Ano passado quando a neve derreteu, foi ótimo para colocarmos nossos casacos de inverno, respirar o cheiro da terra nova, e sentir que o primeiro sinal de calor estava retornando para o vale. Mas nesse ano, a visão da neve derretida escorrendo do telhado, os brotos minúsculos que empurram para cima e para fora dos canteiros de flores, folhas verdes desenrolando dos álamos, tudo isso me enche de pavor. É primavera. Entre hoje e o verão, minha mãe vai nos deixar.
No último sonho eu estava no cemitério, subindo a encosta entre as sepulturas em um dia ensolarado. Olhando as pessoas ao meu redor, sei que é em grande parte composta por pessoas de uma congregação mutilada. Walter está segurando um lenço. Billy, que não parece estar triste, mas no mínimo alegre sorri para mim, quando eu encontro seus olhos. Sr. Phibbs está com um casaco de tweed cinza esporte. E tinha outras pessoas que eu não conheço. Sangues-de-anjos de outras partes do mundo, pessoas com quem minha mãe viveu e trabalhou durante seus cento e vinte anos na terra.
Parece tão obvio agora que se tratava de mamãe.
Porque eu não pude ver isso desde o começo?
A resposta é simples: Porque Tucker nunca aparece. Nunca. Em nenhuma das visões.
Não foi dessa vez, tampouco. Eu tentei ignorar meu crescente senso de traição não poderia haver nenhuma razão possível que seja boa o suficiente para ele não estar lá no funeral de minha mãe. Ele não está morrendo, o que é um enorme alívio. Mais ele não estava lá.
Se ao menos houvesse algo que esta visão estivesse me dizendo para fazer, uma ação a tomar, algum senso de perdão do trocadilho-propósito em tudo isso, uma maneira de treinar, planejar e preparar o caminho.
Eu fui para o incêndio florestal. Mais esse sonho não parece estar me dizendo para fazer algo, mas sim para me preparar para a maior perda da minha vida.
Eu me sinto como um bicho esperando o enorme sapato de Deus, e tudo que esse sonho está me dizendo, tudo o que ele está me levando e me mostrando é para ficar lá e esperar para ser triturada.
Se um dia eu encontrar Deus, da maneira como minha mãe fala sobre ele. Ele terá uma série de explicações para dar, é tudo que eu estou dizendo. Porque ele apenas não se senta e diz o que eu tenho que fazer.
Nesse sonho, chegamos a um lugar perto do topo da colina, onde todo mundo para. Eu ando como se estivesse embaixo d'água, colocando um pé lentamente em frente ao outro. As pessoas me deixaram passar, algo começa a se congelar dentro de mim. Eu paro de respirar como se fosse para dar a despedida final, eu penso: eu não quero ver.
Mas eu vejo, e nada poderia ter me preparado para a visão do caixão da minha mãe, em um rico e reluzente caixão de mogno, coberto com uma massa de rosas brancas. Tenho um estranho pensamento neste momento. Eu não posso dizer se sou eu ou a Clara do futuro, mas eu acho, será que mamãe escolheu um caixão para si mesma? Isso é tão ela. Eu a imagino em uma loja, passeando em torno de uma exposição de caixões, do jeito que ela faz com o mobiliário antigo, finalmente olhando por cima do vendedor e apontando para um e dizendo "Eu vou levar esse".
Minha visão ficou nublada. Eu balanço sob meus pés. As mãos de Christian abruptamente deixam as minhas. Ele dá um passo para mais perto de mim envolvendo minha cintura com o braço e me estabilizando. Com a outra mão, a direita desta vez, ele retorna para a minha. Ele a aperta brevemente.
Você precisa se sentar? Ele pergunta gentilmente em minha mente.
Não, Eu respondo. E minha visão apaga. Eu olho para Jeffrey, que está olhando para o caixão com tanta intensidade, que eu acho que ele poderia explodir em chamas, com os punhos fechados em seus lados.
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Sobrenatural 2 - Solo Consagrado
FantasyDurante meses, Clara Gardner havia treinado para lidar com o grande incêndio que aparecia em sua visões. Ela só não estava preparada para a escolha que teria de fazer no momento em que tudo veio a acontecer... No final das contas, Clara acabou desco...