8 meses se passaram. Julho de 1985 finalmente chegou, junto também com a animação que os norte-americanos sentiam nesse mês, já que logo o feriado de 4 de julho chegaria. Lizze agora já tinha seus 19 anos e poderia ser considerada uma nova pessoa. As fundas olheiras haviam desaparecido e sua pele pálida tinha uma cor de vida, a cara fechada fora trocada por um rosto luminoso que encantava qualquer um.
Ela e Steve decidiram - por pedido da jovem - que continuassem apenas como amigos, já que a mesma queria descobrir a si mesma antes de estar com alguém, e então, voltaram a ser apenas bons amigos que no fundo ainda nutriam sentimentos um pelo outro. Mas nada disso impediu que a morena praticamente vivesse no trabalho do rapaz. No momento, ele trabalhava no Scoops Ahoy, uma sorveteria com tema de marinheiro. Lá, ela conheceu Robin Buckley, uma garota de cabelos curtos e loiros e com olhos azuis, sardas pelo rosto e humor sarcástico, com quase a mesma altura que a outra, sendo apenas alguns centímetros mais alta.
Naquela hora, já era de noite. Lizze estava deitada em sua cama lendo "O Cemitério" de Stephen King. Seu quarto agora estava totalmente decorado, sua cama ficava no canto, ao lado de uma mesinha cabeceira com um abajur e com um telefone, no canto, uma estante de livros era composta pelos próprios e também por algumas decorações que ganhara. Suas roupas ficavam em uma cômoda, em cima estavam alguns porta-retratos junto de um despertador e um rádio. Na parede, pôsteres de bandas como Queen e AC/DC a enfeitavam, junto com pôsteres de filmes como Clube dos Cinco e Karate Kid. Um grande espelho havia sido posto no outro canto, ao lado de outra mesinha com uma TV e perto de uma escrivaninha com papéis, lápis, livros, fitas e seu walkie-talkie jogados em cima.
A atenção da garota foi tirada das páginas do terror quando Mike Wheeler abriu e parou diante de sua porta.
— O quê?
— Pode me levar até o shopping?
— Você já tem 14 anos, pode ir sozinho. Aliás, você veio de bicicleta.
— Mas está escuro. — Ela jogou o livro ao seu lado e o encarou.
— Vai mesmo me fazer levantar e te levar lá?
— Vamos lá, Lizze... pode aproveitar e ver seus amigos.
— Não, Mike.
— Por favor!
— O que eu ganho com isso?
— A felicidade de fazer uma boa ação?
— Sai fora, Wheeler.
— Deus, você é tão chata. — Bufou irritado e fechou a porta.
— Eu ouvi isso! — Riu levemente e se levantou, pegando uma das fitas em sua mesa e colocando no rádio, apertou os botões necessários e a melodia agitada de Girls Just Wanna Have Fun começou a tocar.
Ouviu a porta da frente abrir e fechar, soube então que o garoto havia finalmente ido embora, depois de passar o dia todo ali. Pegou então metade de um sanduíche largado na cama algumas horas mais cedo e começou a mastigá-lo novamente. Andou até sua televisão e apertou o botão de ligar, vendo que passava algum filme sobre guerra, sentou-se no chão e começou a assisti-lo sem prestar a atenção em nada. Só prestou atenção no ambiente a sua volta quando a luz se apagou de repente, resmungou irritada e terminou o último pedaço, levantando-se e fazendo uma chama com sua mão.
— Eleven? — Perguntou saindo do quarto. — Hop?
— Estamos aqui. O que aconteceu?
— Eu não sei. — Aumentou o fogo e assim pôde ver os outros dois na sala. — Será que vai demorar para voltar?
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𝐁𝐋𝐎𝐎𝐃 𝐈𝐍 𝐇𝐄𝐋𝐋 - 𝐒𝐭𝐫𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫 𝐓𝐡𝐢𝐧𝐠𝐬
Fanfiction𝐁𝐋𝐎𝐎𝐃 𝐈𝐍 𝐇𝐄𝐋𝐋 || sangue no inferno 1. Cinco segundos é o tempo necessário para mudar totalmente o seu rumo. 2. Cinco segundos foi o tempo necessário para a garota russa sair de um inferno para um outro ainda pior. 3. E em cinco segundos...
