Capítulo 5

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A verdade pode até doer, sangrar, machucar; mas a mentira nunca deve ser uma opção, pois ela destrói, ela mata.

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Não foi difícil notar as três reações totalmente diferentes entre si.

Alex, com um ar zombeteiro encarava mais o amigo que a recém chegada. Sabia que não era certo, mas ver que Estêvão estava em maus lençóis fazia-o sentir como se ainda estivesse no colegial.

Estêvão tentava se mostrar mais calmo do que realmente estava. Conhecia Carolina há anos, tinha muita estima por ela, e certamente aquela conversa não seria a melhor que já tiveram, mas ainda assim, talvez fosse a mais importante.

E Carol, bem, ela fitava os dois sem imaginar o que a esperava. Tinha um ar leve, afinal, o que poderia acontecer de tão sério no meio da semana? Para ela, grandes momentos só acorriam mesmo no fim de semana, então não havia muito com o que se alarmar, certamente tudo não passaria de uma brincadeira boba entre os dois que esqueceram de crescer.

— Acho mesmo que temos que conversar – ela foi a primeira a falar, depois que um silêncio constrangedor se instalou. – Você precisa chamar a diarista urgentemente – disse olhando em volta, entre risos. – Parece que tem um mês que ela não vem aqui, olha essa bagunça.

— Irmão, você está ferrado – Alex se levantou e tocou o ombro do amigo com escárnio. – Bom, queria muito participar da conversa, porque tenho certeza que vai ser interessante, mas acho que vocês querem privacidade. Tchau, Carol – ele foi até a ela e a beijou na bochecha – tchau, amigo – acenou para ele e se foi.

O clima que ficou após a saída de Alex foi bem estranho. Carol e Estêvão continuaram de pé, se encarando, mas calados.

Durante toda a tarde passara aquela conversa em sua cabeça, e agora não conseguia ao menos dizer para ela se sentar.

Carolina Justim era uma mulher feita, independente, dona de si, não dava voltas quando podia ir direto ao assunto, mas ainda era uma mulher. Não se importava com o fato de ela ter seus quarenta e oito anos, se tivesse vinte daria o mesmo valor, afinal, os sentimentos não se perdiam com o passar dos anos.

Haviam muitos sentimentos em questão quando se tratava deles, talvez não o amor, mas ainda assim, haviam muitos. Acima de tudo, Estêvão a respeitava. Foi ela que apresentou o mundo e todas as suas formas a ele, foi ela que esteve ao seu lado quando suas inseguranças surgiram, então não era a coisa mais simples abrir a boca e dizer que não podiam mais continuar juntos, que existia um outro alguém. Ele não queria e nem podia machucá-la.

— Estêvão? – chamou sua atenção, tocando sua mão. Ele não percebeu, mas devia ter passado tempo demais perdido em seus pensamentos. – Você está começando a me preocupar.

— Por favor, Carol, – disse passando a mão no rosto, e saindo da inércia em que se encontrava – sente-se, se achar algum espaço no meio dessa bagunça – riu, tentando espantar o nervosismo.

— Sobre o que quer falar? – ela jogou para o lado algumas roupas que estavam espalhadas no sofá, as quais Alex não havia se incomodado em sentar por cima. – O que está te incomodando?

A voz doce que ela tinha tornava as coisas ainda mais difíceis. Não seria mais fácil se ela desse um pontapé na sua bunda e acabasse com tudo?

Estêvão arrastou até ela uma poltrona rosa, de princesas, que suas sobrinhas haviam deixado em seu apartamento há algum tempo, e à sua frente, se acomodou. Claro que o assento era pequeno demais para um homem do seu tamanho, e claro que ele se sentiu um completo ridículo, mas tarde demais, ele não pretendia voltar atrás. Carol soltou um risinho discreto quando o viu naquela posição.

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