Anti-herói

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Vamos ver se vocês sabem quem estava observando Lilian naquele dia...

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Era mais um dia como qualquer outro na vida de Lilian Oliveira levava após deixar o apartamento dos pais.

Ela aproveitou que todos os amigos estavam em um dia livre de seus trabalhos para fazer uma maratona de filmes da Marvel. A ideia era, ao invés de começar pela ordem de lançamento dos filmes, iniciar a maratona pela ordem cronológica da história, iniciando pelo primeiro filme do Capitão América.

- Eu tenho certeza que você decidiu fazer isso de sacanagem porque a gente tem que ficar vendo Chris Evans primeiro, não é? - provocou Theo, entre risos.

- Na verdade, eu tenho todo o direito a ver esse filme primeiro, eu fui a pessoa sequestrada do grupinho.

- Até que ponto o seu sequestro não teve traços de síndrome de Estocolmo? - apesar de ser um assunto sério, Cassiano falou com uma certa dose de humor.

- Vocês estão falando isso porque não passaram pelo menos alguns dias tendo que lidar com o mau humor de Sérgio Alencar.

Os quatro sabiam que eles não conseguiriam ficar acordados por muito tempo fazendo a maratona, mas a ideia era que eles tivessem oportunidade de se divertir e conversar sobre a vida. No entanto, o principal tema acabou sendo o trabalho:

- Eu tô com medo de perder meu trabalho, vu... – Theo levou a mão à cabeça, enquanto Otto comia uma pipoca na cena em que Steve Rogers deixava de ser um rapaz franzino para ser o Chris Evans fortão, mais conhecido. – A chefia lá da academia quer colocar a sobrinha do dono pra cuidar das redes.

- Puta que pariu, esse negócio de sobrinho de novo? A menina é blogueirinha, só pode.

- Isso mesmo, Lil. Ela não vai receber nada, só fazer stories na academia, enquanto eu, que tenho pós em gestão, vou ficar desempregado. Aí eles ficam dando essa desculpa de "ah, mas é a crise", mas eu não como esse agá não.

- Baratino da zorra... – observou Otto. – Na crise os caras cortando vaga de quem pode te ajudar a sair dela.

- Eu nem me choco. Robson tava falando sobre as agências estarem cortando designers CLT pra chamar freela, que paga mais barato e não precisa pagar os benefícios. Puta que pariu, viu.

- A gente tá fodido e mal pago, Cassiano. Eu que não faça meus 200 freelas pra pagar um aluguel.

- E cá, Ottinho? – suspirou Lilian, enquanto observava um diálogo no filme, sem prestar atenção às legendas. – Eu quase envio um arquivo zipado errado porque tava fazendo três jobs ao mesmo tempo. Ainda bem que o e-mail tem o recurso de cancelar envio.

- Mas aí é foda, né Lil? Três ao mesmo tempo não dá pra se dedicar bem a tudo.

- Como é que a gente vai pagar as contas, véi? Não rola.

Os amigos dormiriam no apartamento que Lilian e Otto dividiam, mas enquanto os anfitriões ficariam cada um em seus quartos, Theo e Cassiano estenderam colchões na sala.

No outro dia, mesmo todos precisando trabalhar, se juntariam para ver mais um filme durante a noite. De acordo com Otto, o título era "Capitã Marvel".

- Da próxima vez, a gente maratona de sexta a domingo, porque esses dias quebrados são barril. – observou Theo.

O apartamento ficava no quinto andar, e eles geralmente deixavam a janela um pouco aberta, para entrar vento. Tanto a janela da sala quanto as dos dois quartos estavam apenas com uma fresta, a fim de deixar o vento da noite entrar e refrescar os aposentos.

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