capítulo um

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O cheiro forte característico de alvejante daquele ambiente penetra as narinas do médico Mew Suppasit a partir do momento em que ele adentra a ala do centro cirúrgico do Hospital Health e vai se encontrar com um de seus pacientes.

Esse era mais um daqueles dias de longo trabalho. Como neurocirurgião, ele encarava desafios diferenciados a cada procedimento e tinha que estar preparado para eles.

O que não era um problema.

Com uma carreira de cinco anos como especialista em neurologia, Mew conquistou muitas coisas. É reconhecido onde trabalha e seus pacientes o adoram, sempre é elogiado pelo seu comportamento cuidadoso e humilde.

A sua sala de cirurgia contava com uma equipe completa. Desde que iniciou sua trajetória naquele hospital conseguiu seguir com os mesmos membros e sempre contava com eles para o sucesso de seu trabalho.

Antes da cirurgia se iniciar, Mew sempre faz o mesmo ritual, pede para um auxiliar colocar seu disco favorito no rádio, enquanto ele lava as mãos e braços. Em seguida, pede para uma das enfermeiras que está acompanhando naquele dia para colocar a máscara, roupa apropriada e touca nele.

— Vamos começar? - Ele questiona a toda a sua equipe todos respondem com "sim" e balançando a cabeça, afirmando. —  Ótimo, pessoal! Bom trabalho a todos, vamos nessa.

Quando Mew diz isso, um dos auxiliares já sabe o que fazer e aperta o play. A música começa. A cirurgia se inicia. Serão longas horas de trabalho pela frente.

Retirar um tumor sempre foi uma tarefa árdua para Mew, pois era inevitável ver os casos de seus pacientes e não se lembrar automaticamente do que o fez chegar até ali.

Sua mãe foi diagnosticada com um tumor no cérebro quando Mew tinha apenas 16 anos, mas ela não teve tanta sorte, em poucos meses veio a falecer. A partir daquele instante ele sabia o que queria fazer quando crescer.

E foi o que ele se tornou.

Já salvou tantas vidas que não consegue contar nos dedos e isso é o que move, o que faz com que ele continue todos os dias.

Enquanto a cirurgia acontece ele troca algumas palavras com sua equipe.

O ambiente de uma cirurgia sempre é marcado pelo silêncio e a concentração de todos, então quando Mew notou que deu certo dizer algumas coisas enquanto todos ao seu redor relaxam, não parou mais. Em geral, nada dos assuntos tinham a ver com o procedimento em ação.

As horas passam, a música continua até que chega a hora de fechar o local da cirurgia e concluir. Ao mesmo tempo pelo alívio de tudo ter corrido bem mais uma vez, Mew estava exausto e queria descansar logo.

— Acabamos! Obrigado a todos, mais uma cirurgia de sucesso. — Mew sorri para todos da equipe e os agradece de forma sincera. — Estarei visitando amanhã o paciente, ok?

— Obrigado Dr. Mew! — O anestesista agradece e Mew sai da sala.

Retirando toda a proteção após lavar as mãos, dá uma respirada do lado de fora da sala de cirurgia e se encaminha até a cafeteria. Precisava se manter acordado e relaxar um pouco.

Ao chegar no andar da cafeteria, Mew pede um expresso sem açúcar e logo vai se sentar em uma das mesas vazias do ambiente.

Pensa em toda a cirurgia que acabou de realizar e agradece mais uma vez por ter dado tudo tão certo.

— Dr. Mew? — Ele levanta os olhos e encontra sua amiga, a enfermeira Mali.

— P'Mali! Como está? - Ela assente.

Mali Boonjaeng é uma jovem enfermeira que iniciou sua carreira fazem três anos no Hospital Health e seu melhor amigo é o Dr. Mew. Lá eles conversam rapidamente, discutem assuntos corriqueiros e mais sérios até levarem essa amizade para fora do hospital às sextas-feiras quando vão para um bar próximo.

— Vou bem e como está tudo? Muito trabalho? — Mali questiona e Mew sugere que ela se sentasse à sua frente na mesa. — Vou me sentar rapidinho, ok? — Ele sorri.

— Eu vou bem, cansado. Acabei de sair de uma cirurgia bem exaustiva, mas que teve muito sucesso, me sinto grato.

— Isso é ótimo! Fico contente! Estava ajudando um paciente a tomar banho quase agora. Um dos  familiares estava junto e acabou que foi bem rápido. — Mew assente quando dá um gole no café.

— É muito boa a sensação de ajudar, né? — Mali balança a cabeça e Mew olha na sua direção. — P'Mali, esqueci de te perguntar, mas você quer um café? — Ela nega.

— Não, obrigada! Eu já vou indo, ok? A gente se vê depois. — Mew sorri.

— Claro, vai lá! Até mais!

Mew se levanta quando amiga vai embora e volta ao trabalho, tomando seu caminho para outro andar do hospital. No elevador, quando chega ao andar desejado da sua sala, ele acaba sendo surpreendido por uma enfermeira.

— Dr. Mew? Precisa vir comigo agora! Acabamos de receber um paciente na emergência que sofreu um grave acidente de carro. — Mew arregala os olhos.

— Trauma na cabeça? — A enfermeira olha na direção de Mew.

— É por isso que precisamos que ajude, parte do lado do rosto do paciente está roxo. — Mew já imaginava o que seria.

— Faça uma tomografia cerebral, preciso saber o que está acontecendo. Agora! — A enfermeira acompanha Mew e ele vai direto para a emergência encaminhar o paciente ao exame.
— Aconteceu mais alguma coisa?

— Fraturas na perna, braço e a mão está machucada, ela será o menor dos problemas.

— Certo. Qual o nome do paciente? Preciso acompanhar a ficha.

— Gulf Kanawut, Dr. Mew. — Ele assentiu.

Quando viu o resultado do exame de tomografia, observou a maca do paciente passar pelo corredor e ser colocada na UTI depois de ter passado pela cirurgia na perna e no braço.

Mew procura entrar na UTI ao sair da emergência e encontra o paciente, mas não imaginava o que aconteceria a partir dali. Uma mistura de sentimentos o invadiu ao ver Gulf Kanawut desacordado na maca.

Era um jovem, deveria ter seus vinte e poucos anos. Lábios roxos, lateral do rosto na mesma cor e todo o rosto pálido. O cabelo caía sobre a testa, parecendo macio.

Mew ficou atordoado.

A enfermeira que antes conversava com ele no elevador, apareceu e passou a arrumar Gulf na maca.

— Jovem, né? — Mew engoliu seco.

— Muito. Ele tem um inchaço intracraniano. Muito soro, ok? Precisamos diminuir a pressão. Ele está em coma, vamos fazer o possível.

— Certo.

— Ele tem família, amigos? Namorada?

— Namorado, tinha um contato na carteira dele, já pedi para entrarem em contato. — Mew assente.

— Ok. Vamos salvar o Gulf, mas agora também seu destino está nas próprias mãos. Tudo depende dele. — A enfermeira olha na direção de Mew.

— Vai ficar tudo bem.

— Eu espero.

say you love me | [MewGulf]Onde histórias criam vida. Descubra agora