Em busca de uma vida melhor

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Me chamo Adryene Fernandez, tenho 35 anos, moro no Brasil. Acabei de sair de um divórcio conturbado, tenho 3 filhos, passei por dificuldades após o divórcio e uma amiga que mora em Nova Iorque me convidou para morar com ela e trabalhar como camareira em um dos hotéis mais luxuosos da cidade mais movimentada do mundo. Estou deixando meus filhos com meus pais e minha irmã para atravessar o oceano e tentar uma vida melhor para eles e quem sabe, se tudo der certo, ano que vem levo eles para lá também ou eu volto.

Estou num bar aqui em São Paulo, tomando um suco de laranja. Irei embarcar para Nova Iorque amanhã bem cedo, quero colocar minha cabeça no lugar e refletir se estou fazendo a coisa certa.

Não aparento ter a idade que tenho e muito menos aparento já ter três filhos, sendo um deles já quase adulto. Muitos me dizem que sou muito bonita, apesar de eu não achar, mas acredito que a genética pelo menos ajuda a me manter com o corpo esbelto, falei igual minha mãe agora. Tenho meus cabelos cacheados, pretos, até a cintura, tenho os olhos grandes e castanhos, bem expressivos. Não gosto muito de me arrumar mas quando me arrumo até que me acho bonita. Esses rapazes no bar tentam se aproximar de mim, mas educadamente os dispenso, não estou pronta para me envolver com ninguém. Um homem se aproxima de mim e dessa vez, não sei poque, deixei falar comigo.

- Olá, posso me sentar aqui?

Eu não o olhei, apenas respondo sem levantar a cabeça.

- Tanto faz, eu já estou quase acabando aqui e vou embora.

Ele da uma risadinha sem graça e se senta ao meu lado. Então levanto minha cabeça e o vejo, e minha Nossa Senhora, estou admirada com a beleza dele. Alto, grisalho, musculoso, rosto perfeito, olhos verdes brilhantes e barba por fazer, praticamente um deus grego, antes que ele perceba que estou olhando para ele, desvio meu olhar me voltando para meu suco.

-Posso te pagar uma bebida?

Ele me pergunta, olhando meu rosto, parece que quer memorizar cada detalhe.

- Eu não bebo, estou somente no suco, se eu beber vou acabar dormindo demais e perdendo a hora.

- Vai trabalhar cedo?

Agora sim o olho nos olhos e me sinto arrepiada quando vejo que ele está olhando diretamente nos meus olhos também e desvia o olhar por um segundo para minha boca.

- Na verdade, sim, vou trabalhar!

Ele fica calado me analisando e isso me faz ficar corada e ele sorri e por Deus que sorriso lindo.

- Nossa que falta de educação a minha, nem me apresentei. Muito prazer, meu nome é Daniel Harper.

Ele estende a mão na minha direção. O analiso por uns instantes e então resolvo pegar a mão dele, sinto um arrepio percorrer minha costa e acho que ele sente algo também, pois ele se mexe na cadeira, parece um magnetismo sabe? Será que isso existe gente?! Sei lá.

- O prazer é meu Daniel!

-Só isso? Não vai me falar seu nome?

Agora que percebi que ele tem um sotaque diferente, as palavras são arrastadas.

- Você não é daqui?

- Não! Eu não sou daqui, estou a trabalho, mas já estou indo embora e você ainda não me disse seu nome.

- E que diferença faz meu nome? Você está indo embora e eu também, com certeza não nos veremos mais.

Ele franze a testa levantando uma sobrancelha.

- E como você sabe que não nos veremos mais? Você não acredita em destino?

- Por um tempo acreditei sim, mas hoje eu vivo um dia de cada vez.

Acho que ele percebeu a tristeza na minha voz e tenta amenizar o clima.

- Bom! Me diga seu nome, se por acaso o destino permitir um dia de nos encontrarmos e você fingir não me ver, eu posso sair gritando seu nome até você me notar.

Ele sorri e eu sorrio de voltar, percebo os olhos dele brilhando.

- Ok! Eu falo, mas por favor se um dia nos encontrarmos e eu não te ver ou fingir não ver, não grite meu nome.

Ele sorri e concorda.

- Me chamo Adryene Fernandez.

- Adryene. Amei seu nome, jamais irei esquecer.

Olho para meu celular, já está tarde, preciso dormir ou pelo menos tentar dormir, a noite vai ser longa.

- Bom já deu minha hora, preciso ir. Foi bom te conhecer Daniel.

- Foi bom te conhecer também Adryene. Até algum dia que o destino permitir nossos caminhos se cruzarem novamente.

Ele fala pegando minha mão. Pego minha bolsa e meu celular e saio dali sem olhar para trás, mas com a certeza de que ele está me observando.

O RECOMEÇOOnde histórias criam vida. Descubra agora