Suspicious Love [Hiatus]

XII - Like a river flows

Bella Swan

Então, era isso.

Minha cabeça estava virada em um turbilhão de ideias, sem saber sequer qual delas seguir para tomar uma linha de raciocínio.

Jasper havia falado que iria embora. Havia se oferecido para ir, se eu quisesse. Será que ele estava louco?

Eu sabia que ele podia ouvir meu coração batendo muito acelerado contra meu peito, e minha respiração exasperada.

Aquilo tudo não saia da minha cabeça. Aqueles sentimentos, aquelas sensações que ele havia me mostrado. Era incrivelmente parecido com o que eu havia sentido. Era incrivelmente bom saber que eu não estava só.

Eu queria me sentir culpada por beijá-lo, por ter deixado aquilo chegar naquele ponto, por fazer aquilo com Edward. Mas não conseguia.

Edward havia me deixado.

As palavras não me abandonaram, gritando em minha mente o que eu não queria ouvir.

Edward havia ido embora, estava com outra pessoa, estava vivendo emoções, beijando-a, amando-a e até mesmo desfrutando de prazeres que eu sequer podia imaginar, inalcançáveis para mim.

Por que eu deveria me culpar então?

O único nome que me doía era o de Alice.

Alice, minha melhor amiga. Uma das pessoas que eu mais amava no mundo, abrindo mão do homem que ela amava para que ele vivesse. Para que nós vivêssemos e sentíssemos um amor que sequer existia. Será que ela havia visto que tudo isso terminaria dessa forma? Como algo muito mais forte do que uma amizade, do que mera sobrevivência. Algo muito mais forte do que nós mesmos, quase fora de controle.

Suspirei, sentindo as lágrimas de culpa escorrerem pelos meus olhos e molharem o moletom de Jasper. Da forma como ele me segurava, firme contra seu peito, imaginei que também estaria sofrendo.

E como poderia o sofrimento ser algo tão bom?

Ao mesmo tempo que eu pensava em mandá-lo embora, pedir que ele voltasse para Alice e me deixasse aqui para morrer com Victoria — e eu merecia isso — todo meu corpo pulsava, ardendo por Jasper.

E o que havia sido essa conversa, o que ela significava? O que ele quis dizer quando falou que estaria no meu tempo? Quer dizer que aquilo aconteceria novamente, caso eu desejasse?

E eu queria aquilo novamente?

Fiquei parada, pensando, com os braços nas costas de Jasper, tempo o suficiente para que minha visão se tornasse turva — poderia ser pelas lágrimas ou por cansaço, não sabia dizer — e meu corpo tombasse em direção ao chão.

Não senti o impacto, pois antes de cair, senti seus braços me erguendo, e então me carregando até uma cama cheia de edredons, confortável e macia.

Resmunguei e abracei uma das cobertas, me enrolando nelas e girando pela enorme cama que ficava em um quarto que eu ainda não conhecia bem.

Antes de pegar no sono, podia jurar ter ouvido um riso travesso enquanto uma porta se fechava.

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24 de dezembro de 2005

Me espreguicei naquela imensidão de travesseiros e plumas, aspirando o ar fresco pela manhã. Ainda com os olhos fechados, me virei de barriga para baixo e abracei um travesseiro fofo, aninhando-me nele.

Há tempos não havia dormido tão bem, conseguido uma noite inteira sem pesadelos inconvenientes que incluíam Edward me deixando ou Jasper tentando me atacar, nem tampouco estava suada de tanto me virar na cama, como sempre fazia.