01 ❀ um mais um é igual a dois

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D U P L E X 0.1
#2sao4tk

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Jeongguk balançou as pernas tatuadas para cima e para baixo deixando evidente o desenho de uma cinta liga na coxa esquerda, assemelhando-se a uma renda fina preta de falsa castidade — segundo sua mãe — e com mais alguns poucos desenhos escuros e fortes, folheou uma página da revista de moda que achou perdida na casa de sua mãe no dia anterior quando fora buscar Soobin depois da escola. Tinha um cigarro na metade preso entre os dedos e uma mecha escura do cabelo longo caindo em seu rosto e piscava os olhos escuros enquanto se mantinha concentrado no que fazia, tão distraído e alheio que sequer prestava atenção no que acontecia à sua volta. Soprou fumaça para longe da boca quando afastou a franja dos olhos, lábios fechados e rosados pelo frio que entrava da janela aberta do quarto, mas não tinha coragem suficiente para levantar no momento e deixar o quentinho do colchão e dos lençóis embolados abaixo de seu corpo.

Eram quase sete horas da noite, mas Jeongguk não sabia onde estava seu celular para conseguir ver as horas com exatidão e estava muito entretido nas roupas caras que nunca teria a chance de comprar com seu pouco salário para dar atenção a qualquer coisa externa que estivesse acontecendo no momento, e isso incluía prestar atenção em Soobin sempre que estivesse a seus cuidados, mas como sabia que a criança — saída de sua barriga há exatos quatro anos — sabia se cuidar e se virar dentro de casa muito melhor do que ele mesmo sabia, deixou-se perder no mundo das roupas de marcas e nos acessórios brilhantes.

No entanto, foi delicadamente puxado da bolha de fumaça que tinha acabado de soprar quando ouviu um espirro perto de seu ouvido e sentiu o colchão afundar sutilmente. O cheirinho doce do sabão de camomila que sua mãe sempre comprava para que Soobin usasse no banho se inundou no cômodo, cheirinho este que Jeongguk gostava muito de sentir em seu filho.

— Você disse que ia parar.

— Eu menti. — Jeongguk apagou o cigarro no cinzeiro de vidro, que imitava algo parecido com cristal e que ficava ao lado da cama, em cima da mesa de cabeceira e fitou os olhos grandes de Soobin, olhos expressivos e escuros como o seu.

Soobin era sua cópia física, porque em personalidade era totalmente diferente.

Jeongguk ouviu a criança bufar e se arrastar para sentar em suas costas cobertas por um moletom escuro e virou-se de frente logo em seguida, deixando o filhote sentado em seu abdômen por cima do tecido grosso. Soobin tinha quatro anos e às vezes Jeongguk não conseguia lidar direito com a grande inteligência que ele demonstrava ter aos longo dos anos. Era um menino de ouro que, mesmo com a pouca idade que tinha, tentava sempre colocá-lo nos eixos todas as vezes que saía da linha. Um prodígio nato e Jeongguk tinha orgulho de chamá-lo de filho.

Sua mãe costumava dizer que Soobin era muito mais inteligente que Jeongguk era em seus vinte e três anos de idade, era muito mais centrado e direito que o próprio pai e sequer podia discordar disso quando sabia que era totalmente verdade.

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