Quando o olhar ingênuo e amedrontado de uma misteriosa criança, cruza com o protetor e feroz da determinada guarda municipal, Lalisa Manoban, o destino de ambas se entrelaçou de imediato e mudaria drasticamente. Em meio à uma ameaçadora corrida cont...
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Suscetível
[ indica a probabilidade de acontecer alguma coisa e classifica uma pessoa que sofre mudanças e sensações com facilidade ]
LALISA
A teia em que me envolvi me sufocava cada vez mais e a sensação de um possível fracasso era perceptível.
Aquele homem colocaria tudo a perder e mesmo assim eu me questionava se eu mesma já não havia feito isso, sabendo que cometi um crime ainda que tivesse as melhores intenções.
Tudo estava completamente fora do lugar; e meus pensamentos não estavam diferentes. Eun-Na era minha prioridade no momento e eu precisava ser honesta com ela, fazer o certo por ela. Não me arrependo um terço de cada coisa que fiz para protege-la, para mante-la segura e longe daquela gente.
Toda a confusão na sorveteria só me fez enxergar que aquilo já tinha ido longe demais e era eu quem deveria colocar um basta, resolver de uma vez por todas. Me sentei e contei tudo para a minha mãe que apesar da distância emocional entre nós me apoiou, me abraçou, foi estranho, mas senti algo bom que não sentia há muito tempo, paz.
Querer paz naquele momento era um utopia, o caos havia sido instalado com prazo para iniciar sua destruição e sem data para término.
Na maior parte do tempo eu era uma pessoa centrada mantendo foco naquilo que merecia minha atenção, meu trabalho era uma dessas coisas. Eu não venci prêmios e recebi elogios em vão, fiz por merecer cada um e no momento em que decidi por isso em risco; joguei cada um deles na lama. As perguntas que martelavam em minha cabeça era se estava valendo a pena, se o final seria satisfatório e eu teria vitória mais uma vez, como boa pessoa e profissional que sempre fui. Eu não tinha resposta.
Eu não me tornei mãe de forma natural, como acontece com outras mulheres, não fiz processo algum, não sabia se queria ser mãe e nunca cogitei essa possibilidade, afinal, eu era lésbica jamais me deitaria com um qualquer para isso. E contra todas as possibilidades; eu me tornei mãe. Da forma errada e torta, mas sou mãe! Nada e nem ninguém pode mudar esse fato, Eun-Na é minha filha e perde-la não fazia parte dos meus planos.
A hora de brincar de gato e rato havia acabado no momento em que vi nos olhos dele que iria até as últimas consequências para foder minha vida, eu faria o mesmo com ele. Ponderei sobre tudo, pensei em não ligar para suas ameaças, não me importar com nada e fugir para o fim do mundo se fosse preciso, levando minha filha. O foda era a guerra entre razão e emoção, meu coração dizendo para não deixar minha pequena por nada nesse mundo enquanto a razão dizia para agir de acordo com a lei; não fazia ideia de quem estava ganhando essa guerra.