Capítulo 11

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As formas nada convencionais que amor age, são as mais avassaladoras.

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Aquela pergunta gerou em Maria um pequeno curto, mas ela não sabia ao certo o porquê. É claro que imaginou que o que sentira fora repulsa e indignação, afinal, que direito Luciano tinha de fazer aquela pergunta a ela, sendo que o próprio os colocara naquela situação? Mas havia uma parte do seu ser, sim, uma pequena parte, mas que ainda assim estava lá, que a fez tremer. Será que estava mesmo sendo injusta? Será que deveria dar uma chance ao seu casamento? Será que ele estava sendo sincero em suas desculpas?

Eram tantos “serás” que Maria acabou ficando zonza, mesmo que por um pequeno espaço de tempo.

Porém logo tratou de espantar todos aqueles questionamentos. Conhecia a si mesmo, sabia o quão implacável era, e não era hora de titubear. Mais do que nunca a Maria forte e cheia de si que conhecia tinha de vir à tona e colocar Luciano no seu devido lugar.

― Impressionante como você consegue me surpreender, Luciano – riu, maneando a cabeça de um lado ao outro. – Não existe mais nós, não existe mais você e eu, e não se esqueça que foi você – enfatizou – quem causou isso.

Maria deu a ele um sorriso maléfico, e de pronto deixou uma rubrica em todos os locais indicados a ela, acabando de uma vez por todas com aquele assunto.

Ele a encarou. O sorriso confiante que há pouco trazia consigo havia sumido, dando lugar a um semblante derrotado, que combinava mais com ele. Vendo que não havia mais o que fazer, assinou também os papéis, oficializando o divórcio.

― Agora estamos legalmente separados – suspirou, tentando forçar um sorriso, mas era notório sua insatisfação. – Espero que seja feliz, Maria, e que me perdoe um dia.

― E eu espero que você não machuque mais ninguém como me machucou – ela se pôs de pé, olhando-o nos olhos. – Adeus, Luciano.

Ele até ameaçou impedi-la de sair da sala, mas Maria foi mais rápida, e quando se deu conta, ela já não fazia mais companhia a eles.

...

Ao sair da sala, Maria entrou no banheiro a fim de ficar sozinha e entender o que acabara de passar.

Sacou o celular da bolsa e viu inúmeras chamadas perdidas da família e de Estêvão, mas não pensou em retornar nenhuma, precisava de uns minutos para si, precisava de um pouco de paz que só um banheiro vazio poderia lhe dar – e agradecia aos céus por ele estar limpo e cheiroso.

Passou a encarar seu reflexo no espelho, e riu. Em suas ilusões desejava – e fazia por onde – ter um casamento como o dos pais, até mesmo como o do pai com a madrasta, mas ao invés disso, recebeu um enfeite na testa. A vida era mesmo muito injusta.

Ficou por um bom tempo naquela posição, se olhando fixamente, e rindo de si mesma. Achou melhor rir de sua desgraça, já que, devido as circunstâncias, era melhor do que chorar. Luciano não era merecedor de suas lágrimas, pensou cheia de si. Já chorara demais por ele, agora iria esquecer que um dia ele fizera parte e iria seguir em frente, a vida não podia parar por causa de um sujeitinho como ele.

Decidida, parou de se olhar como vítima. Esfregou os olhos, secando os vestígios de lágrimas que ali se encontravam, e por acaso seu olhar foi à sua mão esquerda, à aliança.

Tirou a joia do dedo e a observou. Olhou no interior da mesma e viu gravado: Luciano e Maria: para sempre. Que irônica era a frase.

― Nunca vi um para sempre tão curto – disse ela ao objeto, como se ele pudesse ouvi-la.

Sintomas de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora