Capítulo 10

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Começo a despertar aos poucos ouvindo um apito baixo e contínuo, sinto um vai e vem em minha cabeça deixando uma sensação gostosa, me mexo em direção ao que toca meus cabelos querendo mais daquela sensação - Parece um gatinho - uma fraca risada chega aos meus ouvidos logo depois da frase, abro meus olhos ainda meio embaçados pelo sono, mas assim que avisto aquele sorriso, um misto de emoções me toca, alegria por vê-lo acordado e tristeza por vê-lo deitado naquela cama com o soro que corre pra dentro de suas veias e o pequeno tudo em seu nariz - Arth - me jogo em seus braços, não controlando as lágrimas que voltam a encher meus olhos ainda vermelhos - Ei pequeno, com calma - a risada e o afago que recebo minha cabeça que está apoiada em seu peito, intensifica meu choro - Você me assustou, nunca mais faça isso - me aperto ainda mas em seus braços e sinto seu peito tremer com uma risada silenciosa - Me desculpa, esta tudo bem agora - por um momento quis acreditar naquilo, mas o tom em sua voz deixava claro que as aquelas palavras tinha apenas o objetivo de me acalmar.

Me acomodo ao seu lado na cama e enrolo minhas mãos em sua cintura - Você tá bem mesmo ? - minha voz sai muito baixa, confesso que senti muito medo de sua resposta. Eu estava certo por que as palavras não vieram, ele apenas continuava fazendo carinho em meu cabelo, e eu apenas me mantive ali, imovel sentindo o calor de seu corpo - Tio você tá acordado ? Eu - a voz surge um pouco antes de Miguel passar pela porta, assim que nossos olhos se encontram, sinto um frio na minha barriga e desvio rapidamente de seu olhar - Desculpa eu não quis atrapalhar - ele já se virava para sair do quarto, mas Arth o interrompeu - Tudo bem, pode entrar Miguel - eu não entendia como estando naquela maca, com uma agulha enfiada no braço e precisando do auxílio de oxigênio, meu daddy ainda conseguia sorrir daquele jeito - É que João disse que tem alguns documentos que você tem que assinar - Miguel parece normal, mas ainda lembro de seu rosto choroso e suas mãos que apertavam minha roupa ontem a noite quando ele entrou no meu quarto dizendo que queria conversar, a verdade é que não falamos nada durante algum tempo, apenas compartilhamos as lágrimas e a ansiedade pelo estado de Arthur, um tempo depois ele apenas murmurou um "obrigado" e saiu do quarto.

- Ah sim, peça pra que ele entre, e por favor leve Kayke pra tomar o café - sinto meu corpo arrepiar por um momento e quando estava preste a dizer que não tinha fome, meu estômago me trai, roncando alto e fazendo minhas bochechas arderem de vergonha, o peito dele treme de novo soltando uma risada um pouco alta - Tudo bem pequeno, eu estou bem, vá tomar seu café - após um beijo estalado no topo de minha cabeça, me afasto encarando seus olhos brilhosos e o perfeito sorriso que me encantou desde os primeiro minutos em que nos conhecemos, retribuo, logo lhe dando um pequeno beijo na bochecha, quando saio da cama cometo o erro de encarar Miguel, mas dessa vez é ele quem desvia o olhar - Vou mandá-lo subir - ele caminha até a porta a abrindo, mas para segurando-a e me olha - O café vai esfriar - não sei por que me sinto ainda mais envergonhado, murmuro uma pequena desculpa e caminho em sua direção, passando pela porta. Não falamos nada durante o percurso, apenas comprimento os empregados que passavam por mim, assim que chegamos a cozinha corro em direção a Susu, que estava tirando um bolo do forno e me jogo em seus braços - Minino você tá louco, vai se queimar - apesar das palavras, ela ri afagando minhas costas com a mão livre, por causa do que aconteceu ontem eu nem consegui falar direito com ela, mas era claro atraves de seus olhos inchados e com olheiras escuras, que sua noite também tinha sido difícil - Vem senta aqui e prova um pedacinho de bolo, ta virando num graveto, não te alimentaram naquela mansão - o jeito de vó de Susana era uma das coisas que mais me encantou nela quando a conheci, sem nem me conhecer, sem saber nada sobre mim, ela me acolheu como um abraço de mãe, e na confusão de sentimentos que eu estava, isso era tudo que eu precisava, a abracei ainda mais forte - Senti tanto sua falta - dei um beijo em cada bochecha dela, e me sentei a mesa que já estava posta, de forma simples, mas sempre com quitutes deliciosos - Você também meu pequeno príncipe, senta aqui - disse ela puxando uma cadeira ao meu lado me fazendo encolher um pouco o corpo, infelizmente acho que ele percebeu, pois sentou exatamente no lado oposto ao que eu estava, Susu parecia não perceber a atmosfera entre nós, ou talvez pensasse que era a implicância normal de todo dia, mas mesmo que eu não saiba exatamente quando ou como, era inegável que nossa relação tinha mudado - Advinha do que é o bolo? - a pequena mulher sorria alegre encarando rosto de Miguel quando o mesmo se aproximou do prato sob a mesa e fungou sentindo o aroma do quitute ainda com fumacinhas por ter acabado de sair do forno - Bolo de laranja com baunilha - o frio no estômago me percorreu quando vi aquele sorriso em seus lábios, um sorriso e um olhar tão puro, quase infantil, que quase me fez corar

Malditas Entre LinhasOnde histórias criam vida. Descubra agora