Capítulo 9

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Ao contrário de quando viemos para mansão de doutor Ricardo, o silêncio no carro agora era pesado e incômodo, ainda sinto meus lábios inchados pelo beijo que foi interrompido por um homem de terno que entrou na varanda, me senti ainda mais envergonhado quando ao passar por ele, ele sorriu pra mim, corri pro quarto que me foi dado por Luka e junto o que consegui dos meus pertences, Miguel logo apareceu na porta mas tudo que eu consegui dizer era que queria voltar pra casa. E agora estamos aqui, em um silêncio esmagador dentro desse carro, não sou hipócrita, o beijo tinha sido realmente bom, e foi até um pouco estranho a forma como nossas línguas pareciam se conhecer, mas a loucura daquilo foi demais pra mim, não sei se por ter encontrado aquele Chuck produzido em uma fabrica ilegal na Paraguai, ou o excesso de bebida que podia ser sentido em seu hálito. Só podia ser isso não é, como se eu tivesse dado liberdade pra ele me beijar, Miguel me odeia desde o primeiro minuto em que entrei naquela casa, e em sã consciência, ele nunca faria isso com Arth, e pensar em meu Daddy só me deixou ainda mais triste, meu peito doía só de pensar em sua expressão quando eu contasse o que aconteceu e implorasse por seu perdão, por que era obvio que eu contaria, depois de tudo que ele fez por mim eu não o trairia daquele jeito. 

Sinto o carro parar e quando olho já estamos em casa, abro a porta e saio, antes que fechasse a mesma escuto um palavrão de Miguel, logo sua porta é aberta e batida com força quando ele caminha até mim, meu braço é puxado com um pouco de força — Vai mesmo continuar agindo como se nada tivesse acontecido – ainda que a cara fosse fechada e a frase dita através dos dentes serrado, os olhos me pareciam tristes, mas o que eu podia fazer, aquilo foi um erro causado pelo excesso de bebida e confusão de nossos vario sentimentos, não tinha por que conversar por algo tão vergonhoso — Eu não tenho que fingir que não aconteceu, por que não significou nada – quase me encolho com o aperto que aquela frase causa em meu peito, seu aperto em meu braço perde a força na mesma hora, desvio os olhos começando a caminhar em direção as escadas, mas antes que eu pudesse entrar a porta se abre e Susana aparece na porta, suas mão estão tremendo e o rosto lavado por lágrimas, ouço o barulhos dos pés de Miguel correndo pelo cascalho — ONDE, ONDE ELE ESTÁ ? – o pânico em seu rosto me assusta.

— Na... Na sala – o nervosismo de Susu parece me invadir, eu não entendi nada do que estava acontecendo, mas assim que ele passa por nós quase quebrando a porta, tudo que faço é correr atrás dele enquanto ouço o choro de Susana atrás de mim. Quando chego na sala quase tenho um troço ao ver Arthur completamente pálido sentado no sofá, com dificuldade de respirar e a mão sobre o peito — Tio, tio aqui, vai ficar tudo bem, SUSANA LIGA PRO KAIO – gritava Miguel pegando meu Daddy em seu colo e correndo pro quarto onde acordei no primeiro dia aqui na mansão, ele coloca Arth sob a cama e abrindo uma gaveta, ele pega alguma coisa em uma seringa e crava na perna dele, eu tento me aproximar pra oferecer alguma ajuda, mas sou impedido — Não, sai daqui, isso é culpa sua, ele estava bem antes de você aparece... Todos nós estávamos melhor antes de você aparecer – seu grito me faz encolher, a voz era cheia de ressentimento e dor, as lágrimas de medo agora se tornam de tristeza — Me... me desculpa – apenas saio correndo em direção ao quarto, fecho a porta e me deixo escorrer na primeira parede que vejo.

Quando entrei naquele site, tudo que queria era esperança, não temer o dia de amanhã, sem precisar me preocupar com o que comer, ou se iria apanhar pelo atraso do aluguel, quando Arthur me escolheu, parecia a coisa mais surreal, fiquei tão feliz que nem cogitei todas as consequências dessa loucura, ser propriedade de alguém que eu mal conhecia, viver em um mundo que eu nunca passei nem perto, conviver com pessoas que não gostariam de mim, com isso eu até estava acostumado, então não entendia porque meu peito doía tanto pelas palavras de Miguel, a dor que vi em seus olhos fez minha própria tristeza aumentar. Com as mãos trêmulas pego o celular do bolso do casaco, pensando na única pessoa que tenho em minha vida — Por favor... Por favor, atende – mas nada, naquela hora eu estava sozinho, e de qualquer maneira eu não saberia explicar a Pedro toda aquela loucura. Meu rosto está gelado pelas lágrimas, meu nariz agora só serve de decoração, está completamente trancado por causa do choro, minha garganta arde e tenho certeza que minhas pernas dormiram, o significado de patético, poderia ser descrito apenas me usando como exemplo. Como se eu já não estivesse um caos, o barulho de alguém batendo na porta me assusta me fazendo bater a cabeça na parede, deve ser Susana coitada, que me viu sair correndo daquele jeito — Eu to bem Susu, só preciso ficar um pouco sozinho – mas assim que respondo e solto um suspiro engasgado, a porta se abre lentamente, e quem aparece na porta é quem eu menos imaginava, Miguel com rosto igualmente ao meu, marcado por grossas lágrimas e olhos vermelhos, coloca a cabeça entre a brecha que foi aberta — Sou eu – como não reclamo, ele entra um pouco mais pra dentro do quarto fechando a porta atrás de si — Podemos conversar ? — não digo nada, então como claramente não o mandei embora, ele entra de vez no quarto  — Primeiro tenho que te pedir desculpas – respirando fundo e segurando os cabelos, ele parece com dificuldade pra encontrar as palavras — Olha, isso não tem nada haver com você, eu fui idiota falando aquilo, o único maldito culpado por tudo isso sou eu, eu nunca quis... eu não imaginava – me sinto perplexo quando vejo pequenas gostas caírem sob sua calça de tecido escuro — Eiii, shhhh tudo vai ficar bem – não que eu soubesse disso, só sentia que tinha que dizer algo, seu corpo agora tremia pelos soluços e não pude evitar de enrola-lo em meus braços, suas mãos rodeiam minha cintura e agora as lagrima molham meu casaco, faz alguns dia que não sei o que esta acontecendo comigo, nunca nos demos bem desde que vim morar aqui, seus comentário e implicâncias eram diários, mas ele e nada pra mim, eram mesma coisa, mas desde o jantar na casa de Luka por algum motivo que não sei, e me incomoda pra caralho, tudo que envolve Miguel parece me deixar sensível, o que afeta ele, me afeta e isso é irritante, eu não devia estar neste exato momento o abraçando apertado e sentido meu peito doer por ver ele chorar, isso era coisa de gente... NÃO, pera, não pode ser, eu ...

Ele se afasta do meu ombro e me encara com os olhos vermelhos e os lábios trêmulos
— A CARALHO EU TO APAIXONADO POR ELE !! 

Malditas Entre LinhasOnde histórias criam vida. Descubra agora