Capítulo 9

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“O amor é veneno. Um doce veneno, sim, mas mata do mesmo jeito.”

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Estêvão, que sempre sorria com os olhos, que era a simpatia em pessoa, se transformou quando ouviu a pergunta de Carol, que soava mais como uma afirmação, ou talvez até como um julgamento.

Num instante seu olhar encantador e sorriso exultante se fizeram frios. Não conseguia mais se mexer, nem mesmo respirar que era algo tão natural, ele podia fazer. Mas, céus, por que ele tivera aquela reação com tão poucas palavras? Não estava cometendo um crime, e também não ia contra a moral. Maria ainda era casada, mas já tinha dito a todos os ventos que seu divórcio era certo, e quanto a ele, já tinha terminado seu relacionamento com Carol, justamente para não haver aquele tipo de cobrança, então, por quê?

― O que você está dizendo, Carol? – ele sorriu, porém não no modo Estêvão, mas de um jeito nervoso, como se quisesse correr para o mais longe dali.

― Não fui muito clara? – perguntou com ironia. – Vai querer mesmo que eu repita?

― De onde você tirou essa ideia mais louca?

Carolina deu uma risada, indignada por ele tentar fazê-la de boba.

― Para seu azar, Maria e eu somos amigas.

Ela sorriu de novo, dessa vez por ver a tensão que se instalara com mais força em sua face.

― Vai continuar negando, Estêvão? Não foi por causa de Maria que você acabou com tudo o que havia entre nós?

Carol mal tinha acabado de falar quando Estêvão a tomou pelo braço de forma nenhum pouco gentil, e a arrastou para um canto menos movimentado da portaria. Sua atitude a deixou perplexa, já que ele não fazia o tipo que arrastava mulheres pelo braço, ainda mais com testemunhas.

― Qual o seu problema? – ela foi dizendo ao soltar seu braço da mão dele. – Não sabia que esse assunto pudesse te deixar tão alterado.

― Carol, eu estou no trabalho, será que podemos conversar depois? – pediu ele com calma, uma calma que não combinava com o Estêvão de alguns segundos.

― Você me arrastou como se eu fosse uma delinquente para pedir que eu vá embora? – Riu, balançando a cabeça numa negativa. – Eu vou sim, quando ouvir da sua boca que Maria é a mulher que nos separou.

― Eu não quero falar desse assunto com você – ele desviou seu olhar do dela.

Mas Carol era insistente e foi até ele, trouxe seu rosto de volta, obrigando-o a olhá-la.

― Te conheço o suficiente para saber que sua atitude significa que sim – dessa vez sua voz saiu branda, e não como uma acusação.

― É isso que você precisa para ir embora? – indagou ele, se afastando de forma ríspida, mas sem parar de olhar para ela. – Sim, Carol, Maria é a mulher por quem estou apaixonado, satisfeita?

Carol riu uma vez mais, mas sua risada soava como se ela não acreditasse no que ouvia.

― Tinha que ser justamente ela? – perguntou mortificada.

― Não quero falar disso com você, será que ainda não entendeu?

― Não acredito que você está apaixonado pela herdeira de tudo isso aqui – ela correu os olhos por toda a área que eles alcançavam, e via-se o quão deslumbrada estava pelo que contemplava. – Você acha mesmo que vocês dois poderão ter alguma coisa? – fitou-o com amargura.

― Carol...

― O ex marido dela é um milionário, – ela continuou mesmo sabendo que ele queria estrangulá-la naquele momento – assim como toda a família, e ela vai olhar justo para você? – perguntou com desdém. – Ok, você não é nenhum pobretão ferrado, mas ainda assim, conhecendo-a um pouco, sei que ela vai preferir alguém menos... – o olhou de cima a baixo, com um falso nojo – você.

Sintomas de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora