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Ouvir aquela pergunta me fez perder toda a cor que não tinha e seu tom rude me deixou mortificado. Estava sendo muito complicado ter que mentir e fingir que não me importava, quando estava dilacerado por dentro, lutando para parecer indiferente a alguém que tanto me afetava.

Mais calmo, se é que isso é possível, respirei fundo e respondi, enquanto caminhava até o meu carro:

— Pense o que quiser. — Gostaria de ter sido menos grosseiro, mas a situação não combinava com sutilezas.

— Vai ser assim? Vai embora, fingir que nada aconteceu e eu que me foda com o que eu sinto por você? — Fechou a porta do carro, antes que eu tivesse a chance de entrar e ficou com os braços esticados ao redor dos meus ombros, tão perto que dava pra sentir as batidas descompassadas do seu coração.

— Não seja dramático, foi só sexo, bom pra mim e pra você, mas acabou. — Dizer isso foi mais tortuoso que mastigar vidro e depois engoli-lo e a forma devastada que ele me olhava, acabou de vez comigo.

Até a Espada parecia indignada comigo.

— Então pra você tudo se resumiu a sexo?

Claro que não, mas tudo que eu respondi, foi:

— Sim. — Nunca menti com tanta veracidade na vida, qualquer um acreditaria em mim, assim como ele acreditou.

— Kiara tem razão, eu não o conheço e queria nunca ter me envolvido com alguém como você, que só ama a si mesmo. — E foi com essas palavras que ele montou na Espada e saiu cortando o vento, sem saber que estava no mesmo nível de tristeza que ele.

[...]

— Ah, você vai sim na anual festa de volta às aulas Hope, Jimin. — Kim Taehyung, um dos meus melhores amigos, estava insistindo há horas no mesmo assunto, enquanto caminhava de um lado para o outro no meu quarto com os braços cruzados.

— Não estou com vontade de sair, Tae. — Continuei assistindo atentamente meu doroma favorito e comendo pipoca, ignorando o loiro.

— Há duas semanas você tá aí nessa tristeza toda, precisa sair e ver gente nova, pra esquecer quem quer esteja perturbando seus pensamentos. — Sacudi um travesseiro na cabeça pequena do meu amigo inconveniente e ele apertou os olhos em minha direção, sacudindo o objeto de volta. — Tô doido pra te apresentar meu novo senpai, que pra minha sorte, está hospedado lá em casa, porque os pais, que são amigos dos meus pais, estão fora do país. — Sentou-se na borda da cama e jogou o corpo para trás, me encarando de baixo para cima. — Ele é lindo, engraçado, fofo, inteligente e vai estudar na mesma faculdade que a gente. — Seu tom fantasioso me fez rir e fez uma careta engraçada.

— Outro senpai, Tae? — Questionei sarcástico, colocando o resto da pipoca em cima do criado-mudo e o puxei para perto de mim.

— Esse é diferente, eu sinto que vai dar certo. — Me confidenciou e descansou a cabeça no meu ombro, ambos impactados com o final do doroma que por mais que já tivéssemos assistido umas dez vezes, sempre chorávamos no final.

— O problema é que ele ainda não esqueceu o ex, ex não, porque não chegou a namorar e o filho da puta o rejeitou. — Falava com indignação, caminhando de um lado para o outro no quarto. — E você vai me ajudar a conquistar ele. — Me lançou um sorriso conspirador e eu concordei com a cabeça, sem saber onde estava me metendo.

Assim que ele foi embora, voltei a pensar em Jungkook e por mais que tentasse não sentir saudades, pensava no caipira o tempo todo.

Pensei em ligar e contar o motivo do afastamento, mas nunca deixei que as ligações fossem completadas, por medo da reação dele... Medo de ouvir que ele me odiava, por certo isso acabaria comigo.

Agora estava parado em frente à casa de Hoseok, indeciso de entrar, ou voltar a me exilar na ilha do meu apartamento recém-comparado, entretanto, decidi dar uma passada na festa em consideração aos meus amigos e assim que entro na casa, já sou recepcionado por Taehyung, que me puxa pra um abraço apertado.

— Então, Jimin, vem que vou te apresentar ao novo senpai. — Saiu me puxando pelo braço em direção à sala da casa e eu fiquei petrificado ao ver a última pessoa que eu poderia esperar encontrar naquela festa.

O Caipira?

Continua...

𝗼 𝗰𝗮𝗶𝗽𝗶𝗿𝗮.Onde histórias criam vida. Descubra agora