XVI - Take my hand

1.4K 137 302
                                    


Jasper Hale


Amor.

Qual seria o verdadeiro significado dessa palavra tão pequena, tão fácil de ser pronunciada?

Eu acreditava saber tudo sobre o amor. Acreditava tê-lo conhecido de várias formas, apreciado diversos tipos de amores, reconhecido sua essência em diferentes corpos, diferentes pessoas.

Meu primeiro amor. Maria. A primeira vez que me deitei com uma mulher, e com uma vampira. Maria havia sido a primeira em minha vida, de diversas formas. Na época, eu a via como uma mulher bonita e sensual. Atiçava meus instintos mais animais. Mas havia todo o resto. A matança, as guerras, a sedução traiçoeira. Passei quase cinquenta anos ao lado de Maria, acreditando que aquilo era o que a vida podia oferecer, e que ficaríamos juntos para sempre. Maria havia sido meu amor errado, e quando descobri que existia algo maior, não hesitei em buscar.

Alice. Alice não foi a segunda mulher com quem dormi. Antes dela vieram muitas outras que jamais cheguei a contar, nenhuma humana, nenhuma que tenha durado tempo o suficiente para que pudesse ser considerada um amor. Alice foi quem me mostrou o outro lado do amor. O lado bom. O lado apaziguador, tranquilo e inocente, o lado capaz de perdoar. Alice era incrível de tantas formas, impossíveis de serem nomeadas. Por mais de cinquenta anos, acreditei que Alice era o amor que eu merecia, o que eu mais queria na minha existência, e me peguei desacreditado quando vi que estava enganado. Alice foi meu amor mais puro, mas não o mais certo. Havia algo mais além de Alice, algo que parecia mais completo.

E Bella. Bella, cuja sua companhia, em questão de dias, me fez desacreditar de tudo que eu já conhecia. Não havia constância com Bella, também não existia previsibilidade. Tudo era mutável. Não havia tédio na companhia dela, e também não existia tensão. Estar perto de Bella era estar confortável, e ao mesmo tempo sentir minha garganta queimar com a vontade de tomar seu sangue, e simultaneamente sentir meu corpo arder em desejo de tomar seu corpo. Bella era divertida, era boa, e era tentadora. Parecia uma perfeita mescla de tudo que havia de bom dentro do que se pode chamar de amor. E agora, Bella havia sido a primeira humana com a qual eu havia me deitado.

Verdadeiramente, nada poderia ser comparado àquilo. O calor de seu corpo tão próximo ao meu, o seu sabor, a possibilidade de sentir suas veias pulsando tão perto de mim, e a tentação não aliviada de mordê-la. Mais. A sensação de estar completo ao seu lado. A sensação de encontrar uma peça perdida de um quebra cabeças gigantesco, a qual era a única que faltava.

É óbvio que não foi fácil. Não foi fácil precisar me controlar ao seu toque, não poder tocá-la totalmente, da forma que eu desejava, sabendo o quanto era quebrável. Não foi fácil contornar meus desejos mais sedentos, evitar fazer coisas que eu faria se ela não fosse tão quebrável. Não foi fácil segurar todos os meus instintos, muito menos não colocar aquela casa abaixo, como eu queria fazer. Bella, que é tão frágil como uma bolha de sabão. Um mínimo toque um pouco mais forte, um pouco mais fora de si, e tudo estaria perdido. Não podia me dar ao luxo de puxar seus cabelos, nem de apertar sua garganta como provocação. E ainda assim, não trocaria aquilo por nada, aguardaria de bom grado pelo momento em que pudesse.

E depois daquela noite, de todos aqueles sentimentos revelados, tudo parecia mais fácil.

Quando Bella chegou até a casa no meio da noite, e me mostrou tudo o que estava sentindo, não haviam dúvidas. Eram sentimentos humanos, claro. Infinitamente inferiores ao que eu era capaz de sentir, e ainda assim, era incrível o quanto eram fortes para uma mortal. Para mim, aquilo foi muito mais do que o suficiente, aceitava tudo aquilo e me satisfazia com sua intensidade.

Suspicious Love [Hiatus]Onde histórias criam vida. Descubra agora