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Meredith Grey:
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A noite, sim, estava fria, mas quase que sub-repticiamente me aqueci com a miragem do fundinho escuro em seus olhos verdes.

Assim como perfeitamente imaginado nos momentos anteriores, agora eu estava confortavelmente em minha cama, comendo deliciosos Donuts de chocolate — ganhados por uma tarefa nada legal. Enquanto comia aquelas coisinhas fofas e açucaradas de tanto recheio, sentia certo retrocesso interior como breve incidência de culpa. Mas, ainda assim, não foi nada que me incapacitou de dar espaço ao prazer de sentir o doce em minha boca.

Depois de comer, escovei os dentes e fui dormir. Ou tentar, já que minha mente começou a me fazer o favor de se desdobrar numa imensidão de pensamentos que permeavam olhos verdes, cabelo ruivo e face austera. Mas não foi tão difícil dissociar-me de toda aquela babaquice e pegar no sono definitivamente.

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Eu amo sábados. Acho que são os melhores dias de todos, mesmo. Para mim, é o dia em que até mesmo o sol brilha com mais vigor, e o canto dos pássaros em minha janela é de uma nítida melodia doce. Lindo... Lindo.

Acordei em plena festa, pulei da cama como se estivesse pronta para enfrentar qualquer desafio, então, tomei um banho tão demorado que poderia facilmente ter me transformado em peixe. Só então percebi que ainda faltavam quarenta minutos para meu horário de trabalho. Mas não foi de todo ruim, aproveitei a deixa para arrumar meu quarto que estava de uma completa desordem — parecendo mais um chiqueiro inabitável por um ser humano. Sou como um pertinente ímã para bagunça, então não tenho tanta culpa disso.  Após demorar exatamente o tempo que me era permitido na arrumação, desci as poucas escadinhas do meu "prédio" — de mínimos três andares — até a rua.

Como eu tinha, precisamente, dez minutos para chegar ao trabalho, e a loja são dois quarteirões depois de minha casa, pude comprar café para Isobel e eu — ontem ela quem comprou, hoje seria meu dia. Revezamos sempre.

Depois de sair do café — que não é tão bom quanto o de Bailey, mas razoável — voltei às ruas em despreocupados passos, cumprimentando todos os que eu via e reconhecia apenas pelo jeito de andar. Este é o bom aspecto de morar em bairros pequenos, conheço todos, e todos te conhecem. Aqui, em Fremont, o centro do universo de Seattle, sou conhecida como "Sunny", a garota da loja de flores com um sol 'na frente' — e é exatamente dessa maneira categórica com que se referem à loja comercial em que trabalho.

Ao passo que piso no estacionamento da loja, encontro minha coisa favorita ao lado externo: o fusca amarelo com flores à mostra em sua porta dianteira, que enfeita a entrada e é um chamativo para clientes apaixonados por plantas. Ando até a pequena escada de madeira, três degraus depois, e a travessia à enorme porta e vidro, estou definitivamente dentro da Indoor Sun Shopee.

De antemão, suspiro em quase embriaguez, o concentrado cheiro de terra molhada, começando a sentir meus passos tornarem-se tão aprazíveis como se eu estivesse andando sobre nuvens de algodão. Entrar aqui causa esse efeito em mim — e, muito provavelmente, nas outras pessoas também.

O irrigador automático está ligado, jorrando água nas mais variadas plantas da loja, enquanto as folhas e pétalas das flores servem como escorregador para as gotinhas cristalinas e impermeáveis.

— Bom dia, Sunny — apenas ouço a voz, mas é o suficiente para que eu saiba a origem de toda a delicadeza: George.

E, logo menos, ele se desvaira por detrás das folhas das belíssimas "costelas de Adão", revelando seu baixo corpo. Ele é nosso botânico, faz visitas mensais que nos ajudam a manter e regular a saúde do viveiro e suas queridinhas atrações. Eu havia me esquecido que hoje se tratava de um de seus dias.

Confidences And Flowers ° • . ❀ - 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑙𝑢𝑖́𝑑𝑎.Onde histórias criam vida. Descubra agora