Anastasia
Christian ri sem humor e começa a andar em círculos pelo quarto.
Assumo uma postura mais segura, me desfazendo da imagem de derrota que com certeza estampa o meu rosto e cruzo os braços, esperando sua resposta.
A dor da traição é maior do que o medo das ameaças da Elena.
Christian desonrou a nossa amizade da forma mais baixa possível. Quebrou o nosso pacto de amigos para sempre que fizemos anos atrás como se não fosse nada e ainda tem a cara de pau de parecer ofendido com a minha pergunta.
Bem, ele pode ir à merda.
— E então, Christian?
— Você acha mesmo que destruí a nossa amizade? É isso que se passa pela sua cabeça, Anastasia? — dou de ombros.
— Sinceramente sim. Eu sempre fui sincera com você em relação a tudo o que se passava na minha vida, esperava o mesmo de você.
— Tem certeza disso, Anastasia? Você sempre foi sincera comigo? — arqueio uma sobrancelha para ele e Christian ri sem humor. — Eu não estou cem por cento certo disso. Você não me contou que só me convidou para o seu baile de formatura porque tomou um bolo de David Cooper. Também não me contou que perdeu a virgindade com o capitão do time de futebol e que ele te chutou logo em seguida como se não fosse nada. Você não me contou que tinha largado a faculdade de jornalismo para cursar designer. Se a minha amizade não é sincera então a sua também não é.
— Eu nunca escondi um noivado de você, Christian. — me levanto num pulo e caminho até ele, batendo no seu ombro. — Você sempre foi o primeiro a saber de todos os meus relacionamentos sérios, antes mesmo dos meus pais.
— Sim, e eu odiei cada um deles. Torci todos os dias para acabarem rápido com a esperança de que quem sabe assim você olhasse para mim de outra forma. Eu te amo desde que entendo o que é isso, Anastasia.
— Mentindo e manipulando? Bonita forma de amar você tem, Christian. — respondo com um sorriso sarcástico.
Ele aperta as mãos em punhos e me olha com uma raiva palpável.
— Eu fiz muita merda sim, Anastasia, não nego. E eu me arrependo amargamente de cada uma delas. Você pode duvidar se quiser, eu não ligo, só não permito que duvide dos meus sentimentos em relação a você. Eu fui a primeira pessoa a te segurar nos braços antes mesmo do seu pai. No dia que você nasceu o vovô George me fez prometer que eu cuidaria de você como um irmão mais velho e eu concordei. Eu te vi crescer, Anastasia, estive sempre perto mas entrei em desespero quando me descobri apaixonado por você.
— Jura? E desesperado por quê? — limpo minhas lágrimas cruzo os braços novamente. — Era só você ter me dito o que sentia.
— Porque você tinha sete anos, Anastasia. Éramos duas crianças de sete e quatorze anos, não sabíamos nada da vida ainda mas eu já sabia que seria capaz de qualquer coisa para ter você para mim um dia. — Christian explode, gritando alto e jogando as mãos para o alto.
Eu fico sem reação.
Christian agarra o encosto de uma das poltronas e chora baixinho, seus soluços partindo meu coração.
