Christian
Dor.
E tristeza.
Em meio ao turbilhão de sentimentos que experimentei desde que me casei com Anastasia Steele, a garota que sou apaixonado desde que me entendo por gente, essas são as mais destrutivas.
Eu pensei que daria certo, que nós poderíamos funcionar juntos mas a única coisa que eu fiz foi colocá-la em perigo e ser a maior decepção da vida dela.
Anastasia merece ser feliz, mas não sou eu que vou proporcionar isso a ela.
Lembro de ler uma vez num livro que a maior prova de amor que alguém pode dar à outra parte é reconhecer seus erros e se afastar quando as coisas terminam em merda.
Doloroso, eu sei. Mas também necessário.
Respiro fundo e começo a tirar as minhas roupas do closet, jogando-as dentro da mala aberta no chão. Os soluções de Anastasia no quarto deixam meu coração apertado, mas vai ser melhor assim.
Pode doer por um tempo, mas mais rápido do que ela imagina já estará feliz novamente, curtindo a vida, sorrindo para todos e enchendo o mundo com suas piadas horríveis.
Limpo meus olhos e acabo de enfiar o possível dentro da mala, o restante peço para Elliot ou Mia buscarem depois. Ainda não sei se Anastasia vai querer continuar morando aqui ou se vai voltar para o antigo apartamento, mas no momento não quero perturbá-la com isso.
Ela precisa de espaço e eu também.
Fecho o zíper e saio do closet, puxando a mala junto comigo.
Anastasia não está mais no quarto, só uma infinidade de lenços de papel sobre o colchão.
Olho uma última vez para o quarto que dividimos por pouco tempo, mas que me renderam lembranças que nunca esquecerei.
Pelo menos levarei comigo a recordação de momentos felizes.
Saio para o corredor e é impossível não reparar na repetição da cena como um filme de comédia de baixa qualidade. A única diferença é que daquela vez que Anastasia quis me deixar eu consegui convencê-la a ficar e lutar por nós.
Agora é um caminho sem volta.
O nosso próximo passo é uma corte judicial junto dos nossos advogados para assinar os papéis do divórcio.
Caminho até a sala e pego as chaves do meu carro da tijela sobre o aparador. Uma chuva forte começa lá fora, relâmpagos e trovões cortando o céu.
— Christian, espera. — paro ao ouvir a voz chorosa da Ana e me viro para olhá-la.
Anastasia sai da cozinha e me encara pelo o que parece uma eternidade até suspirar e correr até mim, envolvendo os braços ao redor do meu pescoço e me abraçando com força.
Largo tudo e a seguro contra mim, enterrando meu nariz no seu cabelo cheiroso. Ela me aperta mais forte e chora, soluços altos e sofridos sacudindo seu corpo.
Levanto Anastasia no meu colo e a carrego para o sofá. Ela de agarra como se a vida dependesse disso e me sento, puxando o corpo dela para o mais próximo possível do meu.
Anastasia continua chorando pelo o que parece uma eternidade mas finalmente vai se acalmando e seus soluços se tornam fungadas sutis.
Ela empurra o meu peito e se afasta um pouco, usando a manga do moletom para limpar os olhos. Jogo seu cabelo para as costas e acaricio o rosto avermelhado com carinho.