Prólogo

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Quem acompanhou os outros livros sabe que esse é o terceiro... O primeiro Kaline e o segundo Helen. Neles eu conto boa parte da história da Angélica que não repetirei aqui. Lembrando que postarei às segundas e sextas e hoje ainda... A noite postarei o Primeiro capítulo.

Leia... Curta e comente.

Bjs Laura.

Angélica...

--- Vem filha! --- Ele me gritava eu sempre vinha correndo em sua direção. Com meus cabelos bem enroladinhos grudadinhos na cabeça... Coisa de criança negra mesmo. Minha mãe fazia algumas tranças, mas elas sempre se soltavam porque meu cabelo era muito ralo e não dava para manter preso.

Quando chegava próxima a ele eu me jogava em seus braços e ele me segurava... Isso se chama confiança. Eu confiava inteiramente em meu pai. Ele me ensinou a ser confiante... Corajosa e independe.

Tínhamos uma casa em uma cidadezinha nos arredores do New York. Glasgow.

Foi da nossa cidade que saiu Willa Brown , primeira mulher negra a concorrer ao Congresso (1946), e primeira mulher negra a receber uma licença de piloto comercial nos Estados Unidos.

E desde então meu pai cismou que eu também seria famosa. Minha mãe sempre foi mais meus irmãos gemes a Ângela e o Ângelo. E ainda tenho como irmã e a Angelita.

Meu pai chegava tarde do trabalho... Eu me lembro... mas nunca estava cansado para brincar conosco. Ele sempre perguntava a minha mãe quem de nós tinha quebrado a cabeça... Ele brincava assim porque minha mãe sempre dizia que um dia ele iria chegar e um estaria com a cabeça quebrada.

Mulher guerreira... Criar quatro filhos costurando para fora... E ainda levar um casamento que durou por quase quarenta anos. Até três anos atrás quando meu pai veio a nos deixar... Aquele dia foi terrível... Não só para nós mas também para minha hoje tão amiga Helen.

Agora olhando meu filho com esses lindos olhos azuis e dizendo mamãe o tempo todo acho que valeu a pena todo sacrifício... Principalmente os dois anos morando no Brasil tentando me livrar do tal carinha e vendo meu filho crescer saudável e entre amigos.

--- E aí? Vai ficar aí o dia todo pensando na morte da bezerra? – Perguntou a Say de saída.

--- Sim. O Kavin disse que a situação ainda não melhorou. Inclusive agora foi marcada a audiência. Teremos que comparecer em dois meses no tribunal para a primeira audiência em New Jersey. Tanto eu, quanto esse cretino desse homem.

--- O que leva uma pessoa a doar algo e depois querê-la de volta?

--- Também não sei Say. Também não sei.

Ela saiu, fechando a porta e iria ficar fora por três dias. Estava indo para casa... Meu lar. E eu não podia ir. Enviei algumas lembranças a minha mãe. E fotos do George. O Namoro da Say e do Thor está indo de vento em polpa. Vira e mexe vemos suas fotos expostas em revistas e jornais. E ele vem muito aqui ao Brasil também... Embora não fique aqui no apartamento dela.

Volto a olhar pela janela e mais uma vez me lembro de meu velho pai... A mesma cena me vem à cabeça. Há muitos dias tenho pensado muito nele e justamente nesse exato momento... Seria uma mensagem dos céus?

Eu vinha correndo e antes de chegar até ele eu pulava confiante em seus braços. Ele me erguia e dizia...

--- Você sempre será meu Anjo.

--- Seu anjo pai!!!

--- No céu tem anjo negro?

--- Claro filha. No céu tem anjos de todas as cores. Por isso em nossa família tem tanto anjos... E você é minha Anja... Meu amor. E um dia será o anjo de outro amor.

Angélica - Degustação Onde histórias criam vida. Descubra agora