Encontrem um sonho para mim

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- Clara, você ainda está aqui?

Mamãe me cutuca no ombro. Pestanejo durante alguns segundos e depois sorrio para a Sra. Baxter, a orientadora educacional. Ela me retribui o sorriso.

- Então, o que você acha? - pergunta ela. - Você tem alguma ideia do rumo que deseja seguir, alguma visão do seu futuro?

Meus olhos relanceiam mamãe. Ah, sim, eu tenho visões.

- A senhora está falando de uma faculdade? - pergunto a Sra. Baxter.

- Bem, sim, a educação é grande parte disso, e nós encorajamos todos os nossos alunos a ingressar em uma faculdade, é claro, ainda mais uma garota inteligente e visivelmente talentosa como você. Mas todo mundo tem seu próprio caminho, que pode envolver ou não uma faculdade.

Olho para minhas mãos.

- Eu realmente não sei o que quero fazer, do que se refere a uma carreira.

Ela meneia a cabeça de forma encorajadora, mas um tanto exagerada.

- Está muito bem. Muitos alunos não sabem, a esta altura. Você já procurou alguma coisa, já visitou faculdades ou pesquisou website de universidades?

- Não muito.

Nem uma vez.

- Acho que aqui pode ser um bom lugar para começar - diz a Sra. Baxter. - Porque você não dá uma olhada nos folhetos que eu preguei no lado de fora? Depois você pode relacionar cinco faculdades que a atraíram e dizer porque. Eu posso ajudar você a fazer seus requerimentos.

- Muito obrigada.

Mamãe se levanta e aperta a mão da Sra. Baxter.

- A senhora tem uma jovem muito especial - diz a Sra. Baxter. Tento não revirar os olhos. - Eu sei que ela ainda vai fazer alguma coisa notável na vida.

Balanço a cabeça desajeitadamente. Depois saímos da sala.

- Ela tem razão, apesar dos clichês - diz mamãe, enquanto caminhamos no estacionamento. - Você ainda vai fazer coisas notáveis.

- Claro - respondo.

Eu gostaria de acreditar nela, mas não acredito. Tudo o que vejo quando analiso minha vida atualmente é um propósito gorado e um futuro, não muito distante, em que alguém importante para mim vai morrer.

- Quer dirigir? - perguntou, para mudar de assunto.

- Não, vá em frente.

Ela remexe na bolsa e pega seus óculos escuros de estilo Audrey Hepburn, os quais, juntamente com a echarpe que ela enrolou na cabeça e sua capa de gabardine, faz com que pareça uma estrela de cinema.

- Então, o que está acontecendo? - perguntou ela. - Sinto que alguma coisa está perturbando você, e não tem nada a ver com faculdades. Tudo vai se resolver Clara, não se preocupe.

Eu detesto quando ela diz para eu não me preocupar. Geralmente quando tenho uma razão muito boa para ficar preocupada. E parece que me preocupar é tudo que posso fazer no momento: me preocupar com a identidade do ocupante do túmulo ao qual estou me dirigindo; me preocupar com a perspectiva de que esta pessoa, seja quem for, tenha morrido devido algo que fiz o deverei fazer: me preocupar com possibilidade dos ataques de tristeza que tenho sofrido nos últimos dias significarem que Samjaza está à espreita, aguardando o momento ideal para matar alguém que eu amo.

Sobrenatural 2 - Solo ConsagradoOnde histórias criam vida. Descubra agora