capítulo doze

733 141 14
                                    

Memorizar aquela tarde era tudo que Mew queria no momento. O cabelo comprido de Gulf quase caindo sobre os olhos, o jeito que sorri, seus lábios carnudos, o olhar que dizia tanto. Sabia que aquilo significava muitas coisas e uma delas não era amizade.

Se aproximar de Gulf como amigo  foi a melhor saída diante de tudo o que vem acontecendo desde que o jovem acordou. No café eles conversaram sobre tantas coisas que perderam a hora para voltar para casa, ficando no local até o final da tarde.

Enquanto Mew pensava em Gulf e em diversas formas de se aproximar dele, teve que organizar documentos e algumas papeladas para poder voltar ao trabalho na semana seguinte.

Em breve sua rotina voltará ao normal e ele não sabe como fará para ver o jovem. Entretanto, sabe que um esforço vai valer à pena só para ver um sorriso nos lábios dele.

No dia seguinte ao encontro no café, Mali quis ouvir tudo o que Mew tinha a dizer sobre Gulf e foram longos minutos rindo, contando detalhes da aproximação que tiveram.

Nesse estágio, Mew estava trocando mensagens com Gulf com frequência, mas ainda não surgiu nenhum novo convite.

Fazia um tempo desde que Mew não saía com uma pessoa diferente da sua melhor amiga enfermeira e agora as coisas eram diferentes. Havia, além da amizade, um sentimento nascendo no seu coração que parecia tomá-lo aos poucos.

Mew teve um relacionamento alguns atrás, então se apaixonar novamente parecia novidade, como se fosse a primeira vez. Não é algo que o neurologista gosta de se lembrar, mas também sabe que foi um grande aprendizado para a sua vida. E ele acredita que sua nova chance chegou, sabe também que não desistirá fácil.

Em meio a tantos pensamentos uma mensagem o interrompeu.

Mew? Você está livre nesta sexta?

--

Gulf não conseguiu se esquecer da tarde no café. É como se ele quisesse que aquele dia não acabasse, não queria ir embora. Conversar com Mew por mensagem era pouco e queria mais.

Mesmo depois de passar horas no café, prolongaram aquela conversa para o celular, trocando curiosidades, conversas aleatórias. Eles estavam se aproximando cada vez mais.

Quando aceitou ser amigo de Mew sabia que teria que lidar com seu olhar fixo e seu sorriso bonito, mas estava disposto a criar um vínculo com o neurologista.

Jogando videogame ao lado de Mild na sala de estar de sua casa, de repente seu amigo começa a falar.

- Por que você não o convida para ir ao cinema? Amizades são assim, pense em algo que ele gostaria. - Gulf sorriu.

- Amizades...

- Sim, amizade. Não é isso o que vocês têm? - Gulf assentiu.

- É sim.  Eu vou chamá-lo, então. Eu pensei em convidá-lo para ir ao cinema, você tem razão.

- Eu sempre tenho, Gulf. - Ambos riram e o jovem pegou o celular para enviar uma mensagem.

Sim, eu adoraria.

- Ele respondeu. Sexta vamos ao cinema. - Mild sorriu largo.

- Que ótimo! Preciso falar com Mew, faz tempo que não envio uma mensagem para ele.

- Sim, você deveria. - O amigo assentiu urgentemente.

- Claro, farei isso depois de jogar mais um pouco aqui, peraí! - Gulf riu alto e olhou para o celular, sorrindo.

--

Gulf estava na porta do cinema do shopping local próximo da hora que marcou com Mew. Eles ainda não tinham escolhido o filme, só onde se encontrariam.

Como da primeira vez no café, o jovem escolheu roupas leves e confortáveis para vestir.

Enquanto aguardava pela chegada do neurologista não sabia se fixava sua atenção ao celular ou ao seu próprio redor. Seus olhos viajavam por toda direção possível do local até encontrar ele.

Notando que Mew tinha ficado online há poucos minutos no aplicativo de mensagens, imaginou que estaria à caminho. Foi quando sentiu um toque em seu ombro esquerdo.

- Ei Gulf! - O jovem virou o corpo e encontrou Mew bem vestido com um sorriso estampado no rosto. Diferentemente das outras vezes em que o cabelo dele estava ajeitado com um franja de lado, dessa vez seu cabelo quase caía sobre os olhos que lhe deu um ar jovial apaixonante. Gulf estava sem palavras.

- P'Mew!

- Estava procurando por mim? - Gulf pressionou os lábios.

- Na realidade sim, queria ver se poderíamos comprar pipoca antes da sessão. Vamos escolher um filme. - Mew assentiu.

- Do que você gosta? - O jovem deu de ombros.

- Sou eclético, gosto de diversos gêneros de filmes. Acho que romance é meu favorito. - Mew sorriu.

- E tem algum que você queira ver? - Ele assentiu, urgentemente.

- Tem.

- Então vamos lá! Eu gosto de romance também. - Se entreolharam por um instante e logo foram comprar pipoca e os ingressos.

Antes da sessão começar, ambos começaram a comer pipoca. Em certo momento, conversando e acompanhando os trailers, suas mãos se tocaram.

Gulf ficou tímido e Mew obviamente, sem graça. A tensão logo foi desfeita, mas era inegável o choque daquele contato. Foi diferente.

O filme de romance contava a história de amigos que se apaixonavam. Era uma comédia romântica clichê e ambos pareciam se divertir muito assintindo, se entreolhando e prestando atenção na trama. Era um dia especial ao lado de Mew.

Em certo momento, Mew apoiou sua cabeça no ombro de Gulf. O jovem engoliu seco.

- Está com sono, P'Mew? - Mew negou.

- Não, só quero ficar assim por um tempo, tudo bem?

- Tudo bem, sem problemas.

- E Gulf?

- Sim?

- Obrigado pelo convite. Está sendo um dia especial. - O jovem respirou fundo, concordando com a afirmação em silêncio.

- Fico feliz que tenha gostado. Vamos combinar de fazer outras coisas durante a semana ou quando pudermos. - Mew assentiu.

- Sem dúvidas, sim! - Gulf deixou o punho cerrado no ar e esperou que Mew o tocasse.

Segundos depois ele o fez.

say you love me | [MewGulf]Onde histórias criam vida. Descubra agora