Mais cinco minutos, pessoal.
Aula de Governança. Eu estava assistindo Tucker fazer uma prova sobre a Constituição dos EUA. Que eu terminei há quinze minutos atrás, então, estou sentada assistindo enquanto ele inclina sobre o trabalho, se encolhe, para pra bater seu lápis num ritmo maluco na mesa, como se aquilo estimulasse sua memória. As coisas claramente não estão indo bem.
Em qualquer outra época eu o acharia adorável assim todo frustrado e franzido de concentração.
Mas tudo que eu consigo pensar é isso: Quem se importa com a estúpida prova de governança. Você vai morrer. E é por minha culpa, de alguma maneira.
Para. Para de pensar isso. Você não tem certeza.
Mas parece que eu sei. A conclusão que eu cheguei é que Tucker estava pra morrer no incêndio. Se eu não tivesse abandonado meu propósito, se eu não tivesse voado para salvá-lo, ele teria morrido lá na mata acima de Palisades. Aquele era seu destino. Era pra eu escolher Christian. Era pra Tucker morrer. Agora, com esse novo sonho, parece que a mesma coisa acontece de novo. Christian e eu andando na floresta de novo. Tucker morto.
Só que desta vez não era não é uma decisão difícil que eu tenho que fazer. Desta vez eu irei agonizar meses com ela.
E aqui está a outra conclusão que cheguei: não importa quanto tempo estou pensando sobre isso. Eu ainda escolherei Tucker. Eu não me importo se isso estragar meu propósito.
Eu não vou deixá-lo morrer.
O problema é que eu não sei como vai acontecer. Então, não sei como parar isso.
É como aquele filme Premonição onde aquelas pessoas tinham que morrer numa batida de avião, mas eles saem da aeronave e a Morte vem caçá-los.
Um-por-um. Porque era para eles morrerem. Eu tenho pensado nas mais loucas possibilidades, como:
a) Tucker se mete em um acidente de carro;
b) Ele engasga com um pedaço de carne no jantar;
c) Ele é atingido por um raio, porque nunca, nunca para de chover;
d) Ele escorrega e cai no chuveiro e se afoga,
e) A casa dele é pega por um meteoro. Mas o que eu posso fazer a respeito? Eu não consigo estar com ele todo o tempo. Eu andei tão fora de mim que eu alguma vezes me esgueirava até a casa dele no meio da noite para vigiá-lo enquanto ele dormia, apenas no caso, eu não sei, se sua coleção de quadrinhos decidisse entrar em combustão espontaneamente.
Isso era idiota e horripilante de uma forma meio Edward Cullen, mas foi a única coisa que eu poderia pensar em fazer. Graças a Deus que ele não está mais no rodeio, já que eu não acho que eu poderia suportar vê-lo tentar montar um touro agora.
Então, eu encarreguei a mim mesma de ser sua guadiã. Eu também o peguei de carro todos os dias dessa semana e o levei pra escola dirigindo tão devagar que ele começou a me provocar dizendo que eu dirigia como uma vovozinha. Ele percebeu, é claro, que alguma coisa está errada. Nada passa despercebido por Tucker. Além disso, eu não estou sendo muito sutil e meio desastrada sobre essa coisa de namorado-destinado-a-morrer.
Essa manhã, por exemplo. Nós estávamos sentados no refeitório durante o recreio da manhã e com todo seu barulho. De repente, um estalo do outro lado do refeitório e eu não pude evitar o que aconteceu. Eu fui rápida, muito rápida, mas tão rápida que minha mãe ia surtar se tivesse visto, e me coloquei entre o barulho e Tucker. Então eu fiquei ali parada esperando com as mãos pra baixo e fechadas, até que eu escutei uns garotos rindo para o idiota que tinha uma lata da refrigerante amassada sob seu pé - uma lata de refrigerante! - e todo mundo no seu grupou estava lhe dando os parabéns por sua espetacular habilidade de fazer barulho.
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Sobrenatural 2 - Solo Consagrado
FantasyDurante meses, Clara Gardner havia treinado para lidar com o grande incêndio que aparecia em sua visões. Ela só não estava preparada para a escolha que teria de fazer no momento em que tudo veio a acontecer... No final das contas, Clara acabou desco...