Prólogo

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No sonho, há tristeza. Sinto isso acima de tudo, uma tristeza horrível que me sufoca, turva minha visão e faz meus pés pesarem como chumbo enquanto caminho sobre a grama alta. Estou subindo uma ladeira suave em meio ao bosque de pinheiros. Não é mais a encosta da minha visão, com o incêndio florestal, nem lugar nenhum que eu já tenha visto. É algo novo. O céu exibe um azul puro e sem nuvens. O sol brilha. Passarinhos cantam. Uma brisa morna agita as árvores.

Um Asa-Negra deve estar por perto, realmente perto, se a tristeza avassaladora me serve como indicação. Olho ao redor. É quando vejo meu irmão andando ao meu lado. Ele está usando um terno, com camisa social cinza-escura, sapatos reluzentes e uma gravata com listras prateadas. Olha direto para a frente, de queixo levantado, com ar de determinação, fúria ou algo que não consigo identificar.

– Jeffrey – murmuro.

Sem olhar para mim, ele diz.

– Vamos acabar logo com isso.

Eu gostaria de saber o que "isso" significa.

De repente, alguém segura minha mão. É um contato familiar, o calor dos dedos finos, mas masculinos, que envolvem os meus. Como os de um cirurgião, foi o que pensei certa vez. É a mão de Christian. Fico sobressaltada. Eu não deveria deixa-lo segurar minha mão, não agora, não depois de tudo o que aconteceu, mas não retiro a mão. Olho para seu rosto, seus graves olhos verdes salpicados de ouro. Por um instante a tristeza diminui.
Você vai conseguir, sussurra ele em minha mente.

Sobrenatural 2 - Solo ConsagradoOnde histórias criam vida. Descubra agora