Confinada

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Lauren POV

 Uma semana, esse foi o tempo que se passou para que Camila pudesse voltar a me tratar normal, dentro dos padrões dela, claro, durante esse período, tentei o máximo “me manter na linha”, Ricky quis abrir uma investigação para o delegado Denis, devido ao claro envolvimento dele com a comercialização local de drogas, e por ele ter deixado Camila falar com o Max, o que atrapalhou e muito na nossa investigação, porque agora, nada faz ele abrir o bico, nenhuma informação vaza, mas obviamente não deixei, tudo que menos preciso é fazer as coisas começarem a cair agora, ela desconfiou de mim a respeito da denúncia que causou a apreensão de Max, e não posso deixar que isso aconteça mais uma vez. Gun já está de volta aos negócios, Camila tentou deixar ele de molho por mais um tempo, mas ele disse que estava entediado, e ela aceitou, sendo assim, tudo está voltando ao normal, sempre quando é necessário sair é com ele, ela só vai quando é algo realmente importante.

— Não sabia que você estava aqui. - Camila falou com o tom de voz mais cínico do mundo ao entrar na sala de treinamento.

  Parei a série de socos que eu dava contra o saco de pancadas e virei pra ela.

— Onde mais eu poderia estar? - Perguntei irritada. — Eu vim pra cá pra trabalhar, e você não está me deixando fazer isso. - Falei acusatória.

 Ela simplesmente achou por bem, me tirar da segurança pessoal do Gun, algo me diz que é a forma que ela achou de me punir pelo que aconteceu há uma semana, ela não tem certeza que foi eu, por isso não fez nada definitivo, tipo me acertar um tiro, mas sinceramente, estou começando a achar que um tiro teria sido melhor, porque ela não me deixa fazer nada, nada mesmo, é quase um cárcere privado, estou confinada aqui dentro, passando do dormitório para a sala de treinamento e da sala de treinamento para o dormitório, e não tem coisa que eu mais odeie do que isso.

— Ué, você pode ir cobrir o turno de alguém lá na guarita, tenho certeza que não vão reclamar por terem um tempo livre. - Disse e deu as costas pra mim, indo para o estande de tiros.

Fui atrás dela.

— Eu posso pelo menos saber o porquê de você está fazendo isso? - Perguntei andando lado a lado com ela.

— Nada específico, só que o número de seguranças já está saturado, não precisa de tantos. - Disse simples, e eu quase acreditei ser verdade, mas com certeza não é isso.

— Então me demite. - Joguei, mas espero que ela não o faça.

 Ela parou de andar só quando chegou ao balcão de armas.

— Pede você pra sair. - Disse em total desinteresse.

 Como alguém pode ser tão irritante?

— Mas eu não quero, porra! - Falei irritada, ela olhou pra mim. — Desculpa. - Pedi a contragosto. — É que ficar presa aqui está me enlouquecendo. - Justifiquei.

 Ela me deu as costas e começou a carregar uma das armas. Vendo que ficaria sem resposta, eu ia sair, mas resolvi permanecer ali, se ela quer me irritar, não vai conseguir. Tirei as faixas das mãos e me sentei sobre o balcão, ela me olhou pelo canto dos olhos e continuou o que estava fazendo, depois de carregar três armas, todas de calibre diferente, ela se posicionou com uma delas na faixa que tem antes dos alvos, colocou os protetores nos ouvidos e começou a atirar, o barulho e a falta de interesse em armas quase me fizeram sair dali, mas só pra irritá-la eu permaneci lá, eu lembro que ela disse que não gosta da sensação de estar sendo observada enquanto treina, então é isso que vou fazer. Quase uma hora ali, as três armas foram devidamente descarregadas e recarregadas, e em nenhum momento ela me dirigiu a palavra, quando eu já estava pensando em desistir, ela tirou os protetores do ouvido e virou pra mim.

Do Outro Lado da HistóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora