Suspicious Love [Hiatus]

I - Prólogo

OUTUBRO

O mês de outubro chegou, e era como se as horas não passassem. Eu acordava, tomava café com Charlie, cujo olhar me fazia crer que estava definhando, e então pegava minha picape e ia para a aula.

Minha picape ainda tinha o cheiro de Edward.

Na escola, sentava na mesa que havia sido deixada pelos Cullen, e recebia de mau grado os olhares condescendentes de Jéssica, Mike, e todo meu antigo grupo de amigos.

Não gostava muito da comida da escola, então não comia.

Durante a aula de biologia, literatura e álgebra, outro desafio. Sentar em uma mesa vazia, onde a inexistência de Edward gritava, fazendo eco no silêncio.

Ao voltar para casa, sentava ao lado de Charlie durante os jogos de baseball. Não queria que ele se preocupasse, mas também não queria e nem tinha o que falar. O silêncio era nossa melhor companhia.

Na hora de dormir, afundava meu rosto no travesseiro e chorava até que meus olhos inchassem e minha cabeça doesse. Sentia meus cabelos se afogando em um mar de lágrimas, e então deixava que o sono meu consumisse novamente, para que eu pudesse sonhar que estava tudo bem.

Mas eu quase nunca sonhava.

NOVEMBRO

'

O tempo começou a passar mais rápido. Ainda era ruim, mas suportável.

Eu havia me ocupado com tarefas acadêmicas no final da tarde, ajudava Angela com as atividades do núcleo estudantil, e duas vezes por semana encontrava Jessica para a ouvir falar sobre o planejamento do baile de inverno. Eu não gostava muito de falar com Jéssica, mas ela parecia satisfeita com minha escuta quase irreverente.

Charlie parecia um pouco menos preocupado com a minha saúde mental, então eu podia me dar ao luxo de chorar escondido antes de dormir, sem que isso afetasse minha produtividade no dia de amanhã.

Quando ia dormir, não tentava mais sonhar. Ainda assim, minha mente divagava entre cenas com sangue, vampiros sedentos e feridas abertas. Às vezes eu lembrava com clareza de detalhes a festa de aniversário mal sucedida, dos olhares preocupados de Esme, Carlisle e Alice, da feição enojada de Rosalie, da proteção de Emmett e Edward e do semblante sanguinário de Jasper. E então acordava ofegante e não conseguia mais dormir.

E semana por semana, tudo se repetia.

DEZEMBRO.

Faltavam poucos dias para o baile de inverno. Eu estava decidida a faltar, e inventar uma desculpa bem esfarrapada, com voz de quem queria muito ir, mas não poderia. Havia prometido até mesmo a Charlie que iria, mas nem ele mesmo conseguiu acreditar.

Fui a Port Angeles com as garotas, e comprei um vestido qualquer. Era azul marinho, sem nenhum detalhe muito chamativo, e então meu álibi estava pronto.

Eu havia até mesmo comprado um vestido, e se por um acaso do destino eu pegar uma virose um ou dois dias antes do baile, não seria culpa minha.

Dois dias antes do baile, abri meu email e estava pronta para escrever um grande e culposo texto para Jess, e outra curta mensagem para Angela, quando chequei minha caixa de mensagem.

Alice.

Um dia atrás.

Meus dedos falharam ao clicar no mouse, e então eu abri a grande lista de emails que eu havia enviado para Alice nos últimos meses. Títulos repetitivos como "Alice, preciso de notícias", e "estou cansada" preencheram toda a tela do meu computador, e então retornei para minha caixa de entrada. O e-mail ainda estava lá. Mal podia acreditar.

Bella, sinto muito por todo o ocorrido, mas preciso que confie em mim e faça o que estou pedindo e não entre em desespero. Daqui três dias, Victoria estará em Forks, e o primeiro lugar que ela irá visitar é a sua casa. Por você e por Charlie, peça para que ele vá pescar nos arredores e vá ao baile com suas colegas. Esteja sempre em um grupo de pessoas, e pelo amor de Deus, Bell, não fique sozinha nem se meta em encrenca.

Estou enviando em anexo duas passagens de ida e volta para Charlie ir pescar trutas no sul, imprima e fale para ele que ganhou a passagem em um sorteio. Ele vai querer levar algum colega.

Com amor, Alice.

Li e reli a mensagem, buscando algum tipo de mensagem subliminar que não existia, era apenas um aviso.

Senti meus olhos se preencherem com lágrimas, ali havia desespero, esperança e muita decepção.

Nada sobre Edward. Nada sobre uma possível volta dos Cullens.

Apenas imprimi a droga das passagens, entreguei a um Charlie contente com a pesca, e prometi a mim mesma obedecer cegamente as ordens de Alice.