Capítulo 4

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Aconchegado no balanço de madeira em meio ao jardim lindamente florido, aproveito o solzinho gostoso da manhã, Arthur saiu muito cedo mas prometeu voltar para me fazer companhia no almoço, dona Susana a governanta/cozinheira está volta do mercado — Deixa eu te ajudar Susu – já faz uma semana que estou morando na mansão e a pequena cozinheira tem sido minha melhor e única companhia enquanto Arth trabalha, ele me pediu para não chamá-lo Daddy, por que ele se sentia constrangido, o que obviamente eu já tinha notado pelas suas bochechas coradas, mas justo por isso eu fazia, vê-lo assim era muito fofo, sem contar o bônus de ver o estorvo intitulado como sobrinho de Artur, bufando de raiva, o que pra mim era um prazer ser o motivo de sua insatisfação diária.

Pego a maioria das sacolas, afinal Susana á é uma senhora de idade, não deveria fazer esforço, isso é uma coisa que terei que falar com Arth, começamos a tirar as coisas das sacolas e quase dou um gritinho quando vejo vários pacotes do salgadinho que tanto amo, em meio aos legumes, mas assim que toco o pacote, ele é arrancado de minha mão, fiquei tão chocado que o máximo que consegui foi fazer cara de cachorrinho — Ei, Su você lembro de mim – por mais nojo que me dê, preciso admitir que o sorriso que seguiu essa frase foi digno de comercial de pasta de dente, se ele fosse um ser humano decente com certeza seria um alvo em meu radar, mas ainda estou em minhas faculdade mentais para descartar completamente esse delírio.

— Ah, meu menino sinto muito, mas esses são do Kayke, Dr Arthur me pediu que comprasse pois é seu preferido, não é meu filho? – não sei pelo que fico mais feliz, se pelo sorriso de Susu, por saber que Daddy pensa em mim, pelo meu salgadinho preferido no mundo ou pela cara de incredulidade de Miguel... Ta amei todo resto mas a cara dele de decepção foi tudo pra mim
— A Susu obrigada, realmente eu amo esse salgadinho –

— Todos esses só pra esse ai?

— Esse ai vírgula, eu tenho um nome querido.

— Não use esse tipo de intimidade comigo, não quero perder meu apetite antes do almoço.

— A é!? Que pena, ia dividir com você, mas a fim de preservar seu apetite vou ficar com todos, e não se preocupe essa palavra saindo de minha boca, direcionada a você deixou um gosto amargo ma minha garganta, nunca mais vou usa-la – dou um sorriso e junto MEUS pacotes de salgadinho e vou pro meu quarto, mas idiota como sou não consigo ser egoísta, por menos que tivéssemos minha mãe sempre me ensinou que o pouco dividido, se torna muitos aos corações, levado apenas pelo caráter que minha mãe me ajudou a formar. Me direciono ao terceiro andar onde ficam os quartos, mas ao invés de entrar na 3°porta onde fica o meu, entro na última porta, no fundo do corredor, espio pela fresta e pro meu alívio não tem ninguém no quarto, me aproximo da enorme cama quase no centro do quarto. O quarto é espaçoso é muito bem organizado, infelizmente preciso admitir que ele tem bom gosto, deixo 3 dos 10 pacotes em cima dos lençóis de seda, não que eu queira prestar atenção nesses detalhes, mas o perfume que exala neste ambiente é muito gostoso.

Minha boa ação está feita, e vale pela semana inteira, afinal o agraciado por minha gentileza não é digno da mesma, agora volto ao meu quarto, preciso de banho pra estar cheirosinho para quando meu Arth chegar.

...

— Terminei de lavar a salada Susu – o cheiro delicioso de lasanha flutua por toda cozinha, sério só de pensar na comida de Susana minha boca já enche de água, oh mulher pra ter habilidade nas panelas, e claro que já estou pegando algumas dicas por que não sou fraco né
— Esse cheiro delicioso está chegando lá no portão – diz Arthur entrando na cozinha, corro em direção a ele e me jogo em seus braço, essa semana ele tem estado muito fora do casa, sei que seu trabalho é exigente mas tenho me sentido sozinho — Se for pra ser recebido assim, vou começar a almoçar todo dia em casa – diz Art me retribuindo o abraço — Tio já chegou? – brilhantemente pergunta o incômodo loiro entrando na cozinha  — Não é um holograma – sou incapaz de evitar o deboche, mas é melhor eu voltar a ajudar Susu ou não sei o que sou capaz de responder, Daddy e o abominável, já estão conversando na sala, falando sobre algo do escritório.

Terminamos de colocar as travessas a mesa e corre pra chamar Arth infelizmente o entojo, cujo meu Daddy tem parentesco vem junto. Nos sentamos todos juntos a mesa e nossos olhos são agraciados com a linda forma de queijo borbulhante a nossa frente. O almoço foi silencioso, mas não por alguma situação desconfortável e sim pela deliciosa lasanha que estava nos sendo ofertada. Acho que pela primeira vez nessa semana nós três compartilhamos os mesmos sentimentos, felicidade e barriga cheia. Tudo que eu precisava agora era de um soninho.

...

Depois de ajudar Susana a com a louça, mesmo aguentando suas reclamações sobre eu não ser empregado, e que não deveria fazer trabalhos domésticos. Mas realmente não me importo até gosto de lavar louça, só não me peça pra dobrar roupas, ecaa

Depois de escovar meus dentes me deito deliciosamente em minha cama, bem aconchegado em baixo do edredom macio, não tem nada melhor do que um soninho depois do almoço, não demora muito e já estou apagando.

"Por que essa praga não atende o telefone"

Estou irritado, Pedro estava completamente bêbado quando nos separamos, já esperava por isso, ver seu primeiro amor e atual namorada na cama com seu melhor amigo, deve ser uma dor sem igual, não pude impedir que ele entrasse dentro das garrafas, mas não devia ter deixado que ele saísse sozinho no estado em que estava, e agora ele não atende o telefone.

É melhor ir ate sua casa, pelo estado de embriaguez e pela tristeza, acho melhor ele não ficar sozinho hoje. Achei que o pior que passaria essa noite seria limpar vômitos e lágrima, mas assim que chego em frente a casa dele meu mundo ruiu de uma maneira indescritível, as chamas laranjas e altas que saiam pelas janelas seriam lindas se não fosse tão assustadoras, o calor que bate contra meu corpo me causa um certo sufocamento, mas o pior de tudo e saber com certeza pelo carro parado na garagem que Pedro esta la dentro. Sem pensar em mais nada invado a casa sendo recebido por labaredas e um bafo quente que parecia derreter meus pulmões, o fogo estava mais intenso na cozinha, mas rapidamente se espalhava pela casa

— PEDRO...PEDROOOOO

Grito enlouquecido pela casa, não sei onde ele se enfiou e em seu atual estado provavelmente está apagado em algum lugar, corro escada a cima mas o segundo andar está vazio, apenas a fumaça se faz presente no lugar, meus olhos ardem e minha garganta parece começar a arranhar, me aproximo da sala de volta ao primeiro andar e ainda que muito baixo mas posso ouvir uma tosse.

— Pedro.

Corro em sua direção, ainda que com muita dificuldade vejo que ele está respirando, por causa da bebida e do tempo em contato com a fumaça seu corpo está muito fraco, o fogo já começa a invadir os outros cômodos da casa, me apresso e ergo o corpo de Pedro nos braços mas seu corpo já é maior que o meu, e fraco desse jeito, é quase impossível pra mim carregá-lo, arrasto ele do melhor jeito que posso, tudo ao meu redor está vermelho e muito quentes, agora sou eu que sinto meu corpo fraquejar.

Estou quase na porta, quando graças a deus e provavelmente algum vizinho vejo luzes piscando e uma sirene de ambulância soar do lado de fora, consigo colocar meio corpo pra fora, quando sinto algo acertar minhas costas e uma ardência tomar meu corpo, jogo Pedro pra fora da casa vendo seu corpo se chocar contra o chão, muitas pessoas correm em nossa direção mais meus pulmões já não suportam mais aquele esforço, e infelizmente me deixou levar pela fraqueza do corpo e a escuridão toma meus sentidos mas sabendo que meu amigo está recebendo atendimento me entrego se mais resistir

Acordo suado pelas lembranças do passado, não sei por que essas memórias retornaram agora, talvez seja um sinal, desde que vim morar com Arthur não entrei mais em contato com Pedro, apenas algumas mensagens de bom dia e se cuide, talvez devesse ligar pra ele, fico muito feliz de ver o cara incrível que ele se tornou, sinto falta de nossos dias juntos, as risadas por nada e os nada que fazíamos juntos, eram muito pra mim. Enfim acho que vou marcar um encontro com ele quando ele voltar pra cidade, mas agora preciso urgente de um banho. Hoje é noite de sexta e seremos só eu e Arth em casa, estou com um frio gostosinho na barriga, só em pensar o que pode acontecer hoje, e acho que agora vou precisar é de um banho frio. 

Malditas Entre LinhasOnde histórias criam vida. Descubra agora