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Ao Acaso - Capítulo 1 - capítulo 1

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Desesperado. Essa era a palavra que descrevia o jovem Alec no momento. Expulso de casa de mãos totalmente vazias e abandonado pelo namorado viu como única opção vagar pelas ruas. Sem ter para onde ir ou o que comer, tudo que tinha sobrado de sua antiga vida era a roupa que vestia e sua dignidade mas quanto mais passavam os dias mais ele temia que até isso fosse perder, enquanto vagava sem opções pelas ruas da cidade, sem destino.
E

nquanto andava, sem saber há quanto tempo perambulava pelas ruas ele se perguntava o motivo daquilo tudo. Seria culpa dele por ter se apaixonado e confiado na pessoa errada? Ou seria por ter nascido anormal?
A noite chegava mais uma vez e pelo que ele percebia teria que passá-la novamente nas ruas. Apesar de ser abordado em cada esquina por causa da sua aparência, muitas vezes sendo oferecido a ele um prato de comida e uma cama quente ele sabia muito bem que ao aceitar tal ajuda teria um preço, e esse preço ele ainda não estava pronto para pagar.
- Estou tão cansado. - murmurou o rapaz, sentindo uma gota gelada caindo em seu rosto, levantando o mesmo se deparou com o céu escurecido não só pela noite que chegava como também pelas grossas nuvens da chuva. Sorrindo sem humor ele deixou-se cair onde estava não se importando com a chuva que de repente caiu forte sobre seu corpo pequeno. Não adiantava correr, ele não tinha um lugar para ir mesmo, e cada dia que passava ele percebia que o destino o estava empurrando para um caminho que ele não queria de forma nenhuma trilhar, o único caminho em que se poderia sobreviver vivendo nas ruas imundas daquela parte da cidade, a prostituição.
Lágrimas que ele não queria derramar se misturaram a água da chuva que escorria por seu rosto, porém ele não se incomodou, afinal ninguém poderia vê-las mesmo então não temeria mais uma vez demonstrar sua dor, enquanto seu coração se tornava pouco a pouco frio como o seu corpo debaixo daquela tempestade.
- Assim você vai pegar um resfriado garoto.
Alec ouviu uma voz forte, que competia em força com o som da chuva que caia, no entanto ele não se dignou a levantar os olhos, nem mesmo quando não mais sentiu a chuva cair sobre seu corpo trêmulo de frio.
- O que você quer? - Indagou, sem saber mais o que dizer e perante o silêncio da pessoa que o protegia da chuva ergueu os olhos, mas não pode enxergar o rosto da pessoa que segurava um guarda chuva sobre sua cabeça por causa da escuridão da noite que havia chegado. A única coisa que ele conseguiu identificar do homem foram as roupas caras.
- Venha comigo.
Finalmente o jovem loiro ouviu a resposta para sua pergunta, ao mesmo tempo em que viu o homem parado a sua frente lhe estender a mão e foi aquilo que o fez aceitar. Sabia que aquele "convite" provavelmente teria segundas intenções mais no estado deplorável em que se encontrava já não tinha outra opção, não se quisesse sobreviver.
Levantando-se ele acompanhou o homem, ainda com as mãos conectadas as dele mais em nenhum momento até o curto caminho do parque até o luxuoso carro de desconhecido ele ousou levantar a cabeça. Ao ter a porta do carona aberto pelo homem ele entrou e fechou os olhos preparando-se para se entregar ao seu destino.
**********
Alec acordou, reparando estar em uma confortável cama em um grande e luxuoso quarto. Por um momento ele sentiu-se feliz imaginando que estava novamente em sua casa e cama, porém a realidade logo bateu em sua cara.
Aquela não era sua casa e muito menos sua cama. Ele não sabia onde estava nem como tinha ido parar ali, devia ter apagado no carro, mas ali devia ser a casa do desconhecido de ontem. Mais calmo do que ele achou que estaria em uma situação como aquela se sentou na cama, levantando o lençol de seda que o cobria, vendo que suas roupas sujas tinham sido trocadas por um pijama confortável e estranhando o fato.
- Mas o que foi que aconteceu? - murmurou Alec olhando pela janela fechada, vendo pelo vidro transparente a chuva torrencial que ainda caia do lado de fora apesar de já ser dia.
- Você apagou assim que entrou no carro. - Alec escutou uma voz profunda e forte falar de algum lugar, levando um susto.
- E-eu... - Gaguejou o rapaz, reconhecendo aquela voz, vendo um homem entrar no quarto e se aproximar da cama com uma bandeja em mãos. Engolindo em seco ele finalmente viu o rosto do seu "salvador", reparando a beleza exuberante daquele homem. Ele era alto, com ombros fortes e poderosos, e apesar do corpo estar escondido sobre a roupa cara ele sabia que ali se escondia um corpo esculpido. O rosto de pele levemente dourada também era belo e combinavam perfeitamente com os olhos e cabelos negros.
- Coma primeiro, depois conversámos. - Ditou o homem colocando a bandeja com um rico café da manhã sobre o colo de Alec que estava quase hipnotizado.
Alec concordou. Apesar de curioso estava ainda mais faminto. Rapidamente começou a devorar seu café da manhã sem despregar os olhos vermelhos, dos negros do homem sentado ao seu lado, corando ao ver o outro sorrir para si e finalmente desviando os olhos para sua refeição.
Enquanto comia uma grande duvida o corroia. Achava que tinha sido pego para fazer um programa, mas um homem belo e sexy como aquele não precisava pagar para dormir com alguém.
- E-eu... Obrigado. - Murmurou o jovem loiro ao terminar de comer, afastando a bandeja, se sentindo tímido e um pouco intimidado pelos olhos negros que o observavam com atenção.
- Você deve estar curioso sobre o motivo de estar aqui não é? - perguntou o homem com um sorriso amável parecendo ter lido a mente de Alec.
- Eu gostaria de saber sim afinal ninguém se aproximaria de um homem nas minhas condições se não tiver algum interesse. - Respondeu Alec direto, vendo os olhos negros do outro se arregalar um pouco.
- Primeiramente, vou me apresentar. Chamo-me Joshua Sakurai. - Disse o moreno não se ofendendo pelas palavras do belo loiro, na verdade estava impressionado pela audácia do outro diante da situação um tanto desesperadora em que ele se encontrava, mas aquela atitude mostrava que além de beleza o jovem tinha personalidade.
- Alec Be... Pode me chamar de Alec simplesmente - Falou Alec, quando seu anfitrião deu uma pausa, dando uma oportunidade para ele se apresentar.
Joshua franziu o cenho diante da hesitação do loiro em dizer o seu sobrenome, mas ele já sabia muito bem quem era aquele rapaz. Não foi difícil para ele descobrir quem ele era com a identidade do menino em mãos.
- Quando eu me aproximei de você ontem eu não tinha nenhuma segunda intenção a não ser dar ajuda a alguém que obviamente precisava, mas ao ver os seus olhos tudo mudou.
- Como? - perguntou Alec arregalando os olhos.
- Olhos vermelhos, fáceis de enxergar até no escuro e impossível de não reconhecer. Olhos de um Tal Neo. - Falou o moreno, pensando quão lindos eram aqueles olhos, na verdade, indo além, pensando em quão lindo era Alec, com aquele cabelo dourado e a pele macia e de porcelana. - O corpo pequeno e delicado, quase sem pelos, ajuda mais ainda na identificação... Existem homens que fingem ser Tal Neos, mas você é um verdadeiro, pude comprovar eu mesmo.
Alec sentiu seu rosto esquentar com as apalavras do outro, percebendo pela primeira vez que deveria ter sido o outro que havia trocado suas roupas, mais do que isso ele sentia seu corpo limpo então além de vesti-lo o outro deverei ter lhe dado banho.
- Não entendo onde você está querendo chegar com isso. O que você quer? - Perguntou o menino sério tentando afastar o constrangimento que o tomava.
- Quero a habilidade que os Tal Neo possui. Não foi a toa que nós encontramos ontem Alec, foi o destino. Você é tudo que preciso.
Alec franziu o cenho, lutando para não corar com o que ouvia, tentando não interpretar errado as palavras do outro. O que aquele homem queria era a habilidade de gerar que ele possuía.
- Você quer uma barriga de aluguel? Por quê? Sua linda esposa não pode ter filhos ou ela não quer estragar seu lindo corpo? Ou pode ser que você não goste de mulheres, mas quer ser pai, mas não quer adotar? Qual o motivo? - Disse Alec severo. Os Tal Neo que não eram de famílias ricas eram tratados como lixo pela sociedade em geral, eles não eram considerados mulheres, tampouco homens e não tinham direitos nem era protegidos por leis, eram taxados como objetos e parecia que Joshua não era diferente.
- Desculpe. Você está equivocado. - Respondeu Joshua frio, surpreendendo Alec.
- O que eu preciso não é de uma barriga de aluguel e muito menos de um filho.
- Então, o que...
- Antes de te dizer o motivo disso tudo eu preciso saber do por que de você estar vivendo nas ruas. Sei quem você é, vi a sua identidade e não foi difícil descobrir. Você é de uma família rica, um Tal Neo da alta classe, que frequentou as melhores escolas e universidade, que até já tinha um compromisso com um homem da alta sociedade então porque você estava na rua daquele jeito?
- Eu... Fui expulso de casa. Um tal Neo de alta sociedade só é respeitável até quando é puro contudo eu me entreguei ao meu namorado. - Respondeu Alec hesitante e pesaroso, achando que devia pelo menos aquilo aquele homem, mas se odiando quando sentiu os olhos recriminadores e severos do outro sobre si.
- Mas você já estava noivo não é mesmo? - Perguntou Joshua severo. - se entregar a ele antes do casamento não é tão grave assim.
- Estava, mas... Não foi ao meu noivo. - respondeu o menino envergonhado não por ter se entregado a quem amava, mas sim por não ter prevido as consequencias. - Eu estava apaixonado pelo irmão mais novo do meu noivo e começamos a nos ver escondido, mas ele me enganou e usou, me abandonando quando meus pais me renegaram ao descobrirem o que eu tinha feito.
Joshua se levantou recendo o olhar de Alec que estava de cabeça abaixada até o momento.
- Entendo, então foi esse o motivo, mas isso não altera em nada os planos que eu tenho para você. - Falou o moreno sério.
- Que planos? - perguntou o loiro surpreso.
- Tudo que eu preciso é de alguém que possa se comportar perfeitamente diante da sociedade e da minha família. Você foi bem criado Alec e poderá fazer isso muito bem, além de poder gerar uma criança, um herdeiro para a família Sakurai não que eu queira isso.
- O que você quer dizer? O que você realmente quer?
- Alec, eu quero que você se case comigo.

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