejar. — F-foi mal, não foi isso que eu quis dizer... claro, seu sorriso é lindo, mas... desculpa.
— Steve.
— Hum?
— Obrigada. — Ele sorriu. O sorriso logo desapareceu. — O que foi?
— Lizze... olhe. — Apontando para a janela, ela se virou e viu.
As partículas de "poeira" presentes no Mundo Invertido estavam ali, caindo de um céu que antes era ensolarado, e agora estava nublado.
— Merda. — Eles foram até a enorme janela, sendo seguido por quase todas as pessoas no lugar – as outras saíram para fora, tentando entender o que era aquilo.
Sua visão escureceu por alguns segundos, e tudo o que ela viu foram nuvens pretas carregando raios vermelhos se aproximando para destruir Hawkins e todas as pessoas dali.