Capítulo 29

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Anastasia

O teto todo branco é a primeira coisa que vejo quando abro meus olhos.

A próxima coisa que consigo sentir é o cheiro forte de álcool e antisséptico. Meu estômago revira na hora e um gosto amargo vem a boca.

— Ana? — ouço uma voz chorosa à minha direita e viro a cabeça para o som.

Leila se levanta da poltrona num salto e corre até mim com lágrimas nos olhos mas também com a sombra de um sorriso nos lábios.

— Oi, Leila. Por que me trouxeram para o hospital? — ela funga e se senta na beirada da cama, puxando minha mão para o seu colo num aperto suave.

— Você ficou nervosa com toda a situação e acabou desmaiando. Preferimos trazer você para cá e garantir que estava tudo bem.

Toda situação?

Franzo as sobrancelhas para ela, minha cabeça confusa.

De que merda ela está falando?

A névoa nublando as minhas ideias finalmente vai dissipando e os acontecimentos vêm à tona novamente.

Elena.

Christian.

Tiro.

Aquela desgraçada atirou no meu marido.

— Leila, pelo amor de Deus, cadê o Christian? — eu grito histérica e as máquinas ao lado da cama começam a apitar loucamente.

Ela se desespera e se afasta de mim, apertando repetidamente um botão sobre o criado mudo.

— Ana, eu preciso que você fique calma. Eu vou explicar tudo mas só quando você se acalmar.

Ela pode ir para o inferno com a calma dela.

Balanço a cabeça negativamente e puxo o oxímetro do dedo, jogando-o sobre os lençóis antes de arrancar dois fios presos no meu peito.

A porta do quarto se abre num baque e meu pai passa por ela no momento em que estou tentando tirar o acesso do meu braço.

Ele segura as minhas mãos e me olha apavorado, murmurando dezenas de palavras que não faço questão de prestas atenção.

Um outro homem de jaleco branco entra logo atrás com uma seringa na mão e o aperto do meu pai sobre mim fica mais forte.

Eu grito e me debato tentando fugir para longe deles, mas sinto uma picada e meu corpo relaxa quase instantâneamente.

E tudo volta a ficar escuro novamente.

◕ ◕ ◕

Ainda me sinto mole e instável quando acordo novamente.

Olho através da janela e vejo os pingos de chuva baterem sutilmente no vidro.

Levanto a minha mão com um pouco de dificuldade e acaricio a minha barriga enquanto lágrimas silenciosas molham o meu travesseiro.

Dói saber que a minha filha só vai conhecer o pai através de fotos e das histórias que vou contar para ela.

Dói imaginar que ela nunca vai sentir o carinho dele, que não vai adormecer no peito forte do papai e acordar com ele sorrindo e cantando.

E dói mais ainda lembrar que nós nem mesmo tivemos tempo.

Passamos tanto tempo fugindo do que realmente sentíamos um pelo outro. Foram tantos anos negando os nossos sentimentos e quando finalmente decidimos parar de lutar contra o inevitável uma desgraçada veio e acabou com tudo.

My Perfect BrideOnde histórias criam vida. Descubra agora