— Yuná! Yuná! Acorde! — Era a voz de Yuhan.
Abrindo os olhos ela percebeu que ainda estava na areia da praia e que segurava uma pedra cristalina em sua mão.
— Quando percebi que você não chegava em casa eu sabia que tinha acontecido alguma coisa! Eu não devia ter deixado você vir sozinha! Eu... — Yuhan dizia mais angustiado do que nunca. Seu comportamento tinha mudado totalmente desde a briga.
— Yuhan... — Ela o interrompeu olhando para seus olhos escuros, o rosto perfeito e balbuciando lembrava que já o havia perdoado.
— Oi. Estou aqui... Me desculp...
Antes dele completar a frase, Yuná se ergueu em um impulso rápido abraçando Yuhan em seguida com mais força do que planejara e não se soltou.
Mesmo não tendo um pingo de força, queria que saísse dela a mesma energia que saiu quando consolou a outra alma, porém sentia algo a mais além de compaixão, só não tinha certeza o que era.
Yuhan ficou confuso com a reação dela, porque fazia mais de uma semana que eles não se falavam e ela o havia ignorado em sua rápida confissão no dia em que foram na ilha do isolamento ao norte, mas obviamente que não iria impedir aquele abraço nem afastá-la. Sentiu um calor novo inundar seu peito. Instintivamente ele a abraçou de volta entrelaçando seus dedos nos cabelos dela sentindo a energia de ambos pulsar sem que houvesse transferência de um para o outro.
– Seria possível ela sentir a mesma coisa que ele sentia por ela? – Era seu pensamento naquele momento.
— O que você está fazendo? — Ele disse baixinho em seu ouvido.
— Te consolando. – Ela respondeu rápido ignorando o sentimento a mais que surgia em seu peito.
— Me... Consolando? — Ele a afastou para poder ver seu semblante e entender o que ela dizia.
— É... — Ela hesitou abaixando o rosto com vergonha. — Você estava triste e com raiva. Nós discutimos... Fiquei com raiva de você, mas acho que eu entendi o motivo de não querer nascer e por que este reino é especial para você.
— Você entendeu? – Ele se sentiu esperançoso.
— Você vive nesse lugar como um humano vive na Terra, não é? Por isso tem tanto valor assim e por isso também nunca quis nascer.
Ele ficou em silêncio por um tempo já que aquela não era a resposta que queria ouvir. Ficou pensando em como ele queria que ela soubesse que o lugar em si já não importava tanto mais. Sem ela ali não tinha tanta graça. Ele até lutava contra suas emoções, mas já não tinha como impedir o que seu coração mandava. Talvez tudo tenha começado no momento em que ele a viu pela primeira vez e só se deu conta quando já era tarde demais para não deixar o sentimento avançar.
Então, repentinamente, ele a abraçou aproveitando a rara oportunidade.
— Ei! o que foi? – Ela perguntou fraca e um pouco espantada.
— Nada. Só... Meu console! – Ele brincou.
— Rsrsrs. Eu não tenho mais energia para isso. — Ela disse fraca.
— Não me importo...
— Yuhan!!? — Exclamou meio rindo.
— Ah! Ta! Tudo bem! — Ele desistiu rindo de volta se soltando dela com resistência. – Obrigado por... Me... Consolar. – Ele hesitou já que não existia consolo para ele uma vez que nunca morreu. – Mas me diga, o que aconteceu?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Além das Flores - CONCLUÍDO ( 44 de 46)
FantastikATENÇÃO: Esta obra é uma ficção baseada em VOZES DA MINHA CABEÇA, inspiradas por mitologias e crenças sem vínculo verídico religioso. Entretanto, contudo, porém, todavia(rsrs), é uma história com forte apego aos princípios cristãos. Não possui hot...