Christian
Meses depois...
— O karma é uma cadela. — Anastasia resmunga enquanto se contorce no sofá e respira fundo.
— Por que diz isso? — eu rio e coloco uma garrafinha de água nas mãos dela, ignorando os olhos estreitos que ela direciona a mim.
— Falei tanto da Leila, ri tanto dela e olha só onde eu fui parar. — ela faz uma careta enquanto toma longo gole.
Anastasia está com quase nove meses de gestação.
Phoebe pode nascer a qualquer momento e a recomendação do nosso médico eram que ela ficasse o máximo possível em casa já que Anastasia optou pelo parto normal, mas ficar quieta é uma tarefa difícil demais e ela continua vindo para a empresa como se não estivesse a ponto de dar a luz na frente de todos os empregados.
Até mesmo já percebi alguns deles olhando para ela em pânico dentro do elevador.
— Você deveria estar em casa. — eu repito a frase que já é tão comum sair da minha boca nas últimas quatro semanas e Anastasia revira os olhos teatralmente.
— Você fala isso o tempo todo, já encheu o saco.
Arqueio uma sobrancelha para ela mas a minha Cerejinha dá de ombros como se não fosse nada e puxa o celular da bolsa, me ignorando totalmente.
Nós trabalhamos no mesmo escritório agora.
Diante da teimosia dela de continuar vindo para a empresa eu aceitei com a condição de que nós dividiríamos a mesma sala. Anastasia não gostou no início mas acabou cedendo quando percebeu que eu não voltaria atrás.
A família inteira tentou convencê-la e ficar mais quieta.
Vovô George até prometeu atrasar as novas coleções até ela poder voltar a ativa depois do parto mas Anastasia foi categórica em afirmar que vai trabalhar até dar a luz.
Perrengues de ser casado com uma mulher de personalidade.
A nossa vida como casal também tem sido tranquila e gostosa, assim como a gravidez.
Depois de toda a merda com a Elena nós tiramos algum tempo para nós dois.
Saímos da cidade sem avisar para ninguém, só jogamos algumas malas no carro e saímos como dois adolescentes rebeldes.
Quando Anastasia completou seis meses de gestação houve um julgamento e Elena foi condenada a continuar internada por tempo indeterminado.
Segundo o grupo de psiquiatras que a atenderam ela não é uma pessoa normal e representa grande risco para as pessoas próximas, principalmente depois dela ter roubado uma seringa de uma das enfermeiras e ter ameaçado enfiá-la no pescoço.
Roger até chegou a vir atrás do meu pai e do meu sogro em busca de ajuda, mas o conteúdo da conversa nós não ficamos sabendo.
Anastasia e eu decidimos nos afastar completamente desse assunto.
Entregamos tudo relacionado a Elena Lincoln na mãos dos nossos advogados em troca de alguma paz de espírito.
Nós fizemos uma única exigência; ela precisa estar longe e nós seguros.
— Christian? — pisco e volto a minha atenção para a minha esposa. — Tudo bem? Ficou distante de repente.
Eu suspiro e assinto, saindo da minha cadeira e caminhando até ela. Anastasia coloca o celular de lado e me dá um espaço ao lado dela no sofá, me olhando com atenção.