Capítulo 14

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Depois do um não tão pequeno surto de Miguel, agora estamos aqui todos no escritório, Pedro devidamente vestido, Miguel soltando fogo pelas ventas, eu pensando seriamente em fazer cosplay de avestruz e enfiar minha cabeça em um buraco qualquer no jardim, por afinal... Arthur também está aqui — Ah, obrigada Suzana – agradece meu daddy enquanto nossa doce Su entra no escritório com alguns quitutes, pego logo um pedaço de bolo, não necessariamente por fome, mais como um desculpa pra não precisar falar nada — Então Pedro, é um prazer conhecer um amigo de Kayke, ainda que não soubesse que ele tinha um, devido a situação em que eu o encontrei – apesar da pose de príncipe, o tom de Arth era quase agressivo, assim que vi o franzir de sobrancelhas de Pedro, eu sabia que está muito ferrado — Situação ? A que o senhor se refere ? – a aura sempre brincalhona abandonou meu amigo naquele momento — Que belo amigo, não – se o comentário de Miguel foi ouvido por Pedro, foi completamente ignorado, sua atenção estava mais do que concentrar no que Arth estava preste a falar — O apartamento em que ele estava morando precisaria de muita reforma pra ser chamado de espelunca – a aura ao redor de Pedro mudou de tal forma, que um frio tomou conta da minha espinha, eu esperava muito que esse dia não chegasse — Qual endereço deste tal apartamento? – e assim que meu daddy lhe passou a informação, seu olhos se voltaram para mim, e se olhar matasse eu estaria fazendo minha passagem neste exato momento — Você se mudou sem me dizer? Por que ? O apartamento que achamos era perfeito, por que fez isso Delícia ? – assim que o apelido saiu de sua boca, pude ver pelo canto de olho as unhas de Miguel se cravando no couro da cadeira, e eu precisava responder, eu devia isso a ele, mas eu sabia que minha resposta o deixaria ainda mais enlouquecido — Hum, não estava conseguindo pagar o aluguel – naquele momento ele se levanta, passando as mãos sob os cabelos escuros — Que droga Kayke, quantas vezes eu disse pra me falar se precisasse de algo, eu disse que pagaria seu aluguel – tirando um cigarro do bolso, ele leva direto aos lábios, eu me levanto no mesmo segundo — Não se atreva – apesar do meu nervosismo minha voz sai firme — Não vou acender – ainda que sua raiva estivesse impregnada em sua voz, seu olhar cravado em mim era tranquilo e firme, ele não quebraria tal promessa.

Parar de fumar foi a promessa que ele  fez no hospital, caso eu acordasse depois do incêndio,  esse que foi iniciado pelo cigarro aceso que ele deixou cair enquanto estava bêbado após aquele término de namoro. Mais calor que naquele dia, eu sentia agora pelo olhar penetrante e quase doloroso de Miguel em minha direção — Por que não me falou nada? Eu disse que faria qualquer coisa por você – e eu sabia que sim, mas não podia continuar dependendo da bondade dele — Pelo que percebo, você não sabia de nada do que estava acontecendo, o que é um pouco estranho, dado o fato de que você se demonstra um amigo com tanta intimidade, e um amigo desse nível não deveria saber que aquele a qual você preza tanto estava sendo agredido pelo senhorio do prédio !? – sabe aqueles efeitos especiais de filme, quando algo bombástico acontece, no fundo da cena estouram raios e trovões !? Então era assim que eu sentia a sala, Pedro veio como o The Flash em minha direção, envolvendo meu rosto em suas mãos e analisando centímetro por centímetro, quando seus olhos caíram na pequena e praticamente invisível cicatriz em minha sobrancelha - feita muito antes de Arth me salvar - seus olhos adquiriram um tom avermelhado — Junte suas coisas você vai voltar comigo pra França  –seu olhar é firme e sem brecha para discussão pelo menos de minha parte, já Miguel pensava diferente — Ele não vai a lugar nenhum – tão rápido quanto suas palavras, foi a forma como ele me puxou pra trás de seu corpo — E quem é você pra decidir isso? – sabe aqueles documentários do Discovery onde dois gorilas ficam se encarando!? Então, estou vendo um ao vivo — Por que eu... – cravo minhas unhas em seu braço por puro desespero, enquanto encaro meu daddy sentado tranquilamente tomando seu chá, como se o que está acontecendo aqui fosse a coisa mais básica e normal de seu dia a dia. Pedro continua o encarando com os olhos pequenos, esperando o final de sua frase, soltando um suspiro frustrado, Miguel reformula sua frase — Ele tem um contrato a cumprir – e como se até agora a coisa já nao estivesse feia pro meu lado, naquele momento apenas apertos os olhos, de tudo que Miguel poderia ter falo aquilo era o pior, essa era a única ideia que tive durante a adolescência que Pedro sempre abominou — Você não fez isso – o maxilar trincado quase não permitia que suas palavras saíssem dos lábios finos, mas claramente Miguel não se daria por satisfeito ele precisava provocar ainda mais o furacão Pedro — Sim ele fez, ele é um Baby – e aquele sorriso idiota que um dia eu achei até bonitinho, estava nos lábios dele, transamos a noite e foi ótimo, mas definitivamente naquele momento é que Miguel tinha me fudido com perfeição, meus olhos se arregalaram quando diante de mim, Pedro começa a tirar o cinto que lhe prendia as calça e chamar meu nome, tudo que posso fazer é correr pelo escritório gritando como uma menininha.

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