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Ao Acaso - Capítulo 2 - capítulo 2

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Alec levantou-se da cama assim que Joshua saiu do quarto lhe dando nada mais nada menos do que um dia para pensar na proposta feita. O rapaz seguiu até o banheiro chocando-se ao se deparar com sua imagem pálida no espelho.
P

or mais que aquela proposta parecesse a sua salvação, ele era suficientemente inteligente para saber que não era bem assim a história. O Sakurai não estava exigindo muito dele, no entanto não revelou os verdadeiros motivos para aquela proposta, tampouco deixou margens para ele recusar.
Alec teria que abrir mão de muitas coisas para aquele casamento, mas ganharia muito também a começar pelo que mais queria o perdão dos pais. Ganharia também um teto para viver e poderia voltar a frequentar a universidade, mas Joshua exigia fidelidade, apesar deles não terem que viver propriamente como um casal, mas o que ele achava injusto era que o moreno deixara claro que não deixaria sua vida de "solteiro" para trás.
- Droga. O que eu faço? - Se perguntou o rapaz, livrando-se do pijama e entrando no Box, ligando o chuveiro e deixando a água morna cair por seu corpo, tentando relaxar e pensar com racionalidade. Claro que ele tinha muito mais a ganhar do que a perder, mas será que aceitar aquela proposta não seria outro erro? - Se pelo menos o moreno tivesse deixado as coisas em pratos limpos seria mais fácil.
Mais frustrado do que antes ele saiu do chuveiro se secando rapidamente, ficando surpreso ao entrar no quarto e deparar-se com o mesmo arrumado e, com uma muda de roupa que pelo que ele podia ver era do seu tamanho em cima da cama. Com um suspiro ele se vestiu com certa pressa lembrando-se novamente da conversa com Joshua.
Flashback on
- Alec, eu quero que você se case comigo.
- Casar? - Gritou Alec, no impulso do momento, vendo Joshua torcer um pouco os lábios em desagrado, provavelmente a sua reação exagerada. Tentando acalmar as batidas desenfreadas do seu coração tornou a perguntar mais calmo. - Casar? Por quê?
- Por conveniência é claro. A família Sakurai é uma das mais poderosas dessa cidade e eu como filho mais velho recebi o direito de assumir os negócios da família, mas com isso vieram as responsabilidades e uma delas é o casamento e posteriormente um herdeiro.
- Então por que eu? Você é rico e... Bonito. - Hesitou o loiro, corando. - tenho certeza que qualquer mulher ou Tal Nel da alta sociedade gostaria de casar-se com você.
- Por que não quero mudar o ritmo da minha vida. - Respondeu Joshua simplesmente. Se eu cortejasse, noivasse e depois casasse com qualquer outro alguém a minha vida seria completamente arruinada. Eu não quero um marido ou uma mulher que controle e se meta na minha vida, quero apenas alguém que...
- Represente muito bem para sua família e para sociedade. - Conclui Alec, entendendo aonde o outro queria chegar. - Você que ter um marido para as pessoas ao seu redor, não para você, quer casar mais continuar com uma vida de solteiro.
- Sim. Sabia que você era inteligente Alec. - Disse Joshua com um sorriso. - Isso resume o que eu quero muito bem. Teremos apenas que dividir a casa por um tempo e nada mais, você não terá que assumir o papel de marido entre quatro paredes e não terá que dar a luz a um herdeiro meu tudo que preciso é que a minha família pense que futuramente possamos ter um filho.
- Você vai enganá-los? - Perguntou Alec se sentindo incomodado. - Eu não acho que possa fazer parte disso.
O Sorriso que o moreno ostentava sumiu dando lugar a uma expressão séria e fria que fez o corpo do menor ficar tenso.
- Pense bem Alec. Você terá casa, comida, roupas caras e uma generosa mesada. Poderá continuar seus estudos e ter total liberdade. Não acho que você queira voltar para ruas e viver o resto dos seus dias vendendo o corpo para sobreviver.
Alec arregalou os olhos, aquilo era praticamente uma chantagem, mas Joshua tinha razão, se ele não aceitasse teria que voltar para as ruas e fazendo aquilo seu destino estaria selado.
- Ainda não te falei a melhor parte Alec, com esse casamento talvez você consiga o perdão dos seus pais que te renegaram.
Ao ouvir aquilo o loiro vacilou bruscamente. Viver na rua era horrível, mas viver sabendo que seus pais o desprezavam era pior ainda e o Sakurai tinha razão, voltando a ser respeitado na sociedade talvez ele ganhasse de volta a vida que tinha sido arrancada de suas mãos por uma decisão errada.
- Se eu aceitar quais serão os termos do casamento?
- O casamento tem que ser verdadeiro aos olhos dos outros, portanto durante um ano dividiremos a casa e quando convier o quarto e, agiremos o mais romanticamente possível quando estivermos em presença de terceiros. Você terá toda liberdade possível, mas não poderá se encontrar romanticamente com ninguém durante um ano, mas depois desse tempo você poderá ver quem quiser contanto que seja discreto. Ficaremos casados cinco anos e depois nos divorciaremos, mas você não saíra de mãos vazias. Tudo que eu comprar a partir do momento que casarmos estará no seu nome também e você terá direito a metade no divórcio além de uma generosa pensão até o dia de sua morte.
- Eu ainda não entendo por que eu. - Falou o menino de olhos arregalados. - Tenho certeza que existem outras pessoas dispostas a um casamento de conveniência benéfico como esse. Um de seus amantes por exemplo.
- Como eu disse ninguém pode saber que não é um casamento de verdade então um dos meus amantes não serviria, minha família me vigia como cães de guarda, seria fácil eles descobrirem algo desse tipo, eu preciso de alguém como você Alec, um total desconhecido na alta sociedade, mas culto e inteligente o bastante para saber como agir com as pessoas desse meio e o que aconteceu com você é perfeito para iniciarmos o meu plano.
- Como?
- Você um Tal Neo noivo, que foi expulso de casa por se entregar a outro homem. Podemos fazer os outros acreditarem que esse outro homem fui eu e ninguém desconfiará. Você também não é muito conhecido, eu frequento muitas festas e reuniões e nunca te vi o que é ainda mais perfeito, minha família não poderá reclamar da minha escolha, afinal você é um Tal Neo respeitável e de família. Pelo menos era até me conhecer. - Falou o moreno convicto com um sorriso esperto no rosto, sabendo muito bem como usar a história do loiro ao seu favor.
- O meu ex-namorado sabe a verdade.
- Duvido que ele vá falar alguma coisa afinal o relacionamento de vocês era segredo, mas se falar será a nossa palavra contra a dele e até lá já estaremos casados então...
- Eu ainda não sei Joshua... Isso parece tão... Errado.
- Pense bem Alec... Você terá um dia para pensar, espero sua resposta até ás nove horas de amanhã senão te colocarei de volta no lugar de onde te achei. - Falou Joshua severo, saindo do quarto sem dar margens para uma resposta do loiro.
Flashback off
- Um Tal Neo de família hum? - resmungou Alec saindo do quarto. Se não fosse um desses homens tudo seria diferente em sua vida. Os Tal Neo eram homens que desenvolveram a capacidade de gerar a muitos anos atrás por causa de uma explosão nuclear em uma pequena cidade chamada Naria. A radiação não matou as pessoas nem causou doenças à única coisa de anormal foi à estranha mutação nos homens. Muitos foram afetados e, aqueles que mantinham relações sexuais com homens, de uma hora para outra passaram a engravidar, causando inicialmente um pânico geral na pequena cidade. Com o tempo as coisas foram se acalmando e os homens que apresentavam a "mutação" foram estudados e foi comprovado que o causador do fato de alguns homens desenvolverem órgãos internos femininos que possibilitavam gerar foi a radiação a que foram expostos, mas nunca ninguém soube explicar o motivo e nem porque apenas alguns homens foram afetados. Esses afetados foram chamados de Tal Neo o nome da usina que provocou aquilo tudo. Eles então tiveram filhos e esses filhos, aqueles que podiam gerar vieram com uma característica diferente, alguns diziam até inumana, eles possuíam olhos vermelhos e um corpo menor e mais delicado. Assim as outras gerações de Tal Neo também possuíam a mesma característica. Hoje existia muitos Tal Neo, mas eles ainda eram julgados e considerados aberrações e Alec era um desses homens.
Perdido em pensamentos o menino levou um susto quanto trombou com alguém, indo ao chão.
- Desculpe. - Murmurou o menino para a empregada que o olhava de cima, com olhos recriminadores o fazendo se sentir mal, porém já estava acostumado a ser olhado daquele jeito, não que admitisse isso. - Você...
- Não precisa pedir desculpas aos serviçais, senhor. - Uma voz masculina interrompeu Alec, que se levantou, olhando o senhor parado no corredor que olhava de forma recriminadora para a empregada. Não sabia se agradecia ao homem pela interrupção com a empregada ou não.
- Peça desculpas ao convidado do senhor Sakurai e se retire. - Falou ríspido para a empregada que estava pálida de medo.
- D-desculpe senhor. - gaguejou a mulher de cabeça baixa se retirando rapidamente.
- Desculpe por isso senhor Alec, alguns empregados aqui não sabem o lugar deles. - Disse o homem, na casa dos 50 anos vestido em um fraque. - fui incumbido de mostrar a mansão para o senhor pelo senhor Joshua. Sou Victor o mordomo da mansão.
"Mansão"? - pensou o menino olhando ao redor, deparando-se com uma janela, arregalando os olhos com a paisagem deslumbrante das terras que pareciam não acabar mais.
- Vamos?
Alec concordou acompanhando o homem que fazia questão de mostrar cada detalhe do lugar que era gigante e majestoso. Cada cômodo mais belo e luxuoso que o outro. Com oito quartos e a mesma quantidade de banheiros todos lindos e ricamente decorados, uma majestosa sala de jantar e de estar com uma valiosíssima coleção de artes, cozinha totalmente equipada fora o imenso pátio e jardim, campo de tênis, piscina e o que na opinião de Victor era o orgulho de Joshua, a garagem repleta dos mais belos e potentes carros e motos. Alec ficou impressionado pelo que tinha visto, Joshua era ainda mais rico que seus pais, mas ao invés disso de facilitar, dificultava ainda mais a sua decisão.
- Será que posso te perguntar algo pessoal Victor? - Falou Alec escorado no murinho da varanda, olhando a paisagem deslumbrante que se perdia de vista do quintal da mansão.
- Claro senhor. - responder o mordomo.
- O Joshua trás muitas pessoas aqui? - Perguntou ele corando. Na verdade ele queria saber se o homem costumava levar seus amantes ali, mas não conseguiria perguntar diretamente.
- Não o senhor é o primeiro além da senhorita Sarah.
- Senhorita Sarah? - perguntou o loiro mais incomodado do que deveria.
- Sim, a prima do senhor Joshua. Ela sempre está por aqui. - Respondeu o homem que tinha sido ordenado pelo patrão a responder qualquer pergunta que o outro fizesse.
Alec se sentiu um pouco aliviado ao saber que o outro não levava seus amantes para aquela casa. Seria difícil viver lá se o outro a freqüentasse com seus amantes. Ele sentia vontade de perguntar se Victor sabia o que seu patrão estava querendo fazer, mas e se falasse demais? Apesar de conhecer o moreno a menos de um dia ele sabia que Joshua Sakura não era alguém para se brincar.
- Onde ele está? Onde Joshua está? - perguntou Alec vencido. Poderia ficar pensando e quebrando a cabeça pelo resto da vida que chegaria a mesma conclusão então, não ia esperar mais.
- No escritório. Gostaria que o levasse até lá?
- Sim. - Respondeu o menino decidido, com os olhos brilhando em determinação. Em instantes batia na porta do escritório de Joshua, escutando aquela voz de trovão lhe dando permissão para entrar.
- Vejo que tomou sua decisão Alec. - Disse o moreno com um sorriso, vendo o olhar determinado do rapaz.
- Sim. - rangeu os dentes Alec, se sentando em frente ao homem sem mesmo ser convidado, odiando o olhar convencido e vitorioso que o moreno ostentava. O Sakurai sabia qual seria sua resposta. - Eu aceito me casar com você.
- Ótimo. - Abriu mais o sorriso Joshua. Abrindo uma gaveta pegou uns papeis e entregou a Alec. - é o nosso contrato nupcial, mandei que fosse feito as pressas ontem mesmo, mas depois você pode ler com calma agora, vamos sair.
- Sair? - perguntou o rapaz desnorteado e aborrecido por toda segurança e certeza que o outro demonstrava enquanto ele estava tão confuso.
- Sim, temos um anel de noivado a comprar e um de casamento para escolher e é claro um jantar em comemoração. Se prepare para começar a fingir Alec.
- Já estou pronto. - Mentiu Alec se pondo de pé com um sorriso que transmitia felicidade, mas era tão falso quanto aquele casamento.
- Muito bom. Seremos uma boa dupla. - falou o Sakura enlaçando a cintura do rapaz e saindo do escritório, chamando o mordomo.
- Anuncie a todos os empregado que a partir de hoje essa casa tem um novo dono Victor. Eu e Alec nos casaremos em breve e quero que você comece os preparativos para a nossa festa de noivado que será realizada daqui a uma semana.
Alec estremeceu ao ouvir aquilo. Uma semana? Ficariam noivos em uma semana? E quanto ao casamento? Será que seria tão rápido? Ele olhou desnorteado para Joshua que não parecia nenhum pouco abalado, depois olhou para Victor notando que se o mordomo ficou surpreso não demonstrou.
- Victor, traga champanhe para comemorarmos a noticia. - Disse Joshua arrastando um desnorteado Alec até o sofá da sala se sentando junto ao rapaz.
- Algum problema amor? - perguntou Joshua, fazendo o coração de Alec bater como louco.
- Não, claro que não querido. Só estava pensando que se vamos noivar daqui a uma semana quando iremos nos casar? - Disse o menino já sentindo dificuldades de manter aquele sorriso falso, Vendo a mesma empregada que tinha esbarrado mais cedo chegar à sala com o champanhe e um sorriso sem graça no rosto corado, olhando para ele de uma forma totalmente diferente de antes. Servindo-lhes o champanhe.
- Nos casaremos assim que falarmos com seus e os meus pais e todos os papeis estiverem prontos o que deve demorar umas duas semanas.
- Duas semanas? - engasgou Alec com a bebida, olhando para o moreno que sorria feliz, recebendo os cumprimentos da empregada que lhe servia o champanhe e de mais alguns empregados que se aproximavam temerosos da sala enquanto ele pensava que sua oportunidade de fugir de Joshua Sakurai agora era inexistente, mas o que de fato lhe preocupava era que sentia que tinha alguma muito errada naquela história.

Novamente ele não havia seguido seus instintos e temia acabar se arrependendo daquela decisão precipitada, mas agora já não tinha opção.
- Que a farsa comece. - murmurou o garoto sorrindo ainda mais falsamente ao receber os cumprimentos dos empregados, vendo os olhos negros brilharem em concordância, diversão e em algo bem mais sério e perigoso que ele não sabia e nem queria identificar. Definitivamente a farsa tinha começado.

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