Do Outro Lado da História

Queima Roupa

Lauren POV

 Senti algo molhado no meu rosto, e aos poucos fui despertando do meu estado de dormência, levei a mão até o rosto, e ao perceber que ele está realmente molhado me sentei em um solavanco. Thomas, que só agora percebi que estava de pé perto da minha beliche caiu na risada.

— Que porra é isso, Thomas? - Perguntei irritada, secando meu rosto com a coberta.

 Sem parar de rir ele ergueu a mão, me mostrando uma camiseta cinza, e a julgar que ele está sem camisa, só pode ser dele.

— Isso é suor? - Perguntei sem querer acreditar, ainda rindo ele afirmou com a cabeça.

 Sem medir esforços eu pulei em cima dele, levando nós dois ao chão, ele começou a se debater, me mandando parar, mas não parei sem antes lhe acertar com três socos no abdômen, ele se curvou um pouco e a risada de antes, se transformou em gemidos de dor.

— Caralho, Lauren! - Resmungou todo encolhido no chão. — Você não sabe brincar? É só água, porra.

 Olhei pra blusa no chão, é, nesse caso, apenas um soco teria sido o suficiente.

— Não, não sei brincar, bom que agora você está ciente. - Falei séria e me levantei.

— Você deve ter danificado algum órgão meu, que caralho viu.

— Problema seu. - Falei e chutei a blusa pra o rosto dele, o que fez ele tentar acertar um soco em minha perna, mas fui mais rápida e consegui desviar. — Começa a treinar, querido, quem sabe assim você consegue me acertar. - Falei puxando minha toalha da grade do beliche e indo em direção aos chuveiros.

 Tomei banho o mais rápido possível, o medo de chegar alguém, nesses banheiros sem a mínima privacidade é sempre maior que minha vontade de passar horas debaixo da água. Como sempre, vesti minhas roupas íntimas ainda na parte dos chuveiros, e retornei para o quarto, Thomas ainda está deitado, só que agora na cama dele, e abraçando o próprio corpo.

— Deixa de exagero, você não vai morrer não. - Falei enquanto abria meu baú de roupas.

— Se eu fosse você não teria tanta certeza, está doendo MUITO. - Disse e olhou pra mim com os olhos semicerrados.

— Sabe o que é isso? Falta de treinamento, deixa eu socar sua barriga todos os dias que garanto que em um mês, você nem vai sentir tanta dor assim. - Puxei uma calça jeans e uma camisa branca do baú, colando as duas peças sobre minha cama. — E eu nem bati tão forte.

 Estendi a toalha na lateral da cama, e quando eu ia vestir a calça, a porta do nosso dormitório foi aberta, e entre todas as pessoas que poderiam ser, é justamente ela, Camila, ela me olhou dos pés a cabeça, por mais tempo do que o necessário, e depois desviou o olhar para Thomas, que já está de pé, uma mancha roxa se formou no abdômen dele, que sensibilidade do inferno, eu usei força mínima.

— O que foi isso? - Ela perguntou indicando o hematoma.

— Hã… eu caí da cama. - Ele disse e eu fiz uma careta, tinha desculpa pior?

Ela voltou a olhar pra mim.

— Se você marcar mais alguém daqui, você está fora. - Disse séria, certeza que essa desgraçada estava vendo as câmeras. — Agora se veste, que preciso falar com você.

 Virou e saiu. Thomas olhou pra mim, com cara de culpa.

— Desculpa, eu não sabia que ela estava nos olhando. - Disse ele coçando a cabeça.

— Tudo bem, não tenho medo dela. - Falei e voltei a me vestir. — Ela só tem pose, mas tenho certeza que ela não é nem metade do que tenta aparentar, aprende uma coisa, Thomas: cachorro que late, não morde. - Me aproximei dele, cara a cara. — Desculpa pelas marcas, embora você tenha começado. - Falei, dando três tapinhas de leve no seu rosto.