Anastasia
Um peso sobre o meu peito me desperta. Minha respiração está difícil e rasa, meus músculos doloridos do esforço extra ainda numa hora tão atoa como essa.
Abro meus olhos e uma cabeça de cabelos escuros tapa grande parte da minha visão. Christian se mexe e suspira tranquilo, me apertando dolorosamente nos seus braços.
Bastardo estúpido.
Ele não só me obrigou a dividir a cama, agora também vou ser reduzida a travesseiro?
Isso não, querido.
Uso de toda a força que posso ter às seis e meia da manhã e o empurro para o outro lado da cama. Ele resmunga mas não acorda, graças a Deus.
Estreito meus olhos para ele e tenho vontade de bater na sua cara sonolenta, mas decido que um banho será melhor que perder meu tempo com o meu marido idiota.
Chuto os lençóis para longe e caminho para o closet, pegando uma roupa qualquer e caminho para fora do quarto dele, me aventurando pelo corredor suavemente iluminado.
O quarto que eu anteriormente ocupava está organizado e mórbido, não muito diferente do resto desse apartamento.
Jogo minha roupa em cima da cama e vou para o banheiro, abrindo o chuveiro na temperatura mais quente que minha pele é capaz de suportar. Vapor rapidamente toma conta de tudo e me permito relaxar por alguns instantes.
Hoje o dia não será fácil.
Temos uma reunião de equipe logo pela manhã para começarmos a preparação para a coleção de final de ano. Pretendemos trabalhar com a imagem do nosso casamento até em meados do outono quando começaremos o marketing de natal.
É definitivamente a época do ano que eu mais odeio.
Trabalho como uma condenada. Entro e saio de reuniões, tenho que supervisionar sessões de foto, preciso lidar com entrevistas em revistas e programas de moda.
E esse ano ainda tem mais um ponto a ser destrinchando e discutido à exaustão.
Maldita hora que decidi ser a amiga compreensiva.
Meia hora depois, já devidamente vestida no meu terninho preto e body rendado da mesma cor, volto para o quarto atrás da minha maquiagem e babyliss.
Christian está acordando quando entro. Ele coça os olhos e sorri para mim como se fosse a coisa mais natural do mundo.
— Bom dia, esposa. — faço uma careta e atravesso o quarto atrás do que preciso.
— É Anastasia para você. — ele revira os olhos e afasta os lençóis, se exibindo como um modelo fotográfico usando a sua melhor Calvin Klein branca.
— Acordou de mal humor?
— Não existe possibilidade de acordar bem humorada com você, Christian. — coloco meus utensílios em cima da cama e vou atrás da minha sandália preta de pêlo de ovelha.
— Se você tivesse deixado eu te ajudar ontem à noite teria acordado muito mais feliz hoje. — ele grita do quarto e dá uma risadinha.
Ele sempre foi um idiota e só eu não via?
— Eu prefiro virar freira do que deixar você me tocar. — rosno sem paciência e volto para o quarto. — Só não se esqueça do nosso combinado. Se me fizer de trouxa isso vai te custar caro.
— Em que momento nós deixamos de ser amigos e passamos a tratar um ao outro com tanta animosidade?
— No momento em que eu descobri que o amigo maravilhoso que eu idealizei não existe. Só existe esse Christian aí, egoísta e prepotente.