Capítulo 15

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“A distância faz ao amor aquilo que o vento faz ao fogo: apaga o pequeno, inflama o grande.

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“Então é melhor se afastar dele.”

Um baque, um choque, isso o que sentira. Apesar da resposta ser óbvia, não esperava que Carol dissesse aquela frase de forma tão normal. Mas ela estava certa, claro que estava. Há tempos Maria sabia que deveria se afastar de Estêvão, mas ainda assim, aquelas palavras chegaram aos seus ouvidos causando uma sensação oposta.

Sem perceber, Carol a havia atingido, e pior, a machucado.

...

Embora contrariada, Maria resolveu que seguir o conselho de Carol era o certo a fazer, só não imaginava que seria tão complicado.

Havia criado um vínculo com Estêvão, e agora teria que se afastar repentinamente por medo de machucar os supostos sentimentos dele... ou por medo de ferir seus próprios sentimentos?

Não, claro que não, afinal, ela e Estêvão eram apenas amigos, sim, amigos com algumas regalias.

Mas ela temeu ao notar que estava dando muita corda às suas emoções, e agora se via refém delas. Estava sendo mais difícil do que imaginava. Um dia apenas após aquela noite se passou, e então ignorá-lo era um calvário. Mas Maria não era do tipo que dava o braço a torcer, e como boa turrona que era, colocou a culpa em sua necessidade por atenção.

“É apenas carência, uma hora vai passar.”

E desejava com afinco acreditar no, que agora se tornara um mantra, ou então, estaria arruinada.

...

Vencera o fim de semana, e se considerava forte, mais que forte, decidida, valente, já que Estêvão tivera como missão atormentá-la durante todos aqueles dias que não se viram. Agora viria o mais difícil: ignorar todos aqueles músculos, aquele perfume e aquele sorriso, que certamente a torturariam.

― Ah, aqui está você, Pudinzinho. Olá! – Estêvão a saudou sorrindo tanto, como se estivesse em um comercial de pasta de dentes.

Maria quase pulou quando o ouviu. Estava dois andares abaixo do seu, executando uma função que não era a sua (xerocando alguns documentos). Certamente uma forma de se esquivar dele, e se ele estava ali, era porque a procurava.

Ponto para ele!

― Estêvão, você aqui? – o fitou rapidamente, mas logo voltou sua atenção à maquina de xerox.

― Estava atrás de você – comentou sem notar o nervosismo na voz dela. – Não nos falamos mais depois daquela noite – sorriu pícaro. – Você não atendeu minhas ligações, não respondeu minhas mensagens, aconteceu alguma coisa? Não gostou de passar a noite comigo? – seu sorriso sumiu de repente.

― Você quer um microfone? – o censurou. – Não vai demorar e o prédio todo vai estar sabendo o que houve entre nós.

― Desculpa, mas não tem ninguém por aqui – disse olhando ao redor, certificando-se que estavam mesmo a sós. – Mas não achei que fosse segredo.

Maria suspirou sem modos.

― Paredes têm ouvidos, meu caro – sorriu, mas um sorriso tão falso quanto uma nota de três reais. – Nada daria mais prazer aos fofoqueiros de plantão do que um deslize da filha do dono.

― Nossa, Maria, eu tenho sentimentos, viu.

Maria revirou os olhos, e quase riu vendo seu sentimentalismo, mas logo ouviu a voz de Carol sussurrando em seu ouvido “se afaste”, e então lembrou-se de sua meta.

Sintomas de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora