Muitos heróis são propaganda enganosa.

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Frank levou Noah para uma cabana no meio do nada, só haviam pinheiros gigantes naquela floresta assustadora. Seria o lugar perfeito para cometer um assassinato e isso era o que assustava Noah e o deixava com frio na barriga.

Chegando no local, ele percebeu que era uma cabana bem organizada, bonitinha e bastante aconchegante. E se tirar os armamentos espalhados pela casa e cabeças de animais selvagens penduradas seria um lugar bom pra passar o final de semana.

Aquele lugar deixava o garoto com frio e ele se encolhia muito, mas não só por esse motivo, ele também não se sentia seguro, desde o momento em que deixou Josh para trás.

— O banheiro é no final do corredor... toma um banho. — Orienta seu pai lhe entregando uma toalha branca.

E ele foi. Descarregou um pouco de tudo que estava acumulado em si. Desabou o que tinha pra desabar, Noah achava que chorar enquanto toma banho era como uma terapia, faz bem a pele e a alma também.

Assim que vestiu uma outra roupa e voltou pra sala de estar secando seu cabelo, viu seu pai sentado na poltrona coçando a cabeça e transparecendo nervosismo. Nunca tinha visto ele daquela forma, sempre pareceu ser durão.

— Senta aí, Noah. — Diz estendendo a mão para o sofazinho a sua frente.

— Não tem nada que você diga que vai fazer eu não te odiar. – Responde ele com frieza.

— Se lembra de quando morávamos na Itália?

Foi aí que o moreno perdeu a postura. O seu tempo lá foi bastante difícil, muitas coisas aconteceram. Havia prometido pra si mesmo que não pensaria ou mesmo falaria sobre. Nem mesmo comentou com Josh.

— Não quero voltar no passado.

— Por favor, senta. — Cedeu e se sentou em frente a seu pai.

— Quando eu não estava servindo, voltei pra casa e fiquei um ano com você e sua mãe, se lembra? — Noah assentiu. — Foi aí que tudo começou.

Mesmo não querendo Noah se recordou do tempo em que ficava anos esperando seu pai voltar de uma guerra, se preocupava até mesmo se ele voltaria para casa. Ele e sua mãe viviam sozinhos praticamente quando Frank servia para o exército.

— Quando deixamos você dormir na casa do seu amiguinho por causa da festa que teve na casa dele...

— Pai... por favor eu não quero lembrar disso!

Ambos já estavam com os olhos lacrimejando, aquela sensação da perda vinha à tona para eles, porém de formas diferentes e Noah estava prestes a descobrir o porquê.

— Eu e sua mãe saímos pra jantar, e depois fomos no parque e por lá ficamos curtindo a noite, as estrelas...

— Que droga! Qual seu problema? Me trouxe aqui pra me lembrar de que a mamãe abandonou a gente? Eu não vou sentir pena de você! Eu tentei seguir em frente com isso por anos e não é justo você... não agora!

Uma mistura de raiva com angústia. Ele se levantou e começou a andar pela sala com a mão na cabeça e os olhos vermelhos. Frank respirava fundo e se preparava para terminar de contar a história.

— A sua mãe não nos abandonou. — Disse baixo para si mesmo e o moreno escutou.

— Como?

— Depois de um tempo no parque, vários caras armados apareceram, eram realmente muitos. Começaram a atirar contra os outros e então percebemos que estávamos no meio de uma guerra de gangues. Tentamos fugir dali igual os outros civis e pegamos um atalho mais curto que dava pra cidade, só que... a gente viu, não era nem homem, era um adolescente sendo morto a sangue frio na nossa frente.

Noah já se permitia chorar pois tinha suas teorias de onde essa história terminaria, e se fosse como imaginava, nunca iria perdoar seu pai por esconder a verdade durante todo esse tempo.

— Não tivemos tempo de reagir e o homem que atirou no garoto apontou a arma pra sua mãe e acertou na cabeça dela... sua mãe morreu nos meus braços, filho.

O moreno se assentou novamente no sofá com a boca aberta e tentando respirar novamente. Suas mãos tremiam e seu pai tentou segura-las, mas ele brutamente o afastou.

— Só não fui morto também porque a policia havia chegado e o homem acabou fugindo. E naquele momento, eu estava com sua mãe nos braços e chorando de tristeza, mas surgiu alguma coisa em mim que me fez pegar a arma do garoto no chão e correr atrás do assassino da sua mãe. Quando eu o vi, atirei nas costas dele. Acabou caindo no chão e ele já ia morrer por que estava perdendo muito sangue..., mas eu, atirei mais uma vez, e mais uma e mais varias vezes nele. Estava completamente imóvel e tudo que eu queria era fazer justiça pela sua mãe.

Noah levou as mãos ao rosto e começou a enxugar as lágrimas que insistiam em cair. Ficou olhando fixamente no rosto de Frank expressando aquela magoa guardada por anos que naquele momento se transformava lentamente em desprezo.

— Eu tinha treinamento do exército, então decidi ir atrás de todos os integrantes que faziam parte das gangues e matei um por um, fugindo da polícia. Depois comecei a matar por dinheiro, as pessoas me pagavam pra matar quem causava problemas. Com esse dinheiro eu consegui fazer com que a gente se mudasse pra cá e também consegui o cargo na polícia, só pra encobrir o que eu fazia.

— Então está admitindo que é um assassino? E que motivo te fez matar o tio do Josh?

— Aquele velho foi um erro. — Frank estava assumindo sua forma de cara malvado novamente. — Estava no lugar errado e na hora errada. Tudo que eu faço Noah, é por justiça!

— Justiça pra quem?! Acha mesmo que a mamãe ia gostar de ver que você virou um filho da puta que acha que tem o poder de decidir o que é certo e errado?

Os dois estavam frente a frente discutindo em voz alta quase saindo aos socos, se continuasse por mais tempo talvez algo terrível poderia acontecer.

— Só quero te fazer entender! Não pode falar pra mim que eu sou o vilão quando você só tenta compreender o lado do herói.

— O Homem-Aranha vai acabar com você, sabe disso.

— Já teria matado ele se eu quisesse. — O moreno se enfureceu mais ainda. — Garoto você é igual a mim, só não sabe disso ainda.

O sangue dele ferveu, Noah nunca seria igual seu pai. Nunca. Foi então que fechou seu punho e desferiu um soco bem no rosto de Frank, fazendo sua mão doer um pouco com o impacto.

Ele tentou fugir dali, mas infelizmente o homem o segurou pelo braço e lhe retribuiu o soco, mas o dele foi tão forte que o fez perder a postura e cair no chão desmaiado.

— Quer que eu seja o vilão... então serei o vilão. — Diz um assassino furioso. 

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Galera eu tô tentando organizar minha vida, falta bem pouco pra fic acabar então não vou demorar muito mais pra att

Pra vocês terem ideia, essa é a primeira vez que entro no wtt dps do último cap que postei e tenho umas 500 notificação pra ver kkk

Agradeço vocês a paciência e até os próximos e últimos capítulos ❤

My superhero - NOSHOnde histórias criam vida. Descubra agora