capítulo cinco

807 143 14
                                    

Uma semana depois, Mew Suppasit se arrumava para mais um dia de trabalho.  Sua rotina foi bem semelhante nos últimos dias, porque além de cuidar de seus pacientes, realizou algumas cirurgias também. E claro, sua mente e coração lhe permitiam pensar em Gulf Kanawut sem limitações.

Entrou em contato com a fisioterapeuta para que Gulf pudesse ter sessões devido às cirurgias realizadas e porque também era importante por estar um tempo imóvel.

Além disso, o ex-namorado do jovem e seu melhor amigo iam praticamente todos os dias para visitar Gulf, conversar com ele, compartilhar boas memórias, assim como P'Mali havia recomendado que fizessem.

E todos os dias, sem exceção, Mew estava lá. Conversando com Gulf, compartilhando com ele o seu desejo de vê-lo acordar, além daquele carinho evidente que era inevitável não fazê-lo porque era uma forma de se sentir próximo, de cuidá-lo.

Ainda se questionava o porquê de se sentir assim, verdadeiramente tinha medo de confundir as coisas em seu trabalho, mas não podia deixar para lá, tudo parecia fazer sentido quando ficava ao lado da maca onde o jovem, desacordado, lutava de forma corajosa pela vida.

Afastando um pouco seus pensamentos, terminou de tomar o café da manhã e logo partiu para o hospital.

Mew levava a vida de forma bastante esperançosa porque acreditava que isso era fundamental para ajudar seus pacientes e uma das formas de sempre estar de bom humor era cantarolar no carro a caminho do trabalho. Aliviava seus pensamentos, preocupações e dava lugar a coisas boas.

Quando chegou ao hospital, vestiu seu uniforme e visitou alguns quartos para conversar com pacientes e familiares, como de costume.

Não tinha nenhuma cirurgia agendada para o dia, pois tudo foi repassado ao restante da equipe, então decidiu ir até a UTI.

P'Mali o encontrou e o cumprimentou, sorrindo. Ele retribuiu.

Mew seguiu quarto por quarto para tomar nota de toda a evolução dos pacientes e o que deveria ser feito naquele dia. Desde estudante havia aprendido algo muito importante para a  profissão. Não havia pressa para a cura ou para uma alta, cada dia era um dia e assim sucessivamente.

Então havia chego no quarto de Gulf. Diariamente era assim, seu coração sabia quando estava perto do jovem, acelerava e ele sempre engolia seco.

- Olá Gulf! Como você está se sentindo? Verifiquei nos exames mais recentes e estou bem esperançoso! Deve acordar logo, ok? Tem algumas pessoas que querem muito ver você. - Mew sorriu, brincando com uma das mechas do cabelo do paciente.

- Doutor? - Mew foi surpreendido com uma voz na porta do quarto. Foi completamente descuidado ao deixá-la aberta. Era Klahan.

- Olá! Eu já estava de saída, só vim me certificar e ver como Gulf está. Seus exames revelam estabilidade, é um bom momento para todos ficarem esperançosos. - Mew desconversou, se afastando da maca.

- Você estava tocando o cabelo dele? Eu o vi. - O jovem indagou, confuso. Mew pigarreou.

- Só fui verificar o inchaço no rosto dele, não se preocupe, estou fazendo meu trabalho. - Ele sentiu a palma da mão suar e os lábios ficarem secos, mas em parte não estava mentindo.

- Ok, me perdoe então. - Mew assentiu.

- Fique à vontade com ele, até mais. - Sorriu fraco e saiu do quarto.

Precisava falar com Mali rapidamente, então procurou por ela pela UTI até finalmente encontrá-la conversando com outra enfermeira, a Sunee.

- P'Sunee, P'Mali! - Ele cumprimentou as duas. - Olá! Posso conversar um instante com P'Mali? - Ele olhou na direção da enfermeira alta, magra, de cabelos pretos lisos. Sunee sorriu para Mew.

- Claro! - Ela olhou para Mali. - Depois nos falamos, ok? Até mais! - E voltou ao seu trabalho.

Mew voltou o olhar para Mali e seu olhar dizia muitas coisas. Uma delas era que estava confuso.

- O que houve, Mew?

- P'Mali, acho que preciso me afastar. - Ela negou.

- Me diz o que houve, sem me explicar direito eu não posso ajudá-lo.

- Gulf... Eu estava fazendo carinho em seu cabelo por um instante e o ex dele apareceu. - P'Mali engoliu seco.

- Você não fechou a porta? - Mew coçou a cabeça.

- Eu me esqueci, mas consegui contornar a situação. É só que, tenho medo, sabe?

- Você precisa tomar mais cuidado. Sunee estava conversando comigo sobre você, ela notou seu comportamento com Gulf e disse que se sentiu muito tocada por isso. - Mew respirou fundo.

- Tenho chamado a atenção.

- Você precisa ser cauteloso, eu comentei que precisava ter cuidado com o vínculo que fosse criar. - Ele assentiu. - Sei que suas intenções não são ruins, você quer ser uma presença boa para o jovem, mas é bom pensar bem e ver o que fazer em relação a isso antes de ser acusado de algo por alguém de má fé.

- Sim, obviamente! O que eu faço?

- Tome cuidado é o único jeito, ok? Faça o que precisa, sempre.

- Ok, farei isso.

- Vou voltar ao trabalho, qualquer coisa pode me dizer. - Mew assentiu.

- Obrigado, de verdade! - Ela sorriu fraco.

Mew havia decidido naquele momento que não teria mais nenhum contato físico com Gulf que pudesse colocá-lo em risco. Por um instante ficou com medo de ser denunciado por algo que não fez e nunca faria, tinha consciência de seus atos.

Era carinho, um breve contato, nada íntimo, só uma esperança pela vida, por Gulf Kanawut acordar.

Olhou em direção ao quarto do paciente e viu Klahan sair de lá com as mãos dentro dos bolsos do casaco, sem olhar para trás.

Foi por pouco e um episódio como esse nunca mais aconteceria novamente.

say you love me | [MewGulf]Onde histórias criam vida. Descubra agora