É bom saber que não estamos sozinhos

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— Vai.

Foi a única coisa que Frank disse ao olhar nos olhos de seu filho e abaixar sua arma. Não houve nenhum confronto entre ele e o Homem-Aranha. Se fosse em circunstâncias diferentes isso aconteceria. Porém o que Frank queria era que o herói levasse seu filho para longe dali.

Era nítido o semblante de angustia nos olhos de Frank. Enquanto o vigilante levava Noah embora, uma mistura de sentimentos abraçou o moreno. Seus olhos começavam a lacrimejar naquele momento. Estava triste, estava com medo, estava com raiva.

Num último ato de bondade, assim dizendo, o pai de Noah deixou ele sair dali com a esperança de que um dia ele o perdoasse por causa de seus erros.



...



Era quase tarde, o sol estaria se pondo e Josh levou Noah para sua casa. Assim que chegou, sua tia os viu e ficou preocupada. Josh tinha os braços em volta de Noah e o mesmo encarava o chão processando tudo o que aconteceu. Seus olhos estavam completamente vermelhos e as vezes começava a tremer.

— O que aconteceu? Ele está bem?! – Tia may perguntou se aproximando e acariciando as bochechas de Noah.

— Acabou de perder um parente, a família foi fazer uma viagem e ele não quis ir. Será que ele pode ficar aqui por um tempo tia? – Josh também não estava com a aparência muito boa, tudo aquilo o afetava de certo modo.

— Claro querido, sem problemas.

Josh assentiu e sorriu agradecendo. Levou Noah até seu quarto e o deixou na cama enquanto fechava a porta. Ele ainda não falou nada desde que saiu de sua casa, continuava encarando o chão e com os braços cruzados.

— Ei... – O loiro se sentou ao seu lado na cama e o abraçou o confortando em seus braços. — Vai ficar tudo bem, eu tô aqui.

Ficaram assim por um bom tempo, até que Josh conseguiu convencer Noah a tomar um banho para que ele pudesse se sentir melhor. Lhe emprestou uma toalha e o deixou ir até o banheiro. Mas assim que ia abri-la, Noah parou.

— Algum problema? – Perguntou Josh de longe.

— Você... pode vir comigo? – Noah disse quase em um sussurro o se virar com os braços encolhidos na toalha para o outro. — Não quero ficar sozinho.

O loiro assentiu preocupado e foi com ele até o banheiro. Josh retirou devagar as roupas de Noah e depois as suas, os dois entraram no boxe e quando Josh ligou o chuveiro e a água bateu no corpo de Noah, ele se arrepiou.

Pra qualquer casal de adolescentes normais, aquele seria um momento intimo e de prazer para ambos. Mas ali não havia nenhuma malicia envolvida, era só Noah lidando com seus demônios e Josh o ajudando a passar por isso.

Enquanto Josh ensaboava o corpo de Noah, ele percebeu que o mesmo começa a chorar por causa de seu semblante. Ele o abraça afundando sua cabeça em seu peitoral e acaricia seus cabelos. O choro aumenta, vai ganhando vida e faz Josh o abraçar cada vez mais forte com a água caindo sobre eles.



...




Não!

Josh acordou desesperadamente com o grito de Noah que estava ao seu lado na cama, esfregou seus olhos e encarou o outro que respirava rapidamente de nervoso e que parecia ter saído de um filme de terror.

— Meu bem o que aconteceu?! – Ligava o abajur ao lado da cama.

— Eu sonhei com meu pai... - O loiro segurou a mão de Noah. — Sonhei que estávamos de frente um pro outro e quando eu menos esperava, ele atirou em mim. No meu peito.

— Não precisa se preocupar, você está aqui comigo, seguro. – Josh disse tentando o confortar.

— Você acha que ele faria isso?

— O que? Te machucar?

— Eu fui amarrado em uma cadeira, sem poder me mexer, nem pedir ajuda. Tive uma arma apontada pra minha cabeça e não sabia como reagir, não sabia se eu iria morrer ali ou se conseguia forças pra sair daquela situação... Eu levei um tapa no rosto, de um velho. — Noah dizia aquilo com desprezo. — E eu só tenho dezessete anos.

— Noah...

— Tudo isso por que ele queria descobrir o que eu sabia sobre ele ser um assassino desgraçado.

— Então porque ele deixou a gente ir? Ele poderia ter atirado em mim, não acha?

Noah sentia as lagrimas querendo descer novamente, pensar nas possibilidades do que poderiam acontecer apenas o machucava. E a verdade é que por mais que tenha passado por tudo isso, ainda não acredita completamente que seu pai é um assassino.

— Na noite em que eu te vi no telhado me observando, quando eu não sabia que você era... você, eu voltei pra casa e meu pai estava lá me esperando. Eu tentei explicar porque cheguei tarde, mas ele não se importou e me segurou pelo queixo quase que me enforcando. Naquela noite eu comecei a desconfiar que havia alguma coisa de errada com meu pai... bom, agora eu sei.

— Eu sinto muito pelo que você passou. Queria que tivéssemos nos conhecido antes. – Josh fazia carinho na palma da mão do outro devagar enquanto se escorava na cama. — Sabe que eu vou precisar parar ele, né? Antes que mate mais alguém.

— Claro, você é o espetacular Homem-Aranha... – Pela primeira vez depois de um tempo, Noah conseguiu dar um pequeno sorriso. — Obrigado por me salvar e estar comigo.

— Sempre.

Os dois aproveitaram o momento e se beijaram apaixonadamente. Assim que Josh apagou a luz do abajur e eles voltaram a se deitar, o loiro sentiu algo o incomodando. Noah sentiu o mesmo, mal conseguiam fechar os olhos sem pensar em dizer algo ou fazer algo.

Uma sensação de gratidão por estarem um ao lado do outro. Desde que se tornaram uma dupla para fazer um trabalho da escola, tanta coisa aconteceu, tanto na vida de ambos mudou. Momentos de desespero que pensavam que não tinham ninguém, mas estavam ali.

Pode se dizer que o que estava os incomodando enquanto tentavam dormir era a pequena chama que se acendia dentro de cada um e que estava pronta para ser liberada. Um nerd riquinho fanático por seu super-herói que não era ninguém menos que um garoto qualquer de sua escola que trabalha de fotografo.

— Noah. – Josh se escorou novamente na cama acendendo a luz ao seu lado. — Eu não quero esperar uma eternidade pra dizer isso, depois de hoje que você quase morreu eu... só quero te dizer.

— Eu também não vou desperdiçar essa oportunidade que temos agora. Ninguém sabe o dia de amanhã, né?

— Sim... – Josh assentiu sorrindo bobo.

— No três?

— No três.

— 1...

— Eu te amo. – O loiro disse depressa pois não aguentava mais guardar isso para ele mesmo. Noah riu desajeitado e seus olhos verdes brilharam.

— Eu também te amo, Josh.

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Então gente como vocês puderam perceber, esse capítulo tem metade da quantidade de palavras que eu costumo escrever e eu peço perdão por isso.

Ele não avança muito na história mas são momentos importantes.

Ando tendo problemas pra escrever. Eu sei o que tenho que escrever, tenho roteiro pra isso, mas na hora de digitar acaba não saindo. Quem escreve também vai entender o que estou falando. Só postei agora pra não deixar vocês sem capítulo por muito tempo.

Bom, me desculpem de novo e prometo que em breve vou postar um capítulo maior e com mais relevância, bjs 🤘

My superhero - NOSHOnde histórias criam vida. Descubra agora