22 ❀ relações de domínio da aritmética

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D U P L E X 2.2
#2sao4TK

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Taehyung olhava para a mãe como uma criança olha para o bicho papão. Ela estava parada na porta do elevador ainda aberta, os braços cruzados e aqueles olhos cheios de desprezo e julgamento. Taehyung achava que, se olhasse demais para dentro das íris dela, enxergaria o mais puro e primitivo caos. Sua mãe era uma sanguessuga de primeira, ela grudava em suas costas e sugava sua energia como um maldito dementador e Taehyung tentava evitá-la desde que passou a morar naquele apartamento porque odiava gritar e se estressar desneceriamente e sua mãe sempre despertava os piores sentimentos, aqueles que Taehyung guardava dentro de um bau bem fundo em sua mente.

Quando ela aparecia, esses sentimentos explodiam de uma vez, sua cabeça doía e suas mãos tremiam, o sangue congelava e Taehyung entrava em um estado de agitação horrível difícil de sair. Esses sinais expressavam as sequelas de um trauma causado por uma criação conturbada. Diferente das outras crianças, em dias de verão, Taehyung permanecia dentro de casa, olhando pela janela a água dos irrigadores beijarem o verde da grama, molhando também as roupas e os fios de cabelos dos seus colegas de sala. Ele se lembrava de tocar com a ponta dos dedos o vidro, ao ponto de suas pequenas impressões digitais marcarem o início de um sorriso triste e melancólico. Ele sabia que não era errado demais sair e ir brincar junto delas, mas os passos pesados de sua mãe escada a baixo diziam o contrário. Ela aparecia pela cozinha, usando de um olhar frio para amedrontá-lo, evitando quaisquer perguntas indesejadas. Taehyung mordia a língua e segurava o choro, buscando uma aprovação que nunca chegou.

Hoje ele entendia como tinha sido em vão.

Mas mesmo assim, parado diante dela, como se ainda tivesse oito anos, segurou a própria língua, incapaz de lhe dirigir uma única palavra de hostilidade. Ela andou porta adentro, o salto alto batendo ritmado no chão, queimando o peito de Taehyung a cada soar. Era primitiva a sensação que sentia, com seu espaço sendo invadido daquela maneira, o ambiente feliz que criou com Yeonjun e agora ao lado de Jeongguk e Soobin, não deveria ser manchado por ela, por seu olhar duro e sorriso degenerado.

Jeongguk estava do seu lado, segurando sua mão e talvez isso fosse a única coisa que prendesse Taehyung ao chão, e ele não esperaria a sorte convencê-lo do contrário. Não soltaria a mão de Jeongguk por nada, ainda que o olhar de sua mãe focasse justamente nisso.

O ar se mostrou espesso ao carregar as primeiras palavras dela.

— Eu imaginei cenários ruins, mas nenhum chegou aos pés desse. Não te envergonha estar de mãos dadas com um prostituto?

Jeongguk travou, Taehyung sentiu como sua mão se apertou em volta dele, espremendo os dedos enquanto tremulava. E Taehyung igualmente entendia e sabia que Jeongguk não se privaria de dizer o que sentia, diferente de si mesmo. E saber disso doía. Doía porque foram anos se escondendo atrás dessa mesma parede, construindo uma vida longe dela, sob padrões infelizes, buscando luz onde não existia quase nada. Mas Taehyung também não podia aceitar isso, não podia aceitar que ela se referisse a Jeongguk assim, insinuando que a relação que tinham era algo para Taehyung se envergonhar. Pelo contrário, Taehyung nunca fora tão feliz, nunca se sentira tão completo. Amava Jeongguk e agora sabia que era amado de volta. Jeongguk estava se controlando por ele, porque compreendia como a situação era difícil, e, por isso, trazendo-o para trás de suas costas, disse:

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