XVII - Take my whole life too

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Eu nunca havia dormido tão bem.

Nunca havia sentido tamanho conforto enquanto dormia, tanta paz.

Eu sentia meu corpo flutuando em nuvens fofas e macias, e sentia meu peito se encher de felicidade por razões que eu não conhecia.

E então a nuvem se dissipou.

Quem a tirou de mim? Me devolva!

Por trás da nuvem tão confortável, havia um apanhado de memórias do dia anterior, como se minha própria mente estivesse me proporcionando um flashback.

Jasper na minha porta, usando uma ridícula roupa natalina.

O almoço com Charlie e seu novo sistema de sonar para peixes, a forma como tudo pareceu se encaixar, como se finalmente fossemos uma família.

O anel que Ele me deu.

Alice, nossa conversa.

A chuva, as árvores, Jasper.

A sala de estar, a cama quebrada, a banheira com vista para o céu.

Até então, a sensação não era ruim. Na realidade, lembrar de tudo me fazia feliz. Era como provar que foi verdade, apesar de serem coisas demais para se lembrar, fazia com que minha cabeça latejasse.

E então, até essa parte boa sumiu.

E eu descobri que também podia lembrar das coisas ruins.

Jasper sumindo, o cheiro das panquecas queimadas.

Edward.

Olhos vermelhos.

Batidas, estampidos e rosnados.

Fogo.

Fumaça.

Eu queria poder gritar. Queria falar para mim mesma que parasse de sonhar com aquilo, que voltasse a me apegar nos sonhos bons, na parte boa do dia.

Mas não foi necessário.

A nuvem de paz e tranquilidade logo me abraçou novamente, dessa vez ainda mais forte, com ainda mais intensidade, e então eu a acolhi com fervor.

Era como se os pesadelos nem existissem, eu mal podia me lembrar deles.

Eu nunca havia dormido tão bem.

Forks, Washington

26 de dezembro de 2005.

Minha cabeça latejou, e esse foi o primeiro sinal que tive de que estava viva. A segunda coisa que eu senti foi minha garganta queimar, não só ela, como também meu nariz, e todos local pelo qual passasse ar, e sabia que isso consequência do cheiro de queimado na casa, podia até mesmo lembrar da fumaça me afogando. A terceira coisa que senti foram as minhas mãos coçando e ardendo, e pensei só por um segundo para lembrar que aquilo era resultado das bolhas nas minhas mãos.

Junto com as lembranças dos ferimentos, vieram todas as lembranças da noite passada. Não haviam muitos detalhes, eu estava sonolenta demais para me lembrar, e os detalhes que eu tinha não passavam de lapsos de imagens de vampiros correndo e grunhindo ao meu redor, e da sensação de que a qualquer momento eu desmaiaria de medo.

Medo de morrer ali, na frente de Jasper. Medo de Edward. Medo que ele machucasse Jasper.

O desespero voltou a crescer no meu peito, e aquela sensação de estar sendo consumida voltou a me alcançar.

Mas ela não durou muito.

Antes que minha respiração acelerasse, eu já estava calma. Tão calma que parecia que estava flutuando em um mar tranquilo, ou em nuvens de algodão.

Suspicious Love [Hiatus]Onde histórias criam vida. Descubra agora