Capitulo 15

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Depois de muitas voltas pela sala, com os braços pra cima e a voz de taquara gritando, agora estou a salvo, ou não. Já que me livrei de Pedro - que agora conversa a sós no escritório com Arth - mas em compensação estou na sala de estar, com Miguel. Ele não dirigiu a palavra a mim, desde que saímos de lá, mas seus olhos quase raivosos me olham de vez em quando. Me sento no estofado quase ao seu lado, me mantendo em silêncio em primeiro momento, mas tento disfarçar o silêncio absurdo ao nosso redor — Me dá um gole? – peço apontando com a cabeça em direção ao copo que ele segurava na mão, quando ele me encara dou um sorriso de lábios, mas não sou retribuído. Ele apena me encarou antes de virar o líquido inteiro e de uma só vez nos próprios lábios, o encaro de queixo caído — Foi mal, acabou… Delícia – o óbvio deboche, me faz revirar os olhos e suspirar — Ual, quanta maturidade Miguel – suspiro, me esparramando sobre o estofado — Se está insatisfeito talvez devesse procurar alguém mais de acordo com suas expectativas, trocar algumas fraldas não deve ser grandes coisa pra você – ele tentava soar debochado, mas eu podia ver a confusão de emoções em seus olhos, mas eu também estava confuso, e não estava com cabeça pra suas bobagens — Tem razão, talvez eu deva procurar alguém que consiga ter uma conversa adequada, quem sabe na França eu ache esse alguém – bufei me levantando do sofá quando sua mão puxar meu braço, me derrubando de volta no sofá
— Você não vai a lugar nenhum – ao quase pude ouvir o som dos dentes trincando. Seus olhos eram fixos em mim, e seu rosto estava mais sério do que eu jamais vi até agora. 

Não posso negar que não presto, pois aquele olhar dominador me deixou excitado, admito, mas se ele achava que me teria na palma de sua mão depois de me tratar com desprezo, estava muito enganado — Haha, e quem disse que é você que decide isso? – a intenção era irritá-lo, fazê-lo pedir desculpas e admitir que era apenas uma criança birrenta, mas acho que escolhi a maneira errada. Suas pupilas dilatam a minha frente, com apenas uma mão ele segura meus pulsos acima da cabeça, e em dois segundo o vejo tirar o cinto e amarrar minhas mãos — Eii, o que acha que ta fazendo? – tento questionar, mas o lenço de tecido que ele tira sei lá de onde, já era enfiado em minha boca. Arregalo os olhos e começo a resmungar, além de me debater, sua boca alcança meu peito, assim que a camisa é erguida, sua boca toca meu peito deixando uma mordida no mamilo esquerdo, e uma marca vermelha intensa no direito. Quando seu rosto se ergue e me encara, suas palavras desencadeiam uma choque em minha coluna — Você acha que eu estou brincando Kay? Você não faz ideia do que sou capaz!

...

— Aqui pequeno, coma tudo. Você tá muito magrinho – Susu faz um carinho em meus cabelos, enquanto me entrega um prato com uma deliciosa e cheirosa macarronada. Mas apenas sorrio meio amarelo, e tambem pudera, já que tres pares de olhos recaiam sobre mim. Pedro sentado a minha frente, Miguel ao meu lado, e Daddy na ponta da mesa. Minha "conversa" com Miguel havia sido interrompida por uma das empregadas que veio limpar a sala, profissional como era, não falou nada sobre o que viu, mas seus olhos arregalados e as bochechas coradas deixavam claro que ela havia percebido algo. Além disso, Pedro também me fulminava com o olhar, já que eu lhe devia muitas explicações, não sei exatamente o que Arth conversou com ele, mas parece ter funcionado já que ele estava minimamente mais calmo
— Então senhor Pedro, posso perguntar o que veio fazer aqui? – Miguel rapidamente interrompe o clima calmo do almoço. Posso sentir os olhares provocativos entre eles, e os sorrisos debochados e fingidos — Vim a negócios, além é claro, de matar a saudade da minha delicia – Pedro apenas sorri divertido, antes de tomar um gole do suco que lhe foi servido. Já Miguel aperta com força o garfo em sua mão, pronto pra questionar mais alguma coisa, mas Arth toma a palavra
— Se não me achar indelicado, posso perguntar que tipo de negócios o você administra, senhor Pedro? – aquela pose de lorde europeu que meu daddy tinha, sempre me derretia, ele era lindo, educado, perfeito na verdade, era tão engraçado pensar que ele era parente do Gremlin ao meu lado. Que revira os olhos a cada palavra que Pedro dizia — Indelicadeza nenhuma doutor Arthur. Sou dono de uma rede de restaurantes pelo país. A matriz é aqui na cidade, mas estou abrindo uma nova filial na França – o sorriso de Pedro, e o ergue de sobrancelhas de respeito dado por Daddy, fez um sorrisinho me fugir dos lábios. Que logo foi substituído por um arregalar de olhos, quando sinto a mão grande e quente de Miguel tocar minha coxa. Ridiculamente por causa da surpresa deixo meu garfo cair sobre o prato, fazendo um barulho, e chamando a atenção de todos, ou quase todos, por que o responsável por meu susto, escondia a risada na borda do copo, que já levava ao lábios — Pequeno, você está bem ? – a voz atenciosa de Arth questiona, e eu sorrio disfarçando, pegando novamente o garfo — Ah si… Sim Dad ‐ não conclui a frase, pois os as sobrancelhas erguidas de Pedro me questionam e o aperto de Miguel fica mais intenso, engulo em seco, sorrindo mais um pouco e terminado minha resposta — Esta tudo bem Arth, apenas um formigamento – termino de falar e já enfio um punhado da massa, quase fria na boca.

Minhas bochechas queimam. E agora quase engasgo com a comida, quando sinto um pé roçar minha canela. E não preciso olhar pra frente pra saber de quem era aquele membro inconveniente. Pedro amava me provocar, e claro que minhas bochechas quentes, entregaram meu constrangimento, e como bom amigo que é, obviamente ele aproveita pra me constranger ainda mais — Esta tomando os remédios e vitaminas que o médico prescreveu? – as provocações em meu corpo param, pra que juntos, ambos os homens que me tocavam agora suspirem irritados e me questionem juntos — Você está doente? – Pedro parecia preocupado, já Miguel ao meu lado, furioso. 

Suspiro, tomando um gole de suco, pra limpar o paladar e ter tempo de pensar em algo — Nada demais, apenas falta de alguma vitaminas – sorriso disfarçado, acenando com a mão e torcendo pra que eles partissem pra qualquer outro assunto. Porém meu daddy não parecia estar em sintonia com minhas vontade hoje — Ele teve algumas costelas quebradas, além de desnutrição e falta de ferro – e… pronto, tudo que eu não queria, estava acontecendo. Durante uns cinco minutos, fui açoitado pelas palavras de Pedro, me chamando de inconsequente e muitos outros xingamentos sutis. Em contra partida, Miguel se manteve em silêncio, e pra ser sincero isso me assustou mais do que a explosão de meu amigo — Entendo suas preocupações senhor Pedro. Mas o que passou, passou. Kayke enfrentou muito coisa, e tudo que merece agora é nunca mais passar por tais situações. Se é tão apegado a ele como parece, tenho certeza de que fará seu melhor pra isso. Entendo após esse discurso, que posso contar com o senhor, para proteger Kayke não!? – as palavras de Arth me pegam de surpresa, e claro as palavras de Pedro também me impactam — Kayke é minha prioridade, devo minha vida a ele. E faria qualquer coisa pra vê-lo feliz – os olhos dele encaram Miguel com intensidade — Bem pertinho de mim, é claro – se fossemos um desenho animado, com certeza sairiam aquelas fumacinha de raiva de cima da cabeça de Miguel, e os raizinhos vermelhos de ambos os olhares ali. Eu por outro lado queria apenas enfiar a cabeça na panela de macarronada, e fingir que era um pedaço de cogumelo. Sabe, durante muito tempo sonhei ser aqueles protagonistas, que são disputados pelos outros protagonistas gostosos e ricos, mas agora estando exatamente nessa situação, só queria ser o amigo gay dá mocinha inocente.
Como diria Mia Colluchi — Como é difícil ser eu. 

Malditas Entre LinhasOnde histórias criam vida. Descubra agora