capítulo três

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Quando Mew Suppasit começou a trabalhar no Hospital Health ele não sabia que iria se adaptar ao ambiente do local, até porque todo mundo parecia já se conhecer e ele era um novato.

Ao passar dos anos, criar vínculos com as pessoas passou a fazer parte do seu trabalho, seja com seus médicos colegas, os enfermeiros ou pacientes. Ele sempre achou que o contato é fundamental, não importava o quê.

E com Gulf, Mew não estava agindo diferente.

Quando ele chegou em casa depois daquele dia de trabalho procurou tomar um banho relaxante e em seguida, já com seu pijama, preparou sua janta.

Enquanto comia seu prato de salada, pensou que seria uma boa ideia pesquisar na internet sobre Gulf Kanawut para conhecê-lo.

Abriu o aplicativo do Instagram e e digitou na barra de pesquisa o nome do seu paciente. Quando encontrou o perfil e clicou sobre a opção, observou as fotos por um longo momento.

Gulf Kanawut era bonito. Não. Ele reformulou mais uma vez a frase que pensou. Gulf Kanawut era o homem mais bonito que já vira.

Seu sorriso contagiante, os lábios desenhados, os olhos intensos e o maxilar suavemente marcado. Era a própria definição de um rosto delicado e atraente.

Por um instante, Mew bloqueou a tela do celular deixando o aparelho longe e focou em seu jantar.

Muitas coisas estão presentes em sua mente agora. Precisava respirar.

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Pela manhã, ao chegar no hospital e se preparar para o seu turno, Mew Suppasit logo foi à UTI, visitar seu paciente.

Mew o observou profundamente. Percorreu seus olhos por toda a face de Gulf, que mesmo machucada, era tão angelical, como ele constatou em suas pesquisas no dia anterior.

Suas sobrancelhas eram marcadas, os lábios perfeitamente bem desenhados, — ele não conseguia esquecê-los nas fotos. Os fios pretos e macios de seu cabelo pareciam tão tentadores para serem tocados.

Os dedos de Gulf, apoiados sobre o lençol da maca, estavam gelados. Mew os tocou rapidamente, mas os soltou, se afastando do paciente.

Isso é maluquice, ele pensou. Não posso fazer isso.

— Bom dia Dr. Mew! — A enfermeira Mali o observou da porta do quarto, sorrindo fraco na direção do jovem doutor.

— P'Mali! Olá! Você está aqui. — Ela assentiu.

— Estou, fui chamada para a UTI, ala de neurologia e agora eu vou cuidar desse garoto aqui também. — Mew a observou.

— Sério? Bem vinda então! — Mali sorri fraco.

— Obrigada! Vai ser muito importante ajudar os pacientes e de você também. — Mew se aproximou da amiga, sorrindo fraco.

— Estou aliviado em te ver aqui, vamos trabalhar juntos e vamos trazer esse garoto para sua vida de novo.

— Com certeza! — Ela fez uma pausa enquanto Mew estava de saída do quarto. — Ei?

Mali notou que o amigo apresentava um misto de confusão em sua face, não dava para distinguir exatamente os seus sentimentos, mas sabia que algo estava acontecendo.

— Sim? — Ele olhou em direção à Mali.

— Está tudo bem? — Mew assentiu.

— Está sim.

— Eu conheço essa cara, sei muito bem quando algo não está bem. — Mew negou.

— Prometo, não se preocupe, está tudo bem! Vamos ao trabalho, ok? — A enfermeira assente e vê o amigo sair do quarto logo. Em um movimento, vira seu rosto em direção ao paciente. Gulf permanecia desacordado. Ela decidiu ir ao lado dele e conversar.

— Oi Gulf. Meu amigo não quer dizer algumas coisas e eu quero ajudá-lo. Ele parece ter levado um choque quando você chegou aqui. Eu vi como os olhos dele estavam presos em você quando eu entrei no quarto. Estamos torcendo por sua recuperação, ok? Mais tarde eu volto para ver como você está. Fique bem. — Mali sorri, mesmo que Gulf não possa vê-la. A enfermeira sabe que dizer coisas positivas podem auxiliar na recuperação da volta de um paciente.

Enquanto isso, Mew continuou seu trabalho naquela manhã com diversos pacientes além de Gulf e só parou para o seu horário de almoço.

No refeitório, o médico encontrou sua amiga que o convidou para se sentar junto a ela na mesa.

— Mew. Você precisa me dizer o que está acontecendo, ok? Achei você estranho hoje pela manhã e nem venha discutir, eu sei muito bem que tem alguma coisa, não me enrole. — Mew pegou a colher e o garfo e começou a comer, observando a maior parte do tempo o prato à sua frente. — Olhe para mim. — Ela pediu e Mew ergueu o olhar para a amiga.

— P'Mali, já disse. Não há nada, não se preocupe comigo. — Ele olhou para os olhos da enfermeira e notou que tinha perdido a batalha. — Ok. Você venceu.

— Ótimo, então me conte o que está acontecendo com você. — Mew pigarreou.

— Eu pesquisei sobre ele ontem à noite. Vi o Instagram dele. — Mali parou de comer.

— De Gulf Kanawut? — Ele assentiu.

— Isso. De Gulf. — Suspirou, olhando para a amiga. — Estou sentindo algo que não deveria sentir. — Mali o observou, confusa.

— Como assim? Me explica.

— Ele é bonito. Tem um rosto angelical, detalhes que parecem esculpidos por um artista. Eu o toquei, toquei sua mão fria por  impulso, mas logo a soltei. — Mali arregalou os olhos.

— Mew? Não estou te entendendo.

— Nem eu, Ma. Nem eu.

— Você precisa relaxar. Eu vou ficar com ele hoje, me diga exatamente como e o que fazer que eu farei. Às vezes é muita coisa na cabeça, eu entendo, ficamos completamente malucos. — Mew assentiu.

— Se você puder me ajudar eu vou te agradecer muito.

— Eu estou aqui para isso, amigo. Fique tranquilo!

Mew se sentiu aliviado, como se um peso enorme tivesse sido retirado de seus ombros. Se sentiu culpado por ter sentido algumas coisas quando viu a foto de Gulf Kanawut. E vê-lo na maca pela manhã parece que intensificou toda aquela sensação.

— Você tem razão. — Mew se surpreendeu ao ter seus pensamentos interrompidos pela amiga.

— Sobre o quê?

— Sobre o garoto. Ele é bonito mesmo. — Ela sorriu fraco e Mew se juntou a ela.

— Quero cuidar dele, parece esquisito?

— Não, você tem que cuidar de seus pacientes, certo? — Mew balançou a cabeça, afirmado.

— Mas você me entendeu. — Mali dá de ombros.

— Sim, mas cuidado com o vínculo que vai criar com ele, ok?

— Eu sei. Mexeu comigo, confesso, mas farei o meu melhor, tenho certeza. Trabalho sempre em primeiro lugar.

— É isso aí, Mew!

say you love me | [MewGulf]Onde histórias criam vida. Descubra agora