Capítulo 14

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Fazia alguns dias que a reconstrução da ponte havia começado. O local estava todo cercado para que ninguém pudesse perambular pela região que oferecia risco já que parte da estrutura ainda se mantinha de pé de alguma forma.

Ao norte da ponte, o qual conecta à estrada que levava ao Reino Temporal, concentrava-se a maior parte do maquinário e dos materiais usados para a nova estrutura pré-moldada.

A ponte que antes tinha um design mais rústico teria agora um visual mais moderno e condizente com o fluxo temporal atual do mundo mortal. Seus 12 km de passagem seriam de concreto, do mesmo jeito que seus pilares, os quais teriam estruturação em vigas reforçadas para que suportasse melhor o fluxo das águas que passam por baixo, bem como o fluxo de energia de quem atravessa. Os túneis submersos, de acesso somente para funcionários, também seriam reformados para seguirem o padrão de segurança e infraestrutura da ponte.

Yuhan não estava tão animado em ver aquela obra. Ele gostaria de ter evitado todo aquele transtorno. Agora, graças ao dano, possivelmente ia demorar muito tempo até a conclusão da nova ponte, adiando também o seu retorno ao trabalho.

Alguns operários acenaram para ele que apenas acenava com a cabeça de volta. Enquanto embarcações traziam mais materiais para a construção, ele pensava no que iria fazer nesse tempo todo sem trabalho e tendo que cuidar de Yuná, que de certa forma, incomodava um pouco, já que ele não tinha o costume de ficar por conta de alguém. Sempre viveu sozinho e, até então, nunca sentiu necessidade de companhia.

Deixando a obra para trás, retornou para casa em sua moto lembrando-se do último passeio pela praia. Ele até apreciava a presença daquela alma radiante e se sentia atraído pelas cores que sua energia emanava, mas ele se irritava pelo o fato dela desejar nascer como todas as outras almas que estudaram com ele e o desprezaram por não emanar tanto brilho em sua aura. Por causa desse anseio, Yuná só sabia conversar sobre seu futuro nascimento e ele acabava procurando maneiras de ficar sozinho para evitar o assunto cansativo.

-Cheguei... –Ele disse abrindo a porta despretensiosamente torcendo para que a hóspede estivesse dormindo.

Não houve resposta em casa. Embora aliviado, estranhou o silêncio e procurou por Yuná nos quartos. Também não estava lá. Não estava em lugar nenhum da residência.

-Aff... Por que eu tenho que toda vez procurar por ela... –ele resmungou, sentindo um pouco ansioso. –Eu disse para ela não sair de casa sozinha! –reclamou.

Saiu pela porta dos fundos para verificar o jardim e também não estava lá. Yuhan começou a ter pensamentos negativos e ficou com medo de acontecer algo ruim. Mihai o fulminaria se ele não a protegesse.

Pensando rapidamente, ele pilotou sua moto em direção aos bosques da cidade, pois lembrou de que ela havia mencionado alguma coisa sobre "gostar das flores".

A cidade estava ainda bem bagunçada devido às obras de reconstrução das casas e lojas que caíram com o terremoto. Pelo menos as almas penadas não estavam mais agitadas. Podia-se ver cada uma vagando pelas ruas, imersas em seus próprios pensamentos. Raramente uma alma penada conversava ou interagia com outra. Ali na cidade central era o lugar onde elas se consolavam primeiramente da morte, depois, quando relembrassem dos acontecimentos e experiências de suas vidas mortais e se consolassem é que passariam a procurar pelas almas dos ue conheceram em vida: Parentes, amigos, amores, até inimigos para que tentem compreender o porque de terem se odiado tanto. Neste momento elas se mudam para cidades mais afastadas e lá habitam em residências de própria escolha. Então descansam esperando pelo dia de migrarem pelo Tribunal a fim de receber suas devidas recompensas.

-YUHH! –Gritava Antony ao ver o chefe passar de moto.

Yuhan freou e esperou que ele se aproximasse.

Além das Flores - CONCLUÍDO ( 44 de 46)Onde histórias criam vida. Descubra agora