Eun-Na

659 102 154
                                    

Manhattan NY - 14 de setembro de 2020

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Manhattan NY - 14 de setembro de 2020

A pequena Eun-Na brincava tranquilamente na sala daquele cubículo que sua mãe chamava de lar. Jimmy estava concentrado em um jogo em seu computador, ou sabe-se la o que ele tanto fazia ali, passava maior parte do dia sentado xingando e gritando contra a grande tela, Eun-Na apenas observava distante, concentrada em não fazer nenhum barulho, por mínimo que fosse e despertar a ira do padastro. Até mesmo respirar perto dele, seria motivo para agressão, por tanto a pequena tentava evitar ao máximo para se preservar.

Nari trabalhava o dia inteiro, tempo para a filha? Não, ela nunca tinha, a pequena passava a maior parte do seu tempo em casa com aquele homem que a odiava. Era um criança infeliz, apesar de disfarçar bem para os outros, inteligente de mais para a idade e, para entender que não merecia viver naquela situação, mendigando afeto da própria mãe, que a deixava de lado por causa do padrasto.

Na escola, não era muito diferente ninguém gostava da pequena, diziam que ela andava suja e fedia, que crianças como ela não tinha mãe. Levando em consideração a mãe que tinha, era como se não tivesse uma mesmo. Era alvo constante de bullying, então se isolava sempre que podia para fugir de tudo, andava perambulando sozinha pelas ruas próximas ao apartamento em que vivia, às vezes fazia isso tarde da noite o que era extremamente perigoso, mas quem se importava? Ela dizia isso a si mesma.

Quatro crianças cochichavam algo sobre Eun-Na em um canto da sala de aula.

— Vocês sabiam que a sujinha ali, não tem mãe? Dizem que vive em buraco qualquer como um ratinho. — Exclamou um garoto apontado para Eun-Na, com desdém e rindo com o resto do grupo.

Eu não gosto de comer perto dela, ela é suja! — disse outra garota, que entrou no meio da conversa.

Ninguém aqui gosta dela, não sei o que ainda faz aqui!

Eun-Na apenas ouvia tudo, calada, retraída e concentrada em seu bloquinho de leitura, aprendera novas palavras naquela semana, estava empolgada por conseguir ler com mais autonomia, logo estaria lendo melhor que todos da classe.

Era inegável que todas essas palavras ecoavam dolorosamente dentro da garotinha, ela fingia não se importar, mas, não era tão simples ignorar uma sucessão de ofensas diárias, descaso e falta de afeto da mãe. Ela não podia contar com literalmente ninguém, a única pessoa de quem sentia falta, havia morrido, assim, naquelas 3 longos anos vivendo sob o mesmo teto que sua mãe e o padrasto agressor, Eun-Na sucumbia aos poucos, na esperança de que alguém ouvisse seu grito silencioso de socorro e viesse lhe salvar.

Não existiam lembranças boas, não existiam amigos. Apenas uma pobre e ingênua alma solitária, que não exigia muito da vida, ela só desejava ser amada.

Angel Look Onde histórias criam vida. Descubra agora